Concurso PF: presidente da APCF fala sobre vagas, banca e edital

Presidente da APCF aponta áreas com maior déficit no concurso PF e comenta expectativa para novo edital da carreira de perito criminal.

Concursos Previstos
Autor:Mateus Carvalho
Publicado em:07/04/2025 às 13:29
Atualizado em:07/04/2025 às 14:28

Após sete anos, o cargo de perito criminal federal voltará a ser contemplado em um novo concurso PF. A seleção permitirá a reposição de pessoal, mas o número de vagas ainda está longe do ideal para atender às demandas da corporação.


As vagas autorizadas para o próximo edital devem suprir apenas as saídas recentes, sem refletir a real necessidade de efetivo da Polícia Federal.


Para entender esse cenário e saber como estão os preparativos para o novo concurso da PF, na área Policial, o Qconcursos Folha Dirigida conversou com o presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), Marcos Camargo.


Camargo afirmou que a luta por mais servidores e por novos concursos públicos tem sido uma pauta constante nos últimos anos. No quarto mandato à frente da APCF, ele reforça que essa continua sendo uma das prioridades da entidade.

"Esse concurso é muito aguardado por todo mundo, tanto por quem quer [entrar] quanto por nós, que precisamos de novos colegas para incrementar nossa força e continuar fazendo um bom trabalho. É um tema bastante sensível, que está entre as pautas prioritárias da APCF, quanto à regularidade na realização de concursos", diz.

Segundo ele, essa demanda está sempre em discussão junto à Direção-Geral da PF, mais especificamente com a Diretoria de Gestão de Pessoal, reforçando que a categoria tem um histórico de luta nesse sentido, sobretudo após 2021.


Ele relembra o fato de que o último concurso da PF, com vagas para peritos, foi em 2018, já que, em 2020, quando o governo anterior anunciou o concurso de 2021, a Perícia foi deixada de lado.


Marcos Camargo, inclusive, ressaltou que realizar um concurso para a PF sem contemplar a Perícia seria algo completamente equivocado — mas foi exatamente o que aconteceu.


Dessa vez, em 2025, a Polícia Federal recebeu uma nova autorização, agora contemplando os cinco cargos do seu quadro policial.

Presidente explica oferta de vagas do concurso PF

O aval do novo concurso PF prevê o provimento de mil vagas, sendo 69 destinadas à carreira de perito criminal federal.


Embora o número seja considerado baixo, o quantitativo reflete os cargos disponíveis na Polícia Federal para a área, segundo Marcos Camargo.

"Hoje, o concurso da Perícia Criminal Federal é exclusivamente para reposição de pessoal", afirma o presidente.

Segundo ele, desde o último concurso, a categoria tem travado uma luta intensa para o aumento dos códigos de vaga. Isso porque as 69 vagas previstas no próximo edital serão apenas para repor o efetivo perdido ao longo dos anos — ou seja, a PF estará apenas repondo o que foi sendo esvaziado nesse período.


Ele explica que a instituição já opera no limite de vagas disponíveis e, por isso, a ação da categoria no momento é buscar, junto à Direção-Geral, a criação de novos códigos de vaga.


Camargo reforça que essa aprovação vai além da alçada da Diretoria da PF, exigindo também articulação conjunta no Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), no Ministério da Justiça e Segurança Pública e na Casa Civil.


Além disso, para que a criação dessas vagas avance, é necessário que o orçamento seja aprovado pelo Congresso Nacional, viabilizando a edição de uma Medida Provisória (MP) e o andamento de todos os trâmites legais.


Por fim, ele reforça que, embora diversos fatores estejam envolvidos, é essencial a atuação do diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, neste processo que favorece a Perícia Criminal.

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O que impede a criação dos novos cargos de perito?

De acordo com Marcos Camargo, diante da urgência em recompor o quadro da Perícia Criminal Federal, a APCF entende que deveria haver um processo exclusivo para a criação de novos códigos de vaga voltados apenas aos peritos.


