PEC do Orçamento de Guerra, que flexibiliza admissões, volta à Câmara
Com a flexibilização da contratação de pessoal, a PEC do Orçamento de Guerra volta para a Câmara dos Deputados após mudanças no Senado.
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Publicado em:17/04/2020 às 15:45
Atualizado em:17/04/2020 às 15:45
O Senado Federal aprovou em segundo turno nesta sexta-feira, 17, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 10/2020, nomeada como ‘Orçamento de Guerra’, que simplifica os gastos do governo para o combate à pandemia. Em função das mudanças sugeridas pelos senadores, o texto volta para análise na Câmara dos Deputados.
Mesmo com as alterações propostas, o texto ainda flexibiliza as regras para contratação de pessoal por tempo determinado durante a crise do Coronavírus. A PEC permite a admissão de profissionais, mesmo que não haja dotação prévia ou autorização específica na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).
Essa exceção vale apenas durante a pandemia da Covid-19. Se a PEC for aprovada, o governo federal poderá estourar o limite orçamentário para admissão de pessoal. Assim como para serviços, compras e obras.
A meta é que o processo seja simplificado e garanta contratações de maneira mais rápida. Tanto para admissão de pessoal, como para compra de aparelhos que sejam necessários ao combate ao Coronavírus.
O vice-presidente do Senado e relator da PEC na Casa, Antonio Anastasia (PSD-MG), classificou como positiva e necessária a contratação temporária de pessoal, ainda que sem previsão orçamentária.
Anastasia acolheu uma emenda do senador Paulo Paim (PT-RS), que inclui ao artigo a dispensa de existência de autorização específica na LDO, de acordo com o que a Constituição prevê. Na ausência da dispensa, o governo precisaria enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei para alterar o Orçamento.
O relator da PEC 10/2020 acatou, no total, 27 das 61 emendas apresentadas pelos senadores no primeiro turno. As mudanças foram mantidas em segundo turno.
Caso a Câmara aceite esse substitutivo proposto pelo Senado, o texto poderá ser promulgado. Porém, se a Casa rejeitar as alterações, será necessária uma nova análise por parte dos senadores.
Emendas para corte salarial dos servidores são rejeitadas
Deputados do Partido Novo, no início de abril, enviaram emendas à PEC 10/2020 para garantir a redução salarial dos servidores. O objetivo era cortar por tempo determinado de 26% a 50% os vencimentos, quando decretado estado de calamidade pública e financeira. Assim como a adequação proporcional da jornada de trabalho.
Essa estratégia seria válida para servidores de cargos, funções e empregos públicos da administração direta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos Poderes da União. Além dos detentores de mandato eletivo e dos demais agentes políticos.
O relator da PEC na Câmara, deputado Hugo Mota (REPUBLIC-PB) rejeitou as emendas de números 04 e 05, antes mesmo da votação no Plenário. A falta do debate no Congresso sobre esses destaques não agradou muitos deputados, como Eduardo Bolsonaro (PSL/SP).
“Mais cedo ou mais tarde, vamos ter que enfrentar a questão da redução dos salários", disse durante sessão plenária da Câmara dos Deputados, no dia 3 de abril, sobre a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 10/2020, que prevê um “orçamento de guerra” para combater a Covid-19.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP), em contrapartida, foi contra a redução salarial dos servidores públicos. Uma vez que, para ele, é uma maneira de fazer guerra política.
“Propor cortar salário do servidor público nessa PEC é uma vergonha, uma tentativa de fazer guerra política. De gente que tem desprezo pelo serviço público porque não precisa. É gente que não precisa, que tem plano de saúde, que o filho está em escola particular”, defendeu Orlando Silva.