Eleições 2020: adiamento pode atrapalhar realização dos concursos?
Eleições 2020 terá discussão sobre adiamento na próxima semana. Seja qual for a decisão, será que afeta a realização dos concursos públicos?
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Publicado em:22/05/2020 às 11:00
Atualizado em:22/05/2020 às 11:00
Eleições municipais podem ser adiadas?
Quanto ao adiamento da eleições municipais, o deputando Rodrigo Maia diz que pretende se reunir com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, para discutir sobre o formato do debate.
A intenção de Maia é formar um grupo de trabalho com deputados e senadores para encontrar uma solução. Segundo o presidente da Câmara dos Deputados, até o momento, existem duas datas já em discussão: 15 de novembro e 6 de dezembro.
"Como tem muita demanda para participação, talvez o melhor modelo seja uma reunião com o colégio de líderes das duas Casas para que se construa uma maioria em relação à decisão de adiar, sim ou não, e para qual período. Tem dois períodos que estão sendo discutidos: seria 15 de novembro ou o primeiro domingo de dezembro como primeiro turno. E o segundo turno um pouco menor para dar tempo de fazer a transição, a prestação de contas"
No entanto, o Rodrigo Maia também reforçou que não há nada decidido e que são apenas ideias para viabilizar uma solução. Uma reunião ainda deve ser realizada junto ao ministro do Superior Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, e também presidente do Tribunal Superior Eleitoral, na próxima semana sobre o assunto.
"Tem que se decidir se vai ter voto para adiar ou não. A partir do momento que tiver voto para adiar se discute uma data. Tudo em sintonia com o ministro Barroso que a partir de segunda começa a presidir o Tribunal Superior Eleitoral", alertou.
O professor de Direito do Trabalho e Direito Constitucional, Aloizio Medeiros, lembra que o interesse tanto da Câmara dos Deputados quanto do Senado Federal vai contra o que pensa o presidente Jair Bolsonaro.
O chefe do executivo da União defende a flexibilização das medidas contra a covid-19 pelo desejo de retomar às atividades econômicas no país.
"A gente já vê que presidente da República pretende com que retomem às atividades econômicas. Até porque a gente não está aguentando sozinho o "tranco" de todo esse desgaste político sem prejuízo, da questão financeira e de conseguir estar fazendo um aporte de recursos com bilhões para segurar a economia dos autônomos."
Para Rodrigo Maia essa é uma questão bastante sensível do ponto de vista institucional porque pode abrir uma janela para em outros casos políticos utilizarem esse precedente e acabar provocando uma crise prorrogando o próprio mandato.
"No futuro, daqui a dois, três, quatro mandatos alguém pode se sentir muito forte, ter muito apoio no Parlamento, criar uma crise e prorrogar seu próprio mandato."
O Deputado enfatizou ser contra essa possibilidade e disse que não encontrou na Constituição que preveja a medida. Além disso, explicou o que pode acontecer caso não ocorram as eleições municipais desse ano.
"Eu sou radicalmente contra. A prorrogação do mandato, do meu ponto de visto, dos advogados que consultei, não tem previsão na constituição brasileira. Você pode até não ter eleição, mas quem vai assumir o governo no dia primeiro de janeiro ou tem previsão nas Leis Orgânicas Municipais ou vai ser um juiz. Não tem muita alternativa. por exemplo no rio de Janeiro, a Lei Orgânica diz que quem assumo é o presidente do tribunal de contas, mas não são todos os municípios que têm tribunais de contas."
Adiamento das eleições 2020 pode atrapalhar a realização dos concursos?
(Foto: Agência Brasil)
Eleições afetam os concursos?
É muito comum muitos candidatos terem dúvidas se a realização das eleições afetam os processos de um concurso público. Desde já é um erro afirmar que processo eleitoral atrapalha as seleções.
Aloizio Medeiros reforça que a realização dos pleitos não interfere nos concursos públicos. E explica sobre os pequenos impactos que as eleições deste ano podem causar nas seleções.
"Esse ano nós temos eleições para os municípios. Então, nada impede que a União, os estados e o Distrito Federal realizem concursos normalmente. Sem problema algum, sem nenhum tipo de vedação no ano inteiro. O Poder Executivo e Legislativo Municipal, nesse ano, que estaria impedido. Mas mesmo assim não é algo tão amplo e irrestrito. Seria somente o impedimento para nomeações três meses que antecedem o pleito eleitoral. Então é errado a gente afirmar que ano eleitoral não tem concurso."
A restrição para convocações em concursos não homologados até três meses antes das eleições deste ano não vale para a União, estado e o Distrito Federal, pois não estão em ano eleitoral. Portanto, não precisam cumprir essa regra.
Logo, concursos de âmbitos federal e estadual como, por exemplo, Depen, TCU, policias civil e militar, tribunais, Senado, Diplomatas, entre outros, não estão afetados pelas eleições deste ano.
"Os três poderes da União, estados e o Distrito Federal não estão afetados pelas eleições desse ano", afirma o professor.
O especialista também fala sobre alguns órgãos que mesmo fazendo parte da estrutura de trabalho dos governos podem realizar concursos mesmo em tempos de período eleitoral.
Isso porque algumas instituições públicas têm direito garantido por lei à autonomia financeira e gestão dos seus quadros de servidores. Portanto, tendo uma maio liberdade para suprir vagas e melhorar os serviços prestados à população.
"Por exemplo, em casos de eleição para o governo federal e estadual, mesmo assim, nada impede de que se realizem concursos para o Poder Judiciário, para o Ministério Público, Defensoria Pública, Tribunais de Contas. Ou seja, os Poderes e órgãos que não têm essa vedação. Então é muito importante se esclarecer isso."
Por fim, o especialista tranquiliza os candidatos dizendo para que entendam que as suspensões de alguns concursos são apenas por conta das realizações das provas, que requer a aglomeração de pessoas. No entanto, até o momento, em virtude da contaminação por Covid-19, isso não é possível.
"A gente está vendo a impossibilidade de as pessoas estarem no mesmo recinto e essa proximidade impede a realização das provas, mas não impede as inscrições. No entanto, por prudência, a gente está vendo as bancas como, por exemplo, do concurso do TJ-RJ que suspendeu, mas terá o prazo reaberto e as provas serão programadas mais para frente quando acabar, pelo menos, esse pico da pandemia."