Ele explica que esse tipo de procedimento já chegou a ser iniciado em outras ocasiões, mas acabou travado por falta de orçamento, especialmente entre os anos de 2020 e 2021.

“A Direção-Geral já entende que tem que ser um processo amplo, que contemple outras carreiras. E nós, obviamente, também defendemos o reforço nessas outras áreas. Só que isso gera um processo muito mais complexo, muito mais robusto. Dada a urgência da Perícia Criminal Federal, nós entendemos que, neste momento, deveria ser apartado, sem prejuízo do encaminhamento de um processo conjunto”, afirmou.

Camargo classifica essa discussão com a Direção-Geral como uma espécie de embate, no bom sentido.


Para ele, é necessário convencer a administração de que os esforços devem ser focados, neste momento, na criação de vagas exclusivamente para peritos criminais federais.

“Outras categorias também estão em busca por vagas, evidentemente a Polícia Federal precisa ser reforçada como um todo, mas, no comparativo, nós estamos em uma situação mais emergencial. Por isso, a gente entende que deveria ser um processo específico, com trâmite que entendemos ser mais tranquilo para essa aprovação”, explicou.

Atualmente, segundo o presidente da APCF, há um processo em andamento que prevê a criação de diversos códigos de vaga para todos os cargos da Polícia Federal, mas ele pondera que não é possível garantir o tempo de tramitação e nem se a medida será, de fato, efetivada.


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Áreas do perito com mais déficit na PF

O cargo de perito criminal federal conta hoje com 22 áreas de atuação dentro da Polícia Federal.


De acordo com o presidente da APCF, Marcos Camargo, a distribuição dessas áreas parte de um decreto presidencial que prevê quais cursos superiores são aceitos para o ingresso na carreira.

“Se a gente pensar em cursos de graduação, essas 22 áreas abarcam mais de 30, em torno de 40 cursos de graduação que têm, então, uma previsão para atuar como perito criminal federal”, explicou.

Segundo Camargo, essa divisão é uma atribuição da própria PF, que organiza os cursos aceitos em áreas específicas, conforme necessidade e entendimento da administração.


Há áreas com um único curso, como é o caso da área 14, voltada exclusivamente para Farmácia, e outras com formações diversas, como Biologia e Medicina Veterinária.

“Isso é um critério discricionário que a administração da Polícia Federal tem em razão dos cursos que já estão previstos em decreto”, ressaltou o presidente da APCF. Ele esclareceu que graduações que não constam no decreto, como Fonoaudiologia, por exemplo, não podem ser contempladas nos editais de concurso.

A carência de profissionais, no entanto, é generalizada.

“Todas as nossas áreas têm algum tipo de carência. Algumas com mais, outras com menos. Hoje você tem demandas mais intensas em certas áreas, menos intensas em outras, mas, no geral, todas têm uma certa carência", disse.

"Ciência e Tecnologia estão em constante avanço", diz Camargo

Segundo ele, isso se deve ao avanço constante da Ciência e da Tecnologia, além do próprio desenvolvimento do crime, que exige metodologias e instrumentos cada vez mais sofisticados para o enfrentamento.

“Nós somos uma carreira científica dentro da área Policial, trabalhando com Ciência. E Ciência e Tecnologia estão em constante avanço, em constante movimento”

Camargo também destacou o desafio de suprir essa demanda com as 69 vagas previstas para o próximo concurso.

“Embora sejam 69 vagas para perito, nós vamos ter que fragmentar essas vagas em 22 áreas. Então, o número começa a diminuir muito: duas vagas para uma área, três vagas para outra. E isso, às vezes, não supre uma necessidade que nós temos, e a gente tem que lidar com essa dificuldade".

Ele reforça que ainda não há definição oficial sobre como essas vagas serão distribuídas, mas com base nas demandas recentes, algumas tendem a uma atenção especial.


As áreas com maior demanda hoje são:

  • Informática;
  • Contabilidade; e
  • Meio Ambiente.
“As outras áreas vão acabar tendo que brigar pelas poucas vagas que vão restar, provavelmente, em função dessas demandas”, conclui.

