Você sabe como diminuir o impacto na demissão de um funcionário?
A demissão humanizada tem como objetivo tratar a pessoa que está sendo desligada com respeito, de forma humana e nada robótica ou meramente processual.
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Publicado em:08/10/2020 às 10:00
Atualizado em:08/10/2020 às 10:00
Você já ouviu falar sobre o termo "demissão humanizada"? Essa é uma expressão que representa um dos maiores desafios dos gestores: o desligamento de colaboradores. Mas, afinal, como diminuir o impacto desse desligamento?
Para Fernanda Medei, CEO e cofundadora da Medei, plataforma que torna as demissões mais ágeis, transparentes e humanas, a demissão humanizada deve ser sempre utilizada com empatia e transparência dos motivos da finalização do relacionamento entre empresa e funcionário.
Independentemente do tempo que passou como funcionário daquela empresa, a pessoa que está de saída precisa ser tratado com respeito, de forma humana e nada robótica ou meramente processual.
"A premissa da demissão humanizada é uma dispensa cuidadosa, explicada, justificada e comunicada de maneira atenciosa; com transparência nas informações e no procedimento, de maneira que a pessoa demitida compreenda completamente seus direitos, os valores recebidos e o porquê de cada informação."
A CEO destaca que são muitos os benefícios ao adotar o desligamento humanizado. E eles se estendem tanto para os profissionais, quanto para os gestores responsáveis pelo desligamento.
"Os benefícios são muitos, mas, principalmente quando feito da maneira adequada, ajuda profissionais a seguirem em frente na carreira, além de tornar esse processo o menos doloroso possível. Já para empresas, aumenta o sentimento de lealdade do time, minimiza os danos ao clima organizacional e causa fortalecimento da marca empreendedora", ressalta.
A gestão humanizada está em alta e a pandemia do Coronavírus vem acelerando cada vez mais esse processo com o objetivo de remodelar a forma de trabalhar, gerir negócios e, até mesmo, de se relacionar.
Uma pesquisa realizada pelo LinkedIn, em parceria com a CensusWide, entrevistou 11.500 profissionais de 14 países, entre 18 e 65 anos. O levantamento descobriu que:
46% dos profissionais acreditam que ter relações pessoais com os colegas de trabalho os tornam mais felizes;
os colaboradores que possuem laços pessoais entre si são 50% mais motivados e 39% mais produtivos; e
56,3% dos brasileiros da pesquisa afirmam que a amizade corporativa transforma o ambiente da empresa em um lugar mais agradável.
Se as relações humanas, sobretudo no ambiente de trabalho, estão mudando, porque um momento tão delicado quanto o da demissão precisa continuar sendo engessado?
Ao ser questionada sobre qual caminho uma empresa precisa seguir para adotar o desligamento humanizado, Fernanda destaca que, primeiro, é preciso entender a importância de orientar e, até mesmo, treinar os líderes para a realização de uma demissão.
"A maior parte dos líderes sabe muito bem admitir um funcionário, mas não sabe como demitir e, por vezes, o gestor acaba falando ou agindo de forma inapropriada. Não por não saber lidar com o sentimento que ocorre no momento da demissão. Para quem demite, não é uma tarefa fácil: existe a ansiedade, medo e até mesmo rejeição em ter que fazer este confronto de término de relacionamento. Na verdade, ninguém está preparado para lidar com o término de relacionamento."
Outros pontos destacados pela CEO é ajudar o líder a ter empatia e se colocar no lugar do funcionário, para entender o que se passa, e mais do que isso: que essa empatia comece na decisão de demitir.
"Após decidir, reunir todos os dados, números e informações para que não haja nenhuma dúvida, gerando desgaste. Já a terceira, é fazer uma reunião de demissão que possibilite não apenas falar com o funcionário, mas que ele também seja ouvido."
Quais iniciativas podem ser adotadas no desligamento do funcionário?
Na tentativa de minimizar os impactos da demissão, Fernanda dá exemplos de iniciativas que podem ser adotadas e propostas aos funcionários que serão demitidos. Entre elas:
extensão do plano de saúde;
cursos de atualização;
ajuda para o funcionário desligado realizar o networking; e
priorização no banco de talentos.
"Há muitos outros exemplos de ações de empresas que realmente prezaram pelo bem dos funcionários: doação de equipamentos de trabalho, acesso à universidade interna e promoção de campanhas digitais para recolocação desse ex-funcionário", acrescenta.
Fernanda também dá dicas para aqueles que foram demitidos e buscam o reingresso no mercado de trabalho pós-pandemia:
"Não desanimem! A recolocação em momentos de crise costuma ser demorada, mas seguir melhorando o currículo, treinando para entrevistas - digitais ou presenciais - e fazendo cursos de atualização são ações fundamentais. Façam uma boa gestão financeira: cortem luxos desnecessários e evitem fazer dívidas, para que as rescisões durem mais tempo e que quando o novo trabalho chegar, ainda haja dinheiro para fazer investimentos para o futuro."