Mineradora Vale vai entrar no grupo de empresas 'sem dono' da Bolsa
Outras organizações já fazem parte desse time, por enquanto, seleto. São elas: Renner - a pioneira, em 2005 -, Embraer, Hering, BR Malls, TOTVS e Linx.
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Publicado em:29/10/2020 às 15:00
Atualizado em:29/10/2020 às 15:00
A partir de novembro, a mineradora Vale, vai entrar para a lista de empresas "sem dono" listadas na Bolsa. A informação foi publicada na última quarta-feira, 28, pelo portal de notícias do jornal O Globo. Mas, afinal, o que são as empresas "sem dono"?
De acordo com a reportagem, são companhias nas quais nenhum acionista tem mais da metade do capital nem grupos de detentores de ações que, juntos, tenham tamanho suficiente para influenciar a vida da empresa.
Outras organizações já fazem parte desse clube, por enquanto, seleto, como a Renner, Embraer, Hering, BR Malls, TOTVS e Linx.
Para se adequar à nova realidade, a Vale terá que vender 20,26% do seu capital na Bolsa, o que equivale a cerca de R$67 bilhões, considerando o valor de fechamento das ações na terça-feira, 27.
Estima-se que, das 360 companhias com ações negociadas na Bolsa (B3), menos de 7% podem ser classificadas como corporações.
"É um movimento que vem crescendo. Embora não seja a maioria das companhias, temos visto mais empresas pulverizando suas ações, seja nos IPOs (ofertas públicas iniciais de ações) recentes ou em companhias que já estão listadas", disse o advogado Fernando Silveira Carvalho, sócio de TozziniFreire Advogados na área de Direito Societário, que fez a estimativa de corporações existentes na B3.
Além da Vale, outras empresas estão se preparando para virarem corporações. A Light, concessionária de energia do Rio, é uma delas. O movimento veio depois que o empresário Beto Sicupira, acionista da AB Inbev, Kraft-Heinz e Burger King, comprou estimados 10% das ações da companhia.
Segundo notícia publicada pelo O Globo, metade desses papéis foi comprada do fundo comandado por Ronaldo Cezar Coelho, que agora passa a ter 17,5% das ações da Light. O restante teria sido adquirido via mercado.
Vale se juntará a Renner e a outras empresas "sem dono" na Bolsa
(Foto: Ricardo Moraes/Reuters)
No Brasil, a Renner, foi a primeira a diluir as suas ações na Bolsa, em 2005. Na ocasião, a americana J.C. Penney decidiu vender o controle da Renner em uma oferta pulverizada, numa inédita operação no mercado de capitais brasileiro.
"Foi nosso segundo IPO, já que a empresa tinha capital aberto na Bolsa desde 1967. E na venda das ações em 2005, entre 90% e 95% das ações ficaram com investidores estrangeiros, que já conheciam o modelo de pulverização de ações e avaliavam como positiva a transparência da empresa e a qualidade de informações da empresa que ele trazia", disse Paula Picinini, diretora de relações com investidores da Renner em entrevista ao Globo.
De acordo com a Renner, desde a pulverização, a empresa viu seu valor de mercado crescer mais de 3.600%, passando de R$900 milhões, em 2005, para R$33 bilhões, atualmente.
Em 2006, a empresa até criou o Manual para a Participação de Acionistas em Assembleias, com a finalidade de enviar com antecedência as informações necessárias à tomada de decisão de voto pelos detentores de ações.
O manual brasileiro foi desenvolvido com base em similares que existem no exterior em companhias com capital pulverizado e virou referência para o mercado brasileiro, conta Picinini.