PNAD: sobe para 12,3 milhões de brasileiros desempregados

Taxa de desocupados subiu para 11,6%, em relação ao trimestre anterior

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Publicado em:31/03/2020 às 08:46
Atualizado em:31/03/2020 às 08:46

De acordo com o IBGE, a taxa de desemprego subiu para 11,6% no trimestre encerrado em fevereiro, o que representa 12,3 milhões de brasileiros sem emprego. Os números foram divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD) nesta terça-feira, 31. 

No trimestre encerrado em novembro de 2019, a taxa era de 11,2%, o que aponta para o crescimento de 0,5 ponto percentual  em relação à última pesquisa. 

Para a analista da pesquisa, Adriana Beringuy, é normal que no início do ano ocorra essa interrupção, porque já vínhamos numa trajetória de taxas declinantes no fim do ano de 2019: 

"Não tínhamos visto essa reversão em janeiro, no entanto, ela veio agora no mês de fevereiro, provocada por uma queda na quantidade de pessoas ocupadas e um aumento na procura por trabalho." 

Apesar de a taxa de desemprego do trimestre encerrada em fevereiro de 2020 ser alta, os números são mais satisfatórios que o mesmo período do ano passado, onde o percentual de desocupação era de 12,4%.

taxa de desocupados
(Fonte: IBGE)

"O trimestre encerrado em fevereiro deste ano se apresenta com uma taxa inferior ao do mesmo período do ano passado. Essa queda foi causada pelo crescimento no número de pessoas ocupadas (1,8 milhão), o que impediu a taxa de crescer nessa comparação", explica a pesquisadora.

Adriana ressalta que o aumento da desocupação não veio do comércio, setor que, tradicionalmente, costuma demitir, no início do ano, os profissionais contratados temporariamente para o Natal. Desta vez, os setores da construção, administração pública e os serviços domésticos foram responsáveis pela alta na taxa, totalizando -4,4%, -2,3% e -2,4%, respectivamente. 

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“A construção não sustentou o movimento de recuperação que ela vinha apresentando no fim do ano passado. Já a administração pública tem uma sazonalidade, pois ela dispensa pessoas no fim e no início do ano em função de términos nos contratos temporários das prefeituras, nas áreas de educação e saúde, retomando as contratações a partir de março, após a aprovação dos orçamentos municipais", disse Adriana ao ressaltar que o serviço doméstico está muito ligado ao período de férias das famílias, as dispensas das diaristas, já que muitas famílias viajam, interrompendo a demanda por esse serviço.

Carteira de trabalho
Taxa de desemprego sobe de 11,2% para 11,6% no trimestre encerrado em fevereiro
(Foto: Agência Brasil) 

Informalidade atinge 38 milhões de brasileiros 

No trimestre encerrado em novembro de 2019, a taxa de informalidade era de 41,1%. Para este último trimestre, encerrado em fevereiro de 2020, o número caiu para 40,6%, totalizando 38 milhões de informais. 

Fazem parte desse grupo os trabalhadores sem carteira assinada, trabalhadores domésticos sem carteira assinada, empregadores sem CNPJ, os que trabalham por conta própria sem CNPJ e os trabalhadores familiares auxiliares. 

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Para Adriana, a queda da informalidade está concentrada na redução de contingentes de trabalhadores por conta própria sem CNPJ e também de trabalhadores empregados sem carteira. 

“A gente ainda vive sob a influência do mês de dezembro, em que tivemos um desempenho muito bom das contratações com carteira de trabalho. Muitas pessoas foram contratadas via carteira de trabalho no comércio, o que deu um pouco mais de consistência aos dados de formalidade. Isso pode estar contribuindo para a queda na quantidade de informais."

Outra consequência da queda da informalidade foi o aumento do rendimento, que subiu para R$2.375, alta de 1,8% no trimestre encerrado em fevereiro, se levado em consideração os R$2.373 dos meses de setembro a novembro de 2019. 

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Vale ressaltar que, em relação ao mesmo trimestre do ano passado, a alta no rendimento foi mais intensa, de 3,9%, atingindo R$2.381.

“Na medida em que se tem um contingente menor de trabalhadores na informalidade, permanecem no mercado pessoas em atividades mais formalizadas e com melhores remunerações, em setores como a indústria e alguns segmentos do comércio. Não vimos isso nas últimas PNADs, até porque a informalidade estava em trajetória de crescimento”, finaliza.