Hospitais Federais do Rio: mesmo com déficit, 400 são demitidos
Sem concurso há dez anos e com carência de 8 mil profissionais, cerca de 400 temporários dos hospitais federais do Rio são demitidos.
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Publicado em:03/06/2020 às 09:30
Atualizado em:03/06/2020 às 09:30
Em meio à pandemia do Coronavírus, cerca de 400 funcionários dos Hospitais Federais do Rio de Janeiro foram demitidos. A situação é grave, uma vez que há um déficit de 8.243 servidores, de acordo com a Defensoria Pública da União (DPU).
O contrato de milhares de temporários foi encerrado no final de maio. Porém, no dia 28, foi publicada uma Medida Provisória para prorrogar por seis meses a contratação de 3.592 profissionais nas unidades de Saúde.
Apesar da decisão, 400 funcionários foram desligados de suas funções. Na manhã desta quarta-feira, 3, esses profissionais fizeram uma manifestação na porta do Hospital Federal dos Servidores, na Zona Portuária da capital.
Em entrevista à Rede Globo, uma técnica de enfermagem disse que é ‘loucura’ o governo dispensar funcionários em plena pandemia.
"Em meio a essa pandemia, toda essa loucura que estamos vivendo. Nossos setores são importantes, centro cirúrgico e central de esterilização, e desses dois setores, 33 funcionários foram demitidos sem explicação nenhuma", constatou.
Depois de tomar conhecimento das demissões, a DPU pediu à Justiça que intime o Ministério da Saúde para saber os critérios utilizados na recontratação dessa mão de obra.
Em 2017, o Conselho Regional de Medicina (Cremerj) entrou com uma ação para obrigar o Ministério da Saúde a renovar os contratos temporários até a abertura de novo concurso de efetivos. Na época, o juiz concedeu uma tutela provisória de urgência.
Até hoje, o concurso para os hospitais federais do Rio não foi realizado. De acordo com os manifestantes, dessa maneira, as demissões podem ser consideradas ilegais.
Cremerj cobra novo concurso para os hospitais federais
Para suprir a carência, o Ministério da Saúde recebeu autorização para contratar 4.117 profissionais temporários para as unidades federais do Rio. Por sua vez, o Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremerj) repudia a abertura dessas por tempo determinado e cobra concurso para efetivos.
A categoria revela que a carência de servidores na rede federal foi acentuada pela pandemia da Covid-19. Quanto a isso, o Cremerj e sindicatos dos profissionais de Saúde defendem a admissão de efetivos para rede, por meio de concursos públicos.
"O recorrente problema da falta de recursos humanos na rede federal não é de hoje. Mas, foi agravado pela pandemia. O CREMERJ tem cobrado há anos a contratação de médicos e demais profissionais de saúde para a rede, principalmente por meio de concurso público, com salários compatíveis com o mercado e plano de carreira. As contratações temporárias não são atraentes e não garantem segurança profissional", consta em nota enviada à reportagem.
O último concurso para os hospitais federais no Rio de Janeiro ocorreu há dez anos. Para o defensor regional de Direitos Humanos da DPU no Rio, Daniel Macedo, a situação é muito grave.[tag_teads]
“Uma das maiores violações de direitos humanos já vistas na temática de saúde está em curso no Estado do Rio de Janeiro”.
Ministério da Saúde abre 4 mil vagas temporárias no Rio
No último dia 15 de maio, o Ministério da Saúde divulgou edital com 4.117 vagas temporárias para unidades do Rio de Janeiro no combate ao Coronavírus. A oferta é para cargos dos níveis médio, técnico e superior, com vencimentos de até R$11 mil.
A seleção para o Ministério da Saúde ocorreu por meio de análise curricular. O contrato de trabalho será de seis meses, podendo ser prorrogado por até dois anos, conforme a situação de calamidade pública provocada pela pandemia da Covid-19.
O Ministério da Saúde também recebeu aval para preencher 5.158 vagas temporárias. A autorização, dessa vez, é para contratações em hospitais de todo país.
As chances são para profissionais da área da Saúde com formação de níveis intermediário (técnico) e superior. Os contratados atuarão nas atividades de assistência e apoio à assistência à saúde, nas cidades do país que fazem frente ao combate do novo Coronavírus.