Hospitais federais do Rio: Mandetta reconhece necessidade de concurso

Em entrevista coletiva na quarta-feira, 8, ministro da Saúde cobra reposição de servidores nos hospitais federais do Rio, com novo concurso

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Publicado em:09/04/2020 às 12:21
Atualizado em:09/04/2020 às 12:21

Sem novos concursos para os hospitais federais do Rio de Janeiro, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, reconheceu a necessidade de reposição de pessoal. Tais unidades, de acordo com ele, estão “sucateadas de recursos humanos”.

Em entrevista coletiva na quarta-feira, 8, o ministro explicou que os servidores estão com a idade avançada. Ao mesmo tempo, não há concursos em validade para que os aprovados possam suprir as carências em longo prazo.  

“Antigamente nós tínhamos uma carreira para médicos e enfermeiros que trabalhavam nesse serviço público federal. Nesses 35 anos não foi feito mais concurso para o quadro desses hospitais. Essa força de trabalho foi ficando cada vez mais idosa”, disse Mandetta.

Mesmo diante desse contexto, o Hospital Federal de Bonsucesso foi o escolhido como referência para o tratamento do Coronavírus. Para o ministro da Saúde, essa unidade deveria ser direcionada para casos usuais e não para linha de frente de combate a pandemia.

Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta
Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, reconhece déficit de pessoal
nos hospitais federais do Rio (Foto:Marcello Casal Jr/ Agência Brasil)

 

Uma vez que a maioria dos servidores tem mais de 50 anos, grupo considerado de risco caso infectados pelo Coronavírus. Sobre isso, Mandetta fez uma comparação com a Itália, que perdeu 45% de sua força de trabalho por conta da idade avançada dos profissionais de Saúde.

Ao analisar o panorama nos hospitais federais do Rio, o ministro foi enfático: o governo federal terá que escolher uma forma de repor a mão de obra. Para isso deu algumas opções: concurso público ou processo seletivo para temporários. Ou ainda a contratação de uma Organização Social (OS) para gestão das unidades de saúde.

“São hospitais que o Brasil vai ter que decidir: ou vai fazer novamente concurso público ou partir para uma contratação de terceirizados, organizações sociais. Mas, nós teremos que decidir porque naqueles hospitais, a grande maioria da força de trabalho está acima dos 50 anos”, constatou o ministro da saúde.

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Sindicato pede imediata realização de novo concurso

Logo após as falas de Mandetta, o Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SinMed) publicou uma nota de repúdio sobre a atual situação dos hospitais federais no estado. No documento, a categoria solicita a “imediata realização de concurso para provimento dos milhares de postos de trabalho abandonados pelo governo”.

O sindicato também apontou que, mesmo com a precariedade de recursos humanos, as unidades conseguem realizar transplantas e procedimentos de alta complexidade. A partir de profissionais contratados precariamente e sem perspectiva concreta de continuidade.

“São hospitais sucateados, com funcionários envelhecidos porque não há concursos há mais de 30 anos, sacrificados por salários irrisórios e impedidos de se aposentarem, por conta de perderem boa parte dos seus já parcos vencimentos, significando eventual aposentadoria uma condenação à velhice miserável”, consta na nota de repúdio.

O SindMed também se comprometeu a apresentar aos gestores do estado e do município do Rio de Janeiro a posição do Ministério da Saúde. De forma a solicitar manifestação e providências eventuais quanto à readequação da rede para procedimentos de baixa complexidade, como afirmado por Mandetta.

“Em especial se considerando os montantes financeiros dessas instituições, que, mesmo com esses recursos, ainda segundo o ministro, pagam salários irrisórios e se encontram sucateados”, escreveu o sindicato.

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Ministério da Saúde pode abrir até 8 mil vagas temporárias

Como adiantado por FOLHA DIRIGIDA, está em tramitação no Ministério da Economia um pedido de autorização para uma nova seleção para ingresso nos hospitais federais do Rio. A solicitação, a princípio, era para 4 mil vagas temporárias.

Porém, com o avanço do Coronavírus, o Ministério da Saúde subiu esse quantitativo para 8 mil vagas. O empasse, no momento, é a liberação do orçamento para abertura do processo seletivo. A decretação do Estado de Calamidade Pública da União, por sua vez, pode ajudar para que a verba seja liberada mais rapidamente.

As informações foram confirmadas à reportagem pela Assessoria de Imprensa do Núcleo do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro (Nerj). É esperado que a nova seleção contemple áreas médicas, de enfermagem e também administrativa.

Os trâmites para o edital já estão em elaboração, porém dependem da liberação do orçamento pelo governo federal para serem concluídos. Desde março, são realizadas reuniões com o Ministério da Economia para que a verba saia o mais rápido possível.

O objetivo do processo seletivo é recompor o quantitativo de profissionais nas seis unidades do Ministério da Saúde na capital fluminense. Ou seja: Bonsucesso, Andaraí, Cardoso Fontes, Ipanema, Lagoa e Servidores do Estado.