Energias alternativas podem gerar 1 milhão de empregos no Brasil
Com investimentos em energias alternativas, o Brasil pode gerar mais de 1 milhão de empregos e reduzir em 28 toneladas a emissão de CO² até 2025.
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Publicado em:22/02/2021 às 16:40
Atualizado em:22/02/2021 às 16:40
Nos próximos cinco anos, os investimentos da indústria de energia alternativa, como a solar e a eólica, e o impacto da digitalização das cidades podem gerar mais de 1,2 milhão de novos empregos no país.
A análise é do Fórum Econômico Mundial, em parceria com a Accenture, empresa global de serviços profissionais, que ouviu mais de 25 empresas de serviços públicos globais e empresas de tecnologia de energia.
Além dos empregos, esses investimentos deverão resultar na redução de 28 toneladas de emissão de CO² (dióxido de carbono). O estudo foi feito em várias regiões, explorando o caminho das concessionárias em meio à pandemia e as oportunidades para acelerar o crescimento econômico e a transição para a energia limpa.
O Grupo de Ação da Indústria, formado pelas mais de 25 empresas, buscou avaliar de forma holística os resultados econômicos, ambientais, sociais, bem como desdobramentos técnicos de potenciais soluções de energia.
Segundo a Accenture, foram mapeados diversos elementos da cadeia de valor do setor elétrico no país, como emissão de gás carbônico, pegadas d'água, acesso a eletricidade, qualidade do ar, resiliência e segurança do setor, qualidade de serviços e flexibilidade.
No entanto, foram outros aspectos que se destacaram no cenário nacional, como: impactos no emprego e na economia, eficiência do setor e produtividade, investimento estrangeiro, atualização de sistemas e competitividade.
Setor elétrico deve triplicar até 2050
Com o mapeamento do setor elétrico brasileiro, foi possível identificar um modelo que pode direcionar a transformação e atualização do país em termos de energia, utilizando sua grande fonte de energia hidrelétrica como alicerce para sustentar a população.
Simultaneamente a isso, investimentos em fontes alternativas de energia ganham força, como a solar e a eólica, bem como o investimento em cidades integradas e inteligentes.
A demanda por energia no país deve triplicar até 2050, fortalecendo a necessidade de investimentos. Para isso, segundo o estudo, o Brasil deverá precisar de, pelo menos, 38 novas linhas de distribuição de energia com mais de 5 mil km de extensão.
Na prática, isso significa um investimento de mais de R$10 bilhões, segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética, articulada com o Ministério de Minas e Energia e o Ministério da Economia.
Investimento em energias alternativas pode gerar mais empregos
(Foto: Renato Araújo/ Agência Brasília)
Impactos do Covid-19 podem atrasar modernização no setor
Apesar da necessidade de crescimento e modernização do setor elétrico, o Brasil, assim como todos os países do mundo, sofreu fortes impactos por conta da pandemia.
Isso, somado aos problemas já existentes no país, pode dificultar a modernização do setor, segundo a Accenture. Entre os principais pontos negativos, a empresa destaca alguns.
Para começar, ao longo do período de pandemia, o foco do país foi manter a operação básica funcionando. Houveram cortes massivos em investimentos vistos como não essenciais.
Além disso, a demanda por energia caiu dois dígitos se comparado ao mês de maio do ano anterior. O mercado como um todo sofreu, com redução do volume de operações: em torno de 47% no mercado automotivo e 38% no setor de serviços.
Esse cenário também acaba afetando o PIB (Produto Interno Bruto), que tem estimativa de cair aproximadamente 9%. O estudo aponta, contudo, alternativas para uma recuperação do setor elétrico no Brasil, baseado em três fatores principais:
Expansão de energias renováveis não hidrelétricas
Digitalização da Transmissão e Distribuição (T&D)
Cidades Inteligentes e Eficientes
Porém, segundo a análise, também há pontos positivos que podem ser observados em meio a esse cenário. Houve um aumento de 53% na geração de energia solar em abril de 2020.
Uma queda abrupta na concentração de gases como óxido de nitrogênio, dióxido de nitrogênio e monóxido de carbono foi registrada na cidade de São Paulo, com quedas de 77%, 54% e 65%, respectivamente.
Como resultado da Covid-19, também foi observado um aumento no foco em eficiência operacional e planejamento financeiro por parte das empresas operando no Brasil.