INSS: proposta de reestruturação prevê concursos periódicos
Plano de reestruturação do INSS elaborado por grupo independente prevê concursos periódicos na autarquia e mudanças na carreiras.
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Publicado em:08/07/2020 às 05:16
Atualizado em:08/07/2020 às 05:16
Nos últimos anos o Instituto Nacional do Seguro Social tem passado por uma série de mudanças que visam adequar a autarquia aos novos tempos e promover uma melhor prestação de serviço.
O concurso INSS, inclusive, tem sido adiado sob a justificativa de algumas dessas mudanças, além da questão orçamentária.
Essa transição, embora importante e inevitável, gera uma série de incertezas para a carreira do Seguro Social e para o próprio futuro do Instituto.
Com isso em vista, uma proposta de reestruturação foi elaborada por um grupo de servidores, de forma independente, incluindo previsão de contratações a cada dois anos e mudanças na estrutura dos cargos.
Apesar de não ter vínculo com a Administração, o projeto é apoiado por entidades de representação da categoria, como é o caso da Associação Nacional dos Membros da Carreira do Seguro Social (ANACSS).
A proposta na íntegra pode ser encontrada no site Transforma INSS.
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De acordo com o texto, o que se propõe em relação ao concurso INSS é que ele seja realizado periodicamente, a cada dois anos. Os quantitativos de vagas solicitados seriam baseados em um dimensionamento da força de trabalho e nas limitações orçamentárias.
“A profissionalização da gestão pública demanda uma nova política de recrutamento e seleção, em que a Administração realize concursos públicos periódicos e previsíveis, ainda que com a oferta de menor quantitativo de vagas, comparando-se historicamente com edições anteriores, em função, por exemplo, das limitações orçamentárias. É o que acontece, de forma análoga, com os concursos das carreiras diplomáticas, das carreiras militares e da carreira de policial federal.”
Um novo concurso INSS, como vem sendo noticiado, só tem previsão para ser realizado a partir de 2022. Até lá, alguns profissionais da área alertam, já deverá ter sido aprovada a Reforma Administrativa e, possivelmente, a reestruturação da autarquia e da atual Carreira do Seguro Social.
O que se pretende com esta proposta, informam fontes de FOLHA DIRIGIDA, é lançar as bases conceituais para essas eventuais reestruturações. Bases essas que visam, principalmente, a valorização da carreira.
Proposta também quer mudanças na carreira e na escolaridade
Outro ponto importante na proposta elaborada diz respeito à estrutura da carreira do seguro social, com destaque para o técnico. Cargo que hoje exige o nível médio em concursos INSS, e que, de acordo com o projeto apresentado por servidores, passaria a ser de nível superior.
"Com a reestruturação do INSS enquanto autarquia (...) seria necessário uma reestruturação do seu quadro de pessoal, por meio de alterações na Carreira do Seguro Social, tendo em vista, especialmente, o aumento da quantidade de atribuições dos cargos, da complexidade inerente a estas e, ainda, dos níveis de responsabilidade atribuídos.”
No documento, defende-se que a mudança nos requisitos de ingresso seria um reconhecimento aos altos níveis de complexidade e de responsabilidade das atribuições do cargo de técnico e demais cargos de nível intermediário.
A proposta diz ainda que este tema é fruto de debate no âmbito da autarquia há mais de uma década. Atualmente, 70% dos titulares ativos de cargos de nível intermediário no INSS, como técnico, possuem formação de nível superior.
A ideia, contudo, não é alterar a natureza do cargo, somente alterar o requisito de ingresso, como forma de adaptar o novo servidor à evolução do perfil profissional em andamento. Além disso, um curso de formação seria incluído no concurso público, como forma de adaptar o novo servidor ao trabalho.
Se a reestruturação da carreira ocorresse conforme as bases dessa proposta, o cargo de técnico passaria então a exigir nível superior em qualquer área, enquanto o de analista permaneceria exigindo a graduação de acordo com a especialidade da vaga.
A proposta é independente e não tem qualquer vínculo com a Administração da autarquia. Essas mudanças no INSS e reestruturações nas carreiras ainda não foram realizadas e nem há informação oficial do INSS sobre como isso será feito.
Sem concurso INSS, autarquia teve redução significativa de servidores
O documento com a nova proposta de reestruturação do INSS também traz dados sobre o quadro de pessoal nos últimos anos. Segundo levantamento realizado internamente, cerca de 12 mil servidores deixaram o órgão só entre 2016 e 2019.
Tais aposentadorias, aliadas à manutenção do número de unidades de atendimento e administrativas, “deixou insustentável a missão de manter a qualidade dos serviços prestados.”
Situação que resultou em um acúmulo, este ano, de quase 2 milhões de processos pendentes para análise. Vale destacar que, com a digitalização, o INSS registrou aumento na produtividade dos servidores, que analisaram mais benefícios, mas ainda assim não foi o suficiente para impedir o aumento exponencial da fila.
A principal razão foi o déficit de pessoal. Com essas políticas, agora é evidente a necessidade de se repor a força de trabalho perdida em função das vacâncias dos cargos de provimento efetivo.
A autarquia pretende realizar um redimensionamento do quadro de pessoal até o final de 2021, de modo que um edital para efetivos possa sair no ano seguinte. O último pedido de concurso foi encaminhado em 2018.
Na ocasião, foram solicitadas mais de 10 mil vagas, sendo mais de 2 mil referente ao concurso anterior (que ainda estava vigente na época) e 7.888 vagas em um novo edital.
A solicitação contemplava as carreiras de técnico (nível médio), analista (nível superior) e médico perito (nível superior). Mas o número de vagas que serão contempladas em um próximo edital ainda é uma incógnita, já que o Instituto irá fazer um redimensionamento do quadro.
TÉCNICO
ANALISTA
MÉDICO PERITO
- Escolaridade: nível médio - Nº de vagas: 3.984 - Remuneração: R$5.186,79
- Escolaridade: nível superior - Nº de vagas: 1.692 vagas - Remuneração: R$R$7.659,87
- Escolaridade: nível superior em Medicina - Nº de vagas: 2.212 - Remuneração: R$12.683,79
Em entrevista à FOLHA DIRIGIDA, um dos diretores da Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps), disse que hoje precisariam ser contratadas, pelo menos, 20 mil pessoas para repor o quadro efetivo da autarquia.
O último concurso para técnicos e analistas do INSS foi realizado em 2015. A seleção contou com 950 vagas, mas o número foi considerado inexpressivo diante do déficit já existente na época. No caso de médico perito, a seleção anterior foi aberta em 2011, com 375 vagas.