Dia do Empreendedorismo Feminino: 6 empreendedoras inspiradoras
Empreendedoras falam sobre a importância de mulheres no empreendedorismo e ações que o Brasil precisa investir para incentivar as mulheres a empreenderem.
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Publicado em:19/11/2020 às 09:10
Atualizado em:19/11/2020 às 09:10
Nesta quinta-feira, 19, é comemorado o Dia do Empreendedorismo Feminino. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 2014, e tem como objetivo incentivar as mulheres que querem empreender.
Segundo dados divulgados pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em 2019, o Brasil tem a 7ª maior proporção de mulheres entre os empreendedores iniciais.
Ainda de acordo com o estudo, 24 milhões de mulheres empreendem no Brasil, em comparação a 28 milhões de homens; e 9,3 milhões de mulheres estão à frente de um negócio (formal ou informal), como empregador ou conta própria.
Apesar dos avanços, ainda há muito o que que ser feito. Os desafios impostos pela desigualdade de gênero, ainda tão presentes em nossa sociedade, é um dos obstáculos a serem vencidos.
Folha+ entrevistou seis empreendedoras para falarem sobre a importância de haver mais mulheres no empreendedorismo e quais ações o Brasil precisa investir para incentivar as mulheres a empreenderem mais. Confira!
Formada em design pelo SENAC, Marcella Zambardino sempre utilizou essa ferramenta como meio de transformação social e ambiental. Em 2016, ao repensar hábitos de consumo, desenvolveu sua primeira linha de produtos de limpeza consciente.
Foi assim que nasceu a Positiv.a, empresa B que cria soluções para cuidar da casa, do corpo e da natureza.
Marcella Zambardino
(Foto: Divulgação)
Marcella comenta que um dos motivos para o crescimento no número de mulheres empreendedoras no Brasil é o mercado de trabalho ainda não acolher devidamente as mães. Logo, o empreendedorismo se torna uma opção para que elas tenham mais flexibilidade.
"Eu diria que o importante mesmo é apoiarmos mais negócios de empreendedoras para que estes prosperarem, e assim tenhamos mais exemplos para inspirar. Temos que enfrentar ainda o sexismo enraizado na sociedade. As mulheres ainda sofrem julgamentos desiguais em relação aos homens, que são considerados mais competentes", ressalta.
Claudia Capra, Coordenadora de Customer Experience na LAR.app
Claudia comenta que o crescimento de mulheres no empreendedorismo é importante para diminuir a desigualdade de gênero e os desafios encontrados para que essas empreendedoras tenham sucesso e alcancem altas posições, atualmente ocupadas majoritariamente por homens.
"Acredito que as mulheres possam trazer uma visão diferente de negócio, pois conseguimos agregar neste sentido devido a nossa forma de pensar e agir, trazendo um aspecto diferenciado agregando valores ao mercado."
Claudia Capra
(Foto: Divulgação)
Segundo Claudia, há um cunho estrutural que deve ser quebrado desde a infância, já que desde pequenos somos condicionados a acreditar que mulher tem apenas que se dedicar a cuidar do marido e dos filhos.
"Precisamos incentivar o empreendedorismo desde a infância. Nos dias de hoje, é importante fomentar e capacitar o empreendedorismo feminino nas escolas, universidades e cursos livres para que mais mulheres possam estar aptas a desempenhar funções de liderança em todos os setores de mercado."
Tatiana Vecchi, CMO do LAR.app
Formada em Administração pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) e Comunicação Social pela PUC São Paulo, Tatiana já atuou no setor de marketing de empresas como Universal Pictures Brazil e na Sports & fitness industry association.
Além disso, também dedicou-se na expansão de negócios e parcerias de marcas, como Easy Taxi e Vá de Táxi. Atuante há mais de 10 anos no setor de marketing e inovação, Tatiana ainda possui especialização neste setor em locais como Georgetown University e UC Berkeley, na Califórnia.
Tatiana Vecchi
(Foto: Divulgação)
Para Tatiana, a presença feminina no empreendedorismo é de extrema importância para movimentar a economia brasileira, além de de buscar a redução da extrema desigualdade de gêneros no mercado e aumentar sua representatividade.
"Canais de discussões, mentorias, cases e desenvolvimento são essenciais para que mulheres se sintam cada vez mais confortáveis a tomar a frente de seus negócios. Além disso, é de extrema importância o debate sobre a importância feminina no mercado e a quebra de preconceitos quanto ao gênero empreendedor."