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Edital deve sair o quanto antes, prevê presidente da APCF

O edital do próximo concurso PF para policiais tem que ser publicado até agosto, conforme estabelece a portaria autorizativa. No entanto, a expectativa é de que o documento não demore todo esse tempo para ser divulgado.


Isso porque o concurso é considerado urgente e envolve um processo seletivo demorado, com várias etapas até a posse dos novos servidores.


De acordo com o presidente da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais, embora não haja uma data oficial, a tendência é que o edital seja divulgado o quanto antes, dentro de um prazo razoável que permita o andamento de todas as etapas necessárias.

“A gente acredita que todos os esforços estão sendo enviados para que ele saia o quanto antes, portanto, antes ainda de agosto”, disse.

Camargo destacou que a própria administração da Polícia Federal demonstra grande interesse na realização do concurso e vem atuando para viabilizar o processo com a maior celeridade possível.


Ele também ressaltou que a associação tem atuado como parceira institucional, apresentando argumentos, dados e justificativas que mostram a importância da recomposição do quadro da PF, especialmente na área Pericial.

“Existe um diálogo institucional. Às vezes somos acatados, às vezes não, mas há, sim, essa interlocução. A função da associação é cobrar, trazer fatos, mostrar possibilidades de caminhos”, afirmou.

A administração, segundo Marcos, ainda está trabalhando na elaboração do concurso, mas a expectativa é de que o cronograma avance em breve.


Recentemente, pelas redes sociais, a PF indicou que o edital do concurso deve ser anunciado o mais "breve possível", mas não revelou datas.

Marcos Camargo fala sobre importância de concurso PF com vagas para perito

(Foto: Divulgação)

Concurso PF já tem banca definida? Presidente responde!

Recentemente, um vídeo publicado nas redes da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais causou confusão entre os interessados no próximo concurso PF.


Na gravação, o presidente da entidade, Marcos Camargo, afirmava que a banca organizadora já estaria definida e que seria o Cebraspe.


No entanto, a própria associação voltou atrás em seguida, esclarecendo que a fala se referia ao concurso para a área Administrativa, que já teve o Cebraspe oficialmente anunciado como organizador.


Durante entrevista ao Qconcursos Folha Dirigida, Camargo explicou o mal-entendido e reforçou que, para a área Policial, ainda não há definição oficial da banca.


No entanto, segundo ele, o Cebraspe é o nome mais cotado, já que organizou todos os concursos anteriores para perito criminal — desde 1997 até o último, realizado em 2020.

"É uma visão nossa, com base no histórico. A administração ainda não confirmou, mas todos os concursos da área Policial foram organizados pelo Cebraspe. E, como o prazo até o edital é relativamente curto, acreditamos que é bastante provável que seja mantido", disse o presidente.

Apesar da expectativa, Camargo reforçou que a escolha ainda depende de confirmação oficial.


Leia também:

+ Concurso PF: Cebraspe será a banca do edital para área Policial?

+ Concurso PF Administrativo: como é a prova do Cebraspe? Conheça

Salários do concurso PF

Além da estabilidade, um dos atrativos do concurso da Polícia Federal será a remuneração elevada, que pode chegar a mais de R$27 mil por mês.


Os profissionais que ingressarem como agente, escrivão ou papiloscopista terão um salário inicial de R$15.164,81. Já os aprovados para os cargos de delegado e perito poderão receber até R$27.800.


Isso se deve ao fato de que as carreiras na Polícia Federal contam com reajustes salariais programados, garantindo aumentos progressivos ao longo da trajetória profissional.


Agente, escrivão e papiloscopista

  • R$15.164,81 em 2025; e
  • R$15.710,10 em 2026.

Delegado e perito

  • R$27.800 em 2025; e
  • R$28.831,70 em 2026.

Os policiais federais ainda fazem jus a diversos benefícios, entres eles o auxílio-alimentação de R$1 mil, que é pago a todos os servidores do Executivo Federal.

Operação Aprovado PF