Outubro Rosa: servidora buscou forças no trabalho para vencer o câncer

Conheça a história de Josania Oliveira Costa, a enfermeira que encontrou forças no trabalho para vencer a luta contra o câncer de mama.

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Publicado em:21/10/2019 às 04:00
Atualizado em:21/10/2019 às 04:00

Outubro é o mês dedicado à conscientização sobre a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama. FOLHA DIRIGIDA aproveitou a campanha do Outubro Rosa para lembrar às concurseiras e servidoras públicas sobre a importância do autocuidado.

Dando continuidade às matérias especiais sobre o Outubro Rosa, é a vez de conhecer a história da enfermeira Josania Oliveira Costa. A servidora pública, que trabalha há oito anos no Hospital Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, descobriu o câncer de mama em 2016.

“No fim de 2016 eu fiz exames periódicos que toda mulher faz de seis em seis meses e os resultados foram normais. Mas, o meu ginecologista solicitou uma ultrassonografia de mama e uma transvaginal. Foi através da ultra que eu descobri um nódulo, que até então estava com 0,5 milímetros de tamanho. Era considerado muito pequeno, mas estava instalado”, relembrou.

Josania Oliveira
Josania Oliveira Costa
(Foto: Arquivo Pessoal)

Josania precisou aguardar até março do ano seguinte para dar início a uma investigação mais profunda sobre a situação da doença, até que finalizassem as festas de fim de ano. Além disso, ela precisou cuidar de sua mãe, que acabou falecendo durante esse período. 

“A partir de março começou a trajetória. Foram muitos exames: ressonância, biópsia. Aí foi constatado o diagnóstico pelo oncologista e nós partimos para a primeira cirurgia que seria para, apenas, retirar o nódulo.”

Com um parecer da patologista de que não havia sido deixado nenhum resíduo do nódulo após a cirurgia, Josania foi encaminhada para o início do tratamento de radioterapia. Foi a médica que solicitou um exame de comprometimento de margens, que deu positivo.

Então Josania partiu para uma segunda cirurgia, onde seria avaliada qual era a margem ao redor do nódulo. Durante o procedimento, o médico identificou que havia comprometimento total da mama.

“O tumor pulverizou, ele era pequeno, mas é como se tivesse explodido. Foi por isso que ele contaminou toda região”, explicou.

Uma terceira cirurgia foi realizada. Josania teve que retirar toda a mama direita e usar um dreno por quase um mês. Depois disso passou por seis sessões de quimioterapia vermelha e, atualmente, faz tratamento quimioterápico oral.

“Hoje eu não tenho indicação para fazer reconstituição mamária, porque foi uma cirurgia muito agressiva, uma raspagem na costela mesmo para garantir a cura”, disse.

Josania encontrou forças para enfrentar a doença no trabalho

Mesmo após a cirurgia e a retirada do nódulo, o tratamento continua. Além da quimioterapia oral, Josania faz acompanhamento de seis em seis meses, com diversos médicos. Entre eles, um psiquiatra.

“Nosso emocional, mesmo sem querer, é abalado por conta das medicações. Mas, eu tirei muito proveito disso porque, apesar de todo o transtorno, tive muita força e não parei de trabalhar durante todo o período”, destacou.

A enfermeira disse que batalhou muito para que pudesse voltar, o mais rápido possível, a fazer uma das coisas que mais gosta: trabalhar. Normalmente, o médico recomenda o afastamento até terminar todo o processo de tratamento.

“Meu médico teve muita resistência no início para autorizar minha volta ao trabalho, porque eu não poderia fazer esforço com o braço direito, que ficou comprometido. Mas, minha oncologista conversou com ele, explicou como era e aí fluiu.”

Josania contou que não queria ficar tanto tempo afastada, pois tinha medo de entrar em depressão. Em vez disso, queria voltar ao hospital e ajudar as mães com seus recém-nascidos.

“A quimioterapia destrói aquilo que não serve, mas ela destrói boa parte do que é bom também, a autoestima principalmente, então temos que ter uma cabeça bem voltada para outro objetivo, desfocar da doença”, enfatizou.

Ao voltar foi recebida com carinho pelos colegas. “Eu tive muito apoio no meu trabalho, como tenho até hoje, tanto da minha chefia direta como da indireta e dos colegas de trabalho. Tudo ocorreu maravilhosamente bem.”

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Outubro Rosa
Mês de outubro é destinado à conscientização e prevenção do câncer de mama
(Foto: Divulgação/Ministério da Saúde)

Servidora pública fala sobre a importância de manter uma rede de apoio

Além do trabalho, Josania dividia seu tempo com a igreja, onde também recebeu muita ajuda. A enfermeira aproveita para falar do apoio que recebeu do marido. “Ele carregou tudo sozinho, chorava escondido, mas esteve do meu lado a todo tempo, em cada procedimento.”

Também participou de grupos de apoio, que atuam na conscientização de mulheres e na recuperação da autoestima daquelas que enfrentaram ou ainda enfrentam a doença. Entre eles:

  • Minhas experiências: grupo para compartilhamento de experiências e orientações;
  • Coração solidário: doa almofadas de coração para ajudar mulheres no tratamento contra o câncer de mama;
  • Mamas de alpiste: fabrica próteses de mamas feitas de alpiste.

Josania explicou que existem vários outros grupos de apoio, com iniciativas para ajudar mulheres em tratamento, como doação de perucas. A enfermeira aproveitou para deixar uma mensagem a outras mulheres:

“É sempre bom lembrar sobre a questão do autocuidado, autoexame, buscando atendimento e esclarecimento anterior, porque é uma doença silenciosa. Câncer não dói e quando você vê já está instalado”, alertou.

Segundo o Instituo Nacional do Câncer (Inca), o câncer de mama é o segundo que mais afeta as brasileiras, perdendo apenas para o câncer de pele. Além dos autoexames, a indicação é que mulheres de 50 a 69 anos façam uma mamografia de rastreamento a cada dois anos. 

Ainda de acordo com o instituto, cerca de 30% dos casos de câncer de mama podem ser evitados com a adoção de hábitos saudáveis como:

  • Praticar atividade física;
  • Alimentar-se de forma saudável;
  • Manter o peso corporal adequado;
  • Evitar o consumo de bebidas alcoólicas;
  • Amamentar;
  • Evitar uso de hormônios sintéticos, como anticoncepcionais e terapias de reposição hormonal.