Sebrae divulga anuário que traça perfil dos trabalhadores no país
O Sebrae lançou na primeira quinzena de dezembro o novo Anuário do Trabalho nos Pequenos Negócios, que traça um perfil dos trabalhadores no Brasil.
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Publicado em:16/12/2020 às 17:00
Atualizado em:16/12/2020 às 17:00
Qual será o perfil dos trabalhadores brasileiros? Para responder a essa pergunta, o Sebrae lançou, na primeira quinzena de dezembro, o novo Anuário do Trabalho nos Pequenos Negócios. O documento traça, não só, um panorama completo da geração de empregos pelas pequenas empresas.
Além disso, o anuário traz uma comparação da atuação das micro e pequenas empresas com as médias e grandes empresas. O documento está sendo produzido há dez anos, em parceira com a Dieese.
Ao longo desse período, o anuário se consolidou como uma importante ferramenta para a elaboração de estudos, análises e de políticas públicas. O objetivo é incrementar o empreendedorismo no país e fomentar a ampliação da geração de empregos.
O documento completo conta com 327 páginas, onde são disponibilizadas informações, como diferenças salariais entre homens e mulheres, a migração de trabalhadores para o interior, a escolaridade de trabalhadores, empreendedores e trabalhadores por conta própria, além da quantidade de empresas, empregadores e de empregos por estados e regiões.
As informações são obtidas com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério da Economia, de 2018 e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua).
“A equipe de Gestão Estratégica do Sebrae dedicou-se à análise desse conteúdo para criar um material histórico e que confirma a importância dos pequenos negócios na economia brasileira, com a geração de empregos, manutenção da massa salarial e redução das desigualdades”, explicou o presidente do Sebrae, Carlos Melles.
Anuário servirá de base para estudos e análises (Foto: Divulgação)
Trabalhadores têm salários mais valorizados nas micro e pequenas empresas
De acordo com o anuário, houve aumento no número de micro e pequenas empresas. Mesmo com uma queda de 3,2% em 2018, o setor não perdeu relevância como fonte de geração de emprego e renda.
Segundo dados do Sebