Covid-19: isolamento afeta 89% dos pequenos negócios, diz Sebrae
Pesquisa foi feita com 9.105 microempreendedores entre 20 e 23 de março
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Publicado em:03/04/2020 às 16:10
Atualizado em:03/04/2020 às 16:10
Uma pesquisa realizada pelo Sebrae identificou que 89% dos pequenos negócios sofreram queda no faturamento devido às medidas de isolamento adotadas como prevenção durante a pandemia do Coronavírus.
As medidas de restrição ao deslocamento de pessoas já fizeram com que 42% dos empresários tomassem a decisão de fechar temporariamente o negócio e levou 26% a reduzir a jornada de trabalho da empresa.
O estudo, realizado entre os dias 20 e 23 de março, com 9.105 donos de pequenos negócios, revelou que, na média, a redução do faturamento das empresas foi de 69%. Dos empreendedores entrevistados, 36% afirmam que precisarão fechar o negócio permanentemente, em um mês, caso as restrições adotadas até agora permaneçam por mais tempo.
Na tentativa de minimizar os impactos do isolamento no rendimento, alguns empresários adotaram a estratégia de venda online. No entanto, o faturamento anual do negócio sofreria uma queda de 74%, caso as políticas de isolamento social sejam mantidas por um período de dois meses.
Com a queda nas vendas, 54% do empreendedores entrevistados pelo Sebrae já preveem que precisarão solicitar empréstimos para manter o negócio em funcionamento sem gerar demissões. Da mesma forma e, avaliando as perspectivas da economia brasileira, 33% dos empresários entrevistados acreditam que o país deve levar um ano ou mais para voltar ao normal.
O presidente do Sebrae, Carlos Melles, ressalta a importância e a urgência de medidas de socorro aos pequenos negócios.
"As pequenas empresas representam 99% de todos os empreendimentos do país e geram mais da metade dos empregos formais. A situação provocada pela pandemia exige de todos os agentes públicos o compromisso pela busca de soluções concretas e rápidas para os problemas que essas empresas estão enfrentando no dia a dia da crise", destaca.
Donos de bares usam a criatividade para driblar a queda nas vendas
Alguns empresários têm se reinventado e apostado na criatividade para reduzir as perdas. Os donos de bares, por exemplo, apostam em venda de vouchers durante os dias de quarentena. O objetivo principal é obter fluxo de caixa e manter aquecido o relacionamento com o cliente.
Cesar de Ranieri, proprietário do pub Kia Ora, bar localizado no bairro do Itaim Bibi em São Paulo, é um dos empreendedores que adotou a estratégia da venda de vouchers para seus clientes. A proposta é vender aos seus clientes um voucher de R$ 50, que será convertido em R$ 100 de consumação, assim que a casa reabrir.
"Nos pareceu interessante realizar a venda dos vouchers para gerarmos uma receita e, ao mesmo tempo, estimular o nosso cliente, que também está sofrendo com toda essa situação", relata.
Além de reforçar a ação com voucher, a analista de Alimentos e Bebidas da Unidade de Competitividade do Sebrae Nacional, Mayra Monteiro Viana, destaca que a interação com o cliente é fundamental em um momento como esse e dá dicas de como promover essa aproximação.
"É comum que os consumidores já sigam seus bares preferidos nas redes sociais. Para manter o consumidor engajado, os bares podem realizar postagens de dicas de elaboração de drinks dentro de casa, harmonização com comidas e até mesmo lives de shows em parceria com artistas locais. Essa é uma nova forma de entretenimento, que manterá o cliente por perto.", explica a especialista.
O Sebrae dá algumas dicas para os comerciantes que desejarem implementar a venda de voucher durante a pandemia do Coronavírus. Confira!
Escolha quais serviços serão oferecidos para a venda antecipada e quais as condições, incluindo a eventual necessidade de cancelamento;
Defina qual será a vantagem para o cliente na compra antecipada. Exemplos: valor promocional de consumação, brinde personalizado com a marca ou produto/serviço preferencial;
Defina quais os meios de pagamentos disponíveis;
Organize muito bem a planilha das vendas antecipadas, deixando essa lista disponível e atualizada para todos os envolvidos. Transparência é fundamental;
Já existem aplicativos que organizam esse serviço, busque pela melhor opção. Alguns meios de pagamento também já oferecem essa alternativa;
Divulgue a venda antecipada primeiro aos clientes mais fiéis e depois ao mercado em geral. Isso gera a sensação de proximidade e de preferência;
Use as redes sociais para venda antecipada: Whatsapp, TikTok, Instagram, Facebook; e
Em todas essas alternativas anteriores, é fundamental que todo o planejamento da venda antecipada seja debatida e definida junto à equipe. O engajamento dos parceiros é fundamental.