Conheça o guarda municipal que salvou uma jovem de um mal súbito

Amor ao próximo, empatia e solidariedade não foram exatamente habilidades ensinadas durante a formação de Michel Patrício no Batalhão da Guarda Municipal do Rio de Janeiro há sete anos. Mas foram esses os fatores essenciais para que o guarda municipal salvasse a vida de uma jovem, em uma tarde de sol na praia de Copacabana.

Era um dia comum de trabalho para Michel quando sua história cruzou com a de Joyce. A jovem, que já sofria com problemas de saúde, teve um mal súbito em meio à Orla da praia.

“Eu estava em um patrulhamento no calçadão central da orla e vi uma menina deitada, com o rosto no chão. Muitas pessoas passaram por ela, mas ninguém prestou socorro. A princípio, eu acho que pensaram que se tratava de uma moradora de rua.”

O guarda municipal Abordou Joyce e perguntou se estava bem e o que poderia fazer para ajuda-la.

“Ela disse que estava se sentindo mal e com dor no peito. Então, perguntei se ela conseguiria ficar de pé para eu leva-la para sombra, estava muito calor e o asfalto estava muito quente”, relembrou.

Em alguns minutos de conversa, Michel descobriu que a jovem fazia uso de alguns medicamentos, dentre outras informações necessárias para garantir que ela recebesse um atendimento adequado. Em seguida, o guarda precisou se afastar em busca de sinal telefônico para comunicar o corpo de bombeiros sobre o ocorrido.

Foi nesse momento, que o estado de Joyce começou a piorar e o guarda precisou deixar de lado o nervosismo para ajudar a cidadã.

“Ela começou a fazer umas respirações muito ofegantes, sempre com a mão no peito. Algumas pessoas se aglomeraram e foi quando percebi que respiração dela começou a falhar e que ela estava ficando inconsciente.”

O momento exigia uma atitude rápida. Então, com o auxílio de uma senhora que estava próxima à Joyce, o guarda deitou a jovem e realizou uma massagem cardíaca para evitar a parada cardiorrespiratória. A ação foi o que manteve Joyce viva até a chegada dos bombeiros.

“Graças a Deus quando ela puxou o fôlego os bombeiros chegaram e fizemos os procedimentos de coloca-la na maca. Os bombeiros a levaram para o hospital e eu continuei o meu serviço.”

Felizmente, depois desse episódio veio a boa notícia: Joyce estava bem. “Fiquei sabendo que ela teve um trauma pela queda, mas que foi medicada no hospital e liberada à noite. Eu fiquei feliz por ter ajudado. Geralmente, quando acontecem essas coisas ficamos muito nervosos.”

Curso de Formação ajudou o guarda municipal a agir da forma correta

A agilidade em socorrer a jovem é fruto do treinamento aprendido durante o período de formação na guarda municipal. Além dos conhecimentos adquiridos na faculdade que está cursando na área da Saúde.

“O curso de formação durou uns três meses. Fazíamos alguns treinamentos de primeiros socorros, do CTB (Código de Trânsito Brasileiro) para atuar no trânsito, defesa pessoal, procedimento padrão de um guarda municipal na rua, entre outras coisas. Isso me ajudou bastante a crescer como cidadão e servidor público”, ressaltou.

A atitude de Michel não passou despercebida pelos moradores e por quem transitava pelo local. Uma publicação foi feita no Facebook elogiando a atuação do guarda. Muitas pessoas queriam saber quem era o agente.

“A princípio eu queria ficar no anonimato, mas depois o comandante da minha base, o inspetor Pereira me chamou, me deu os parabéns e me convidou para uma reunião no 19º Batalhão de Copacabana. Nessa reunião recebi um certificado de reconhecimento pelo meu trabalho”, explicou Michel Patrício.

Apesar de ter sido significativo para o guarda receber tal reconhecimento, o mais importante nessa história para Michel é poder inspirar outras pessoas. 

“Eu acredito que minha ação pode ser um exemplo para as pessoas sempre olharem umas para as outras com carinho”, destacou.

Michel reforçou importância da guarda municipal na sociedade

Michel aproveitou para destacar o trabalho que ele e milhares de outros guardas municipais prestam todos os dias à sociedade. A atuação pode acontecer de diversas maneiras: fiscalizando o trânsito, garantindo a preservação dos bens municipais ou auxiliando policiais militares na manutenção da ordem pública.

Esses agentes atuam garantindo a segurança e o bem estar dos cidadãos. Às vezes, podem até ser vistos com olhares de desconfiança, mas profissionais como Michel não só acreditam no trabalho que é desenvolvido a cada dia, como aos poucos conseguem conquistar até aqueles que não os veem com bons olhos.

“Pelos lugares que passei, sempre fiz muitos amigos e as pessoas ao redor me receberam com muito carinho. Então, de modo geral, acho que a população gosta sim da guarda municipal. O nosso papel é estar sempre presente com o cidadão, isso é muito importante.”

Guarda estudava durante horário de almoço para garantir uma vaga no concurso

Conseguir uma vaga na guarda municipal do Rio de Janeiro ,no concurso realizado em 2012, não foi tarefa fácil para Michel Patrício. Na época, ele trabalhava como segurança em um shopping na Barra da Tijuca. 

Para garantir a aprovação, Michel estudava no horário do almoço ou durante o pouco tempo livre que tinha em casa. “A preparação foi corrida. Na hora do almoço, eu subia para o terraço do shopping, almoçava em 15 ou 20 min e o restante era todo estudando.”

Mas o sonho de ser um servidor público já era antigo. Michel chegou a frequentar cursos preparatórios enquanto se dedicava a alguns outros concursos anteriormente, porém a preparação para o concurso da Guarda Civil do Rio de Janeiro foi feita sozinho. Para ele, todo o esforço valeu a pena.

“Tenho muito orgulho de ser servidor público. Fico muito feliz pela minha conquista até aqui e pretendo continuar prestando um bom serviço para a sociedade. Sempre procurando melhorias e fazendo o meu papel para transformar, ajudar e amar o próximo”, declarou.

Além da estabilidade empregatícia, Michel contou que um dos principais benefícios de ser servidor público é ter tempo para estudar e se dedicar a outros sonhos.

“Depois que entrei na guarda muita coisa mudou na minha vida. Minha maneira de agir, minha condição financeira e eu também tive mais tempo para voltar a estudar.”

Ao relembrar sua trajetória, Michel conta que a formatura no batalhão foi um momento muito especial e marcante. “Quando coloquei a farda e comecei a trabalhar na rua foi que a ficha caiu e eu pensei: caramba, eu sou servidor público agora. Estou muito feliz”, descreveu.

Confira a história do guarda municipal  Michel Patrício