Máscaras caseiras salvam vidas, mas também a renda na quarentena

Produção de máscaras de tecido vira fonte de renda durante o isolamento social

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Publicado em:05/05/2020 às 16:00
Atualizado em:05/05/2020 às 16:00

Para diminuir a disseminação do novo Coronavírus (Covid-19), o Ministério da Saúde recomenda a utilização de máscaras. Em algumas cidades, o uso é obrigatório. Para driblar a crise econômica desencadeada pelo isolamento social, artesãos e costureiros apostam na produção de máscaras de tecido como fonte de renda.

É o caso de integrantes do projeto Deslocamento Criativo, em São Paulo, que reúne refugiados e imigrantes contemporâneos que atuam nas áreas de Economia Criativa e moda. Diante da quarentena, muitos perderam sua renda e trabalho.

As máscaras de tecido se tornaram alternativas viáveis para enfrentar a crise. Em entrevista à FOLHA DIRIGIDA, a idealizadora e diretora do projeto, Maria Nilda Santos, contou que as primeiras unidades foram feitas antes mesmo da orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde.

Máscaras
Renée Ross-Londja integra projeto para 
confecção de máscaras (Foto: Arquivo)

Ela definiu a confecção dos acessórios de proteção como um “meio importante de sobrevivência” para os profissionais.

“Para esta ação da produção de máscaras, reunimos cinco (refugiados) que já possuíam máquina de costura em casa. Quando a demanda cresce, tentamos arranjar local onde possam costurar e/ou emprestar máquinas”, explicou.

As máscaras do projeto Deslocamento Criativo apresentam um diferencial: são feitas com estampas africanas. O que também revela a interculturalidade aplicada na produção.

Todas as unidades são vendidas pela internet, porque a ideia é gerar renda para os profissionais.

“Mas, há quem compre em quantidade para doar e assim ajudar mais de um grupo ao mesmo tempo”, revelou a diretora do projeto.

Maria Nilda ainda caracterizou a ação como emergencial para enfrentar a recessão econômica ocasionada pela Covid-19.

“Considerando isso, estamos contentes em poder contribuir para gerar renda e, ao mesmo tempo, minimizar a propagação do vírus. Foi surpreendente, mais trabalho do que imaginávamos, felizmente”, concluiu.

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O que antes era um hobby, agora se torna profissão

A crise do Coronavírus também transformou antigos hobbies em profissão. Em Araguari, município de Minas Gerais, Lorena Nogueira dos Santos sempre teve afinidade com artesanato e costura. Mas, suas produções eram destinadas apenas para renda extra.

Em conversa com FOLHA DIRIGIDA, ela contou que, em 2013, passou por uma crise financeira em função da perda de um emprego. Nessa época, Lorena ganhou uma máquina de costura de um amigo. Como não sabia manusear, procurou um curso de corte e costura industrial para se profissionalizar.

“Desde então tudo fluiu. Pude expor meu talento e aprender a cada dia. Eu tenho muito afeto pela costura. Faço consertos em geral e peças como almofadas, necessaires, bolsas. E ganho um extra”, relatou.

Mesmo assim, a costura não se tornou sua principal fonte de renda. Lorena conseguiu um emprego na cantina de uma escola e passou a concilia-lo com os trabalhos manuais. Porém, com o avanço da Covid-19 no país, tudo mudou.

 

Máscaras de tecido
Lorena produz as máscaras em sua própria casa e vende os modelos
por R$5 (Foto: Arquivo Pessoal)

 

"Quando fomos assolados pela pandemia, eu fui afastada do meu trabalho na escola sem previsão de volta. Me vi mais uma vez frente a frente com a costura. Eu tinha algum tecido em casa e elásticos, comprei mais alguns e comecei a confeccionar as máscaras”, contou Lorena.

Os modelos de tecido descartáveis foram destinados à doação e as reutilizáveis à venda por um valor de R$5. “Isto tem me ajudado a obter renda e passar por este momento. Ajudando ao próximo e a mim mesma”, definiu.

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E-book do Sebrae RJ ensina como fazer máscaras de tecido

Quem quer começar a produzir máscaras caseiras pode ler o e-book  “Passo a passo para fazer sua máscara de tecido”, lançado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial do Rio de Janeiro (Sebrae RJ), em abril.

O material é gratuito e oferece dois tutoriais. Um mais simples, para confecção caseira, e outro técnico, com uso de máquina de costura. O e-book orienta ainda sobre a utilização e higienização corretas das máscaras.

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De forma a garantir a eficiência como barreira de proteção difundida pelas autoridades sanitárias. O Sebrae também disponibiliza moldes em três tamanhos: adulto, infantil e para bebês. Todo o conteúdo pode ser acessado pelo link.

“A área de Moda da instituição desenvolveu, com o auxílio técnico da área de Saúde, o e-book com o passo a passo da produção de máscaras em tecido como forma de auxiliar a população na contenção da pandemia. O incentivo à produção desta peça, agora de uso obrigatório, é uma ação importante também para estimular a geração de renda para muitos que tiveram suas atividades pausadas em função do confinamento" explicou Leana Braga, gerente de Moda do Senac RJ, ao jornal Extra.

Por Bruna Somma – bruna.somma@folhadirigida.com.br