'Essa cadeira é minha': movimento busca equidade de gênero no trabalho

No Brasil, apenas 26% dos cargos de alta liderança são ocupados por mulheres

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Publicado em:11/03/2020 às 05:00
Atualizado em:11/03/2020 às 05:00

No último domingo, 8, foi celebrado o Dia Internacional da Mulher - a data marca a luta pela igualdade de gênero. No mercado de trabalho, mesmo desempenhando as mesmas funções, mulheres recebem 20,5% a menos do que homens, segundo o IBGE.

Se esse recorte for feito por raça, a desigualdade é ainda maior. Ainda de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mulheres negras recebem menos da metade do salário de homens brancos (44%).

E mesmo sendo maioria da população, no Brasil, apenas 26% dos cargos de alta liderança são ocupados por mulheres. Para acender o debate sobre a equidade de gênero, a Catho, site de classificados de empregos, lançou o movimento 'Essa Cadeira É Minha'.

A ação se posiciona em favor das mulheres e busca promover o diálogo em relação ao assunto. Segundo pesquisa realizada pela Catho, mesmo com mais qualificação profissional, não há equidade salarial em nenhum grau de formação.

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Os dados levantados pela Catho mostram que mulheres ganham menos que homens em todos os níveis de escolaridade. Profissionais com pós-graduação ou especializações, por exemplo, chegam a ganhar 49% a menos em relação aos homens.

A pesquisa ainda revela que as mulheres possuem maior grau de escolaridade, como no mestrado e doutorado, por exemplo, e mesmo assim profissionais do gênero masculino com as mesmas habilidades técnicas chegam a ganhar cerca de 40% a mais.

"A formação profissional é um dos principais fatores para o desenvolvimento na carreira e, consequentemente, na promoção de melhores salários e demais benefícios. No entanto, os dados apontam o contrário, ou seja, apenas formação, qualificação e experiência profissional ainda são insuficientes para igualá-las", afirma Tábitha Laurino, gerente sênior da Catho.

Legenda'Essa cadeira é minha': movimento visa promover equidade de gênero no trabalho
(Foto: Pixabay)

 

Representatividade nos cargos de gestão é baixa

Segundo dados do Great Place to Work (GPTW) de 2019, apesar das mulheres serem maioria no mercado de trabalho (cerca de 56%), em cargos de alta gestão, essas profissionais são minoria.

De acordo com o levantamento, 45% estão nas médias lideranças (gerente/coordenadora), 26% na alta liderança (diretora, gerente sênior) e apenas 16,4% nas cadeiras de presidência/CEO.

"Por meio de uma breve análise, observamos que a discrepância não diminuiu em relação ao ano passado, muito pelo contrário, ela aumentou cerca de 4%. Isso significa que ainda que, insistentemente, seja falado sobre a falta de equidade salarial, ainda estamos distante do ideal", avalia a gerente da Catho. 

A falta de equidade de gênero no mercado de trabalho pode ser observada nos dados apresentados. Há escassez de representação feminina nos grandes cargos de uma empresa, além da diferença salarial. 

"De modo geral, os dados refletem a urgência das empresas em proporcionarem equiparação entre homens e mulheres. Quando uma mulher cresce profissionalmente, todos crescem", acrescenta.

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Sem poder de negociação salarial

Segundo a Pesquisa dos Profissionais Brasileiros da Catho, em 2019, 89% das mulheres aceitaram a primeira proposta oferecida por uma empresa, enquanto entre os homens, esse valor é de 75%.

O levantamento também mostra que o poder de negociação não é tão igual assim: 25% dos homens negociam a remuneração salarial antes de aceitar uma proposta de emprego, entre as mulheres esse valor é de 11%.

"Há uma série de pressões externas que desencorajam as mulheres a pedirem o que desejam no momento de negociação. Muitas das vezes, elas não identificam que podem, sim, pedir um aumento salarial ou benefício. A negociação deve ser vista como uma ferramenta que está também ao alcance das mulheres", ressalta a gerente.