Diversidade racial, de gênero e orientação sexual é pouca em startups
Pesquisa da Associação Brasileira de Startups revela que a diversidade entre fundadores e times dessas empresas é muito baixa.
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Publicado em:23/11/2020 às 09:00
Atualizado em:23/11/2020 às 09:00
A Associação Brasileira de Startups lançou recentemente o Mapeamento de Comunidades 2020. A pesquisa, pela primeira vez, levantou também informações sobre o perfil dos fundadores e das equipes.
Mas os dados mostram que a diversidade, tanto racial, quanto de gênero e de orientação sexual, ainda é bem pequena. A maior parte das startups é representadas por homens brancos heterossexuais.
Associação Brasileira de Startups é uma entidade sem fins lucrativos que representa o ecossistema. [tag_teads]
Gênero
Os homens são maioria entre os fundadores de startups no Brasil, representando 59,2% do total. Já as mulheres são 12,6%. Os quadros em que há mais de um fundador e a maioria são homens somam 15,5%; e 2,4% são os quadros com maioria feminina.
Raça
Na divisão por raça, a maioria se autodeclara branca (64,8%), seguida pelos pardos (22,7%), negros (5,8%), amarelos (2,2%) e indígenas (0,5%). No cruzamento entre raça e gênero, os homens pardos e amarelos são 84,5% contra 15,5% das mulheres.
O público masculino também é maioria entre os que se afirmam negros (80,7%) e 100% dos autodeclarados indígenas.
Orientação sexual
Em relação à orientação sexual, 92,3% se declaram heterossexuais, apenas 3,9% são homossexuais e 1,5% são bissexuais.
A pesquisa foi realizada entre os meses de maio e setembro com dados do Startupbase, a base de mais de 5 mil startups associadas e participantes de 3 mil startups espalhadas pelo Brasil.
Esses dados são importantes para que se conheça mais a fundo o cenário de empreendedorismo e inovação de cada região do país, identificando as principais dores e potenciais locais.
Diversidade ainda deixa a desejar nas startups
(Foto: Reprodução)
Diversidade também fica para trás nas equipes
Os dados acima consideram apenas os fundadores das startups participantes, mas o cenário não é muito mais diverso nos times de colaboradores. Em se tratando da presença feminina, 26,9% dessas empresas não têm nenhuma mulher no time.
Mesmo as que mais possuem mulheres na equipe, só chegam a um percentual de cerca de 50% (num país onde elas são mais qualificadas academicamente, conforme apontam pesquisas do IBGE).
18,6% das startups têm de 25% a 49% colaboradoras mulheres;
17,4% têm de 6% a 25%; e
15,1% têm metade do time.
Já os negros estão ausentes em mais da metade (52,8%) das empresas do setor. Cerca de 19,3% das startups têm apenas de 6% e 25% de pessoas que se autointitulam negras no time. E; 11% têm menos de 5%.
Um percentual ainda menor de startups (9,6%) têm entre 25% e 49% dos colaboradores negros.
As pessoas com deficiência (PcD) também não estão bem representadas no ecossistema, segundo a pesquisa:
94,5% das startups não têm nenhum deficiente no time;
3,2% têm menos de 5% de profissionais PCD.
E os transexuais também estão ausentes em 96,7% (quase todas) das empresas participantes do levantamento.
A pesquisa ainda revela que, “a despeito da realidade atual, 88,4% dos respondentes acreditam que sua startup apoia a diversidade, sendo que 75,1% considera importante ou muito importante apoiar o tema, enquanto 19,5% consideram a pauta essencial.”