Novos critérios para concessão de bolsas de pós-graduação

Modelo vai priorizar, por exemplo, desempenho acadêmico

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Publicado em:06/03/2020 às 04:00
Atualizado em:06/03/2020 às 04:00

Nesta sexta-feira, 6 de março, começa a valer o modelo inédito de concessão de bolsas de pós-graduação – mestrado e doutorado – da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Com as novas regras, a distribuição de vagas será de forma unificada, levando em consideração fatores como desempenho acadêmico e o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM).

Mais de 350 instituições de ensino superior, públicas e privadas, serão abrangidas pelo novo modelo de concessão de bolsas de pós-graduação. A oferta é de 84 mil bolsas.

Saiba tudo sobre o novo modelo:

Novo modelo para concessão de bolsas começa na sexta, 6

O objetivo do novo modelo de concessão é distribuir as bolsas com base no desempenho acadêmico e no desenvolvimento do município do curso. Também foi revista a forma de distribuição de vagas para cursos.

Os estudantes que já receberam o benefício não entram na nova regra. Elas valem apenas para as vagas que não estiverem em uso. 

Já as bolsas cuja conclusão da pesquisa está prevista para este ano estarão sujeitas ao modelo. Esta é a primeira vez que a Capes estabelece regras unificadas para concessão de bolsas de pós-graduação.

Conheça os critérios que serão adotados no cálculo da concessão:

♦ Por área

Agora, as bolsas serão distribuídas apenas para cursos dentro da mesma área de conhecimento. Ou seja, uma bolsa de Filosofia não será redistribuída para um curso de Engenharia, por exemplo.

♦ Desempenho acadêmico

Quanto mais elevada for a nota obtida pelo curso na avaliação periódica da Capes maior será o número de bolsas a que ele terá direito. O objetivo é valorizar o mérito acadêmico, equilibrando a distribuição de bolsas com o resultado da avaliação. 

♦ Impacto local

A concessão de bolsas de doutorado e mestrado também levará em conta o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Com isso, um curso localizado em cidade com o índice baixo terá peso duas vezes maior no cálculo do número de bolsas do que um curso semelhante ofertado em um município com índice muito alto.

Com isso, a Capes espera gerar impacto social e econômico nos municípios menos desenvolvidos.

♦ Número de formados

O número de estudantes titulados por curso também será levado em consideração na concessão de bolsas. 

Para realizar essa classificação, a Capes irá comparar o número médio de titulados no período de 2015 a 2018 com a média de titulados do colégio (classificação utilizada pela Capes em suas atividades de avaliação da pós-graduação).

♦ Mais doutores

Com foco na meta 14 do Plano Nacional de Educação (PNE), de titular 25 mil doutores por ano até 2024, os cursos de doutorado receberão mais bolsas do que os de mestrado – meta já superada.

Cursos podem perder até 10% das vagas ou ganhar até 30%

O novo modelo que a Capes implementa, portanto, prevê a distribuição de bolsas de forma unificada. Ele revê, por exemplo, casos em que cursos de excelência têm número de vagas inferior a cursos com nota mínima.

Cursos que possuem a mesma nota, que estão na mesma área de conhecimento e localização geográfica, mas contam com quantitativos de vagas muito diferentes, também entram na mudança.

Segundo informações da Agência Brasil, como novos critérios, cursos de mestrado e doutorado pior avaliados poderão perder até 10% das bolsas. Aqueles melhor avaliados poderão ter um incremento de até 30%. 

Atualmente, as universidades e os programas de pós-graduação podem remanejar a quantidade de bolsas que têm à disposição. Se um bolsista conclui a pesquisa, o valor que ele recebia é repassado para um novo estudante do mesmo programa. 

Agora, as bolsas serão redistribuídas, aquelas que forem desocupadas serão remanejadas entre as instituições e os programas de acordo com os novos critérios estabelecidos pela Capes. Não irão permanecer necessariamente no mesmo programa.

(Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Capes implementa novo modelo para conceder bolsas de pós-graduação
(Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Instituições vão oferecer 84 mil bolsas

As 350 instituições de ensino superior, públicas e privadas vão oferecer 84 mil vagas em bolsas de estudo. A oferta leva em consideração os 5,7 mil cursos que possuem notas de 3 a 7, na avaliação da Capes. 

As vagas vão abranger os programas de pós-graduação que foram classificados pela Capes em três tipos, chamadas de colégios: Ciências da Vida, Humanidades e Ciências Exatas, Tecnológicas e Multidisciplinar. 

As novas regras valem para 2020 e 2021, para os Programa de Demanda Social (DS), Programa de Excelência Acadêmica (PROEX), Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares (PROSUP) e Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições Comunitárias de Ensino Superior (PROSUC). 

As instituições de ensino foram comunicadas sobre o modelo na terça-feira, 3. De acordo com a Capes, os critérios foram discutidos com o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (Foprop). 

Ao longo do ano, a Capes vai monitorar o processo de implementação que, segundo a fundação, poderá ser aprimorado em conjunto com entidades de classe e comunidade acadêmica.