Tatiana ressalta que as meninas devem ser incentivadas desde pequenas a conhecerem sobre assuntos, como finanças, negócios e investimentos, tanto em casa quanto na escola.
"O incentivo das mulheres na política também é uma grande oportunidade de termos mulheres criando leis a favor da mulher no mercado, por exemplo. Ter programas especiais nas empresas para contratação de mulheres na liderança. São vários os insumos que capacitam e tornam as mulheres mais confiantes e preparadas para empreender."
Glaucia Miranda, Diretora de Produtos Zipdin
A Diretora de Produtos da Zipdin, plataforma 100% digital de acesso a crédito e serviços bancários para pessoas e empresas, tem experiência no mercado financeiro e tecnologia, onde já ocupou posições de gerência e diretoria em instituições financeiras e consultorias de TI para o mercado financeiro.
Ao longo de sua trajetória profissional, passou por empresas como BSI Tecnologia, Ipiranga Produtos de Petróleo e GoBlackchain.
Glaucia Miranda
(Foto: Divulgação)
Apesar dos avanços já registrados na sociedade, Glaucia espera que, em breve, o gênero seja completamente indiferente. No entanto, considera que o apoio ao empreendedorismo é o essencial.
"A participação feminina vem junto. Somos naturalmente criativas", ressalta.
Glaucia acrescenta dizendo que, em um país como o Brasil, há três pontos que podem ajudar a incentivar mais o empreendedorismo:
Desburocratização de processos;
Educação; e
Acesso ao capital.
"Mulheres podem discutir todos os assuntos e entre eles o empreendedorismo. Ainda há muito a se fazer, porém, este cenário segue em ascensão."
Natália Garcia, COO e Head de Projetos Corporativos da Gama Academy
Com mais de oito anos de experiência no trabalho com produtos, negócios, startups e liderança de equipes, Natália é formada em Direito pela Unesp e pós-graduada em Direito Empresarial pela FGV.
Além disso, é apaixonada por tecnologia e Experiência do Cliente (CX). Foi diretora de riscos da Foxbit, uma das maiores empresas de bitcoins e criptomoedas do país. Por lá, também gerenciou o departamento jurídico e atuou na estratégia e desenvolvimento de negócios da empresa.
Natalia Garcia
(Foto: Divulgação)
Natália comenta que, atualmente, já existem diversas pesquisas apontando os benefícios de se ter mais mulheres em cargos de alta liderança, pois isso traz um aspecto mais amplo para tomada de decisão estratégica e tática das empresas, além de ampliar o repertório e realidade do grupo de liderança que se beneficia de visões de mercado diferentes.
"Existem também pesquisas no sentido da diversidade ser muito positiva em conselhos de administração. Nesse sentido, enxergo que ter mulheres nos cargos de alta liderança só agregam para diversidade e nos ajudam a ter empresas mais prósperas e estrategicamente estruturadas. Lembrando sempre que temos um belo caminho pela frente em relação a equidade salarial e percentual igualitário nesse tipo de cargos."
Paula Gusmão, CEO da eÓtica
Formada pela Fundação Getúlio Vargas em Administração e Stockholm School of Economics na Suécia, Paula tem mestrado na Universidade de São Paulo (USP). Antes disso, passou pela empresa Netshoes e Grupo Pão de Açúcar.
Durante essas experiências coordenou a equipe de Marketplace e B2B e esteve à frente de projetos como lançamento do primeiro Marketplace do Brasil, Copa do Mundo Netshoes, Lojas Parceiras NBA, Mizuno, UFC entre outros.
Paula Gusmão
(Divulgação)
Segundo Paula, a mulher empreendedora representa a liderança, o pensamento estratégico, a gestão de pessoas, processo, conhecimento, experiência, a independência financeira e o símbolo máximo: o sucesso, a eficácia.
"Para estimularmos o empreendedorismo efetivo é necessário que haja uma rede de segurança social antes desse 'salto'. Quando falamos de empreendedorismo feminino essa rede deve sustentar não apenas mulher, mas toda a família que ela abriga e representa.
Existem propostas simples como o 'salário empreendedora', 'seguro desemprego' para o empreendedor, ou mesmo acesso a crédito diferenciado para empresas de mulheres (assim como há para financiamento de imóveis), incentivos fiscais entre outros modelos. O correto seria atacarmos o problema por todos os aspectos, melhorando o acesso social público à saúde, educação e moradia."