Crise Covid-19: 60% dos pequenos negócios têm crédito negado
Pesquisa reúne dados sobre os principais impactos da crise nesses empreendimentos
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Publicado em:13/04/2020 às 13:15
Atualizado em:13/04/2020 às 13:15
No início deste mês, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) realizou uma nova pesquisa sobre os impactos da pandemia do novo Coronavírus nos pequenos negócios brasileiros. Os dados foram coletados entre os dias 3 e 7 de abril.
Foram ouvidos 6.080 empreendedores de todo o país. As respostas demonstraram que os pequenos negócios já vem sofrendo com a dificuldade de acesso a crédito e queda no faturamento.
Segundo o levantamento, 60% dos donos de pequenos negócios já buscaram crédito no sistema financeiro desde o início da crise provocada pela Covid-19 e tiveram seus pedidos negados. Além disso, 29% desconhece as linhas de crédito que estão sendo disponibilizadas para evitar demissões e outros 57% apenas ouviu falar a respeito.
Em relação ao faturamento, 88% dos empreendedores relataram queda de, em média, 75%. A estimativa média apresentada pelos donos de pequenos negócios é que eles consigam permanecer com suas empresas fechadas e, ainda, assim tenham dinheiro para pagar as contas por mais 23 dias.
A maioria dos entrevistados disse que a situação financeira das empresas já não era considerada boa. Do total de empreendedores, 73% classificaram a situação como razoável ou ruim, mesmo antes da chegada da pandemia.
Desde o início do isolamento social, dentre outras medidas restritivas adotadas para tentar conter os avanços da Covid-19 no Brasil, mais de 62% dos negócios interromperam temporariamente as atividades ou fecharam as portas definitivamente. Os que permanecem funcionando, precisaram fazer reformulações no seu modo de atuação.
Muitos passaram a fazer apenas entregas, atuando exclusivamente no ambiente virtual ou adotando horário reduzido. Cerca de 18% dos empresários também relataram que foi preciso demitir funcionários.
Em relação aos funcionários — tomou alguma medida?
Ainda não tomou medidas = 46,8%
Férias coletivas = 28%
Suspensão de contrato de trabalho = 17,8%
Redução da jornada de trabalho com redução de salários = 17%
Você precisará pedir empréstimos para manter seu negócio em funcionamento sem gerar demissões?
Sim = 54,9%
Não = 17%
Não sabe ou não respondeu = 28,1%
Já buscou empréstimo desde o início da crise?
Sim = 30%
Não = 70%
Entre os que buscaram crédito
Conseguiram = 11,3%
Estão aguardando resposta = 29,5%
Tiveram pedido negado = 59,2%
Auxílio emergencial para MEI, autônomo e empregados informais
Ouviram falar = 63,6%
Conhecem bem =34,2%
Não conhecem = 2,2%
Suspensão de contratos de trabalho e redução de jornada com compensação do governo para empregado
Ouviram falar = 62%
Conhecem bem = 22,8%
Não conhecem = 15,3%
Linhas de crédito com juros menores para empresas que não demitirem
Conhecem bem = 14,2%
Ouviram falar = 57,3%
Não conhecem = 28,5%
Sebrae faz alavancagem no Fampe para ajudar pequenos negócios
Com base nos dados apresentados pela pesquisa, o presidente do Sebrae, Carlos Melles, aproveitou para destacar a importância das medidas anunciadas pelo governo nos últimos dias. O intuito de tais iniciativas é, justamente, amenizar os impactos nos pequenos negócios.
Esta operação de socorro deve começar com R$ 1 bilhão em garantias, o que viabilizará a alavancagem de aproximadamente R$ 12 bilhões em crédito para pequenos negócios.
“Um dos maiores obstáculos no acesso dos pequenos negócios ao crédito é a exigência de garantias feita pelas instituições financeiras. Nesse sentido, o Fampe funciona como um salvo-conduto, que vai permitir aos pequenos negócios, incluindo até o microempreendedor individual, obterem os recursos para capital de giro, tão necessários para atravessarem a crise provocada pela pandemia do Coronavírus, mantendo os negócios e os empregos”, explicou Carlos Melles.