Queda na arrecadação não deve travar concursos, opina Eduardo Paes
Na estreia do programa ‘Alerta Gestão Pública’ da FOLHA DIRIGIDA, Eduardo Paes comenta sobre a relação: arrecadação X concursos públicos
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Publicado em:22/04/2020 às 16:30
Atualizado em:22/04/2020 às 16:30
Para o ex-prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, a queda de arrecadação em virtude do Coronavírus não deve travar a abertura de novos concursos no estado e no município. A declaração foi concedida nesta quarta-feira, 22, na estreia do ‘Alerta Gestão Pública’, programa ao vivo da FOLHA DIRIGIDA no Instagram.
Na visão do político, concursos regulares são fundamentais para oxigenar os quadros de pessoal. Paes pontuou a necessidade de um banco de aprovados à disposição da administração pública para não ocorrer um colapso nos serviços oferecidos à população.
Quanto a isso, o ex-prefeito do Rio exemplificou a questão da Saúde na pandemia, em que o munício tem que contratar profissionais temporários porque não dispõe de concursados para posse.
“Concurso público é sempre necessário, é sempre fundamental. Isso é tarefa de gestão. Tem que ter um banco de aprovados pronto e preparado para você colocar na ativa. Como na saúde, com médicos e enfermeiros”, afirmou.
Atualmente, a Prefeitura do Rio de Janeiro justifica a falta de concursos públicos por ter atingido o limite com gastos de pessoal na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Questionado sobre isso, Eduardo Paes afirmou que existe uma saída para as contas públicas.
Eduardo Paes considera concursos essenciais para funcionamento
da máquina pública (Foto: Divulgação)
Para ele, o município deve fortalecer seu quadro de servidores, mesmo na crise. “Essas contas da prefeitura a gente arruma. Precisamos de recursos humanos. Os sistemas de informática ajudam, mas por si só não suficientes”, argumentou.
Uma alternativa eficaz para aumentar a arrecadação pública poderia ser a abertura de concurso para fiscais de renda. Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, há cerca de 200 fiscais na ativa, enquanto a lei prevê o mínimo de 400 servidores no cargo.
Dos fiscais em exercício, cerca de 30% já têm idade para se aposentar. Diante desse cenário, Paes afirmou que essa é uma das ‘reflexões que o Coronavírus traz’.
“Fiscalização é uma área fundamental. Fazer concurso público tem que ser uma rotina, assim como uma empresa está sempre com o seus recursos humanos renovados. (É necessário) ter o mínimo de fiscais e um banco (de aprovados em concurso) para colocar na ativa”.
Na opinião do político, a tecnologia pode ajudar nessa questão. Mas, é preciso estar aliada ao quadro completo de pessoal. “(É preciso de) tecnologia mais recursos humanos para diminuir a sonegação”.
O ex-prefeito do Rio, Eduardo Paes, considerou que a pandemia do Coronavírus trouxe um novo significado para o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro. Para ele, as pessoas passaram a valorizar o serviço público diante de um possível colapso das atividades.
“A pandemia representa a ressignificação do papel do serviço público, (que vinha sendo) acusado das suas funções. Que bom que existe o SUS e uma estrutura de saúde pública eficiente”, apontou Paes ao relembrar que durante os oito anos na prefeitura do Rio realizou diversos concursos, como para Comlurb e Rioluz.
De modo geral, para Paes, o Rio de Janeiro precisa contratar temporários em função do lapso temporal sem novas seleções para efetivos.
“Os concursos caducam, acabam o prazo de validade e não fazem outros concursos no lugar. O mínimo é fazer concurso. Estamos vivendo isso agora na saúde. A prefeitura precisa de profissionais de saúde, não tem banco e precisa contratar emergencialmente”, relatou.
Na ótica do político, a crise pode evidenciar a importância dos servidores públicos para solucionar os problemas. Sobretudo nas áreas de Saúde, Educação, Ciência e Tecnologia.
“Essa pandemia mais do que nunca mostra a importância do serviço público. Nessas áreas mais ainda. Não vi nenhuma universidade particular propor alguma solução para o Coronavírus. São as instituições públicas que estão conseguindo dar respostas à crise” disse.
Na noite da última segunda-feira, 20, o atual governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, encaminhou um Projeto de Lei para a Assembleia Legislativa do Estado (Alerj) que propõe a desestatização de universidades, fundações e estatais.
No texto, o chefe do Executivo encontra uma brecha para que as universidades públicas estaduais, as sociedades de economia mista e empresas públicas do Estado do Rio de Janeiro sejam privatizadas.
Sobre esse ponto, o ex-prefeito do Rio de Janeiro classificou como ‘inconcebíveis’ as possíveis privatizações das universidades estaduais. Para ele, esse é um projeto de lei ‘mal concebido’.
“São instituições fundamentais que formaram gerações e gerações. Não vejo problemas em uma série de concessões. Porém, educação, pesquisa e saúde são inconcebíveis. Espero que o governador volte atrás”, declarou Paes ao relembrar que o Zoológico do Rio foi privatizado em sua gestão no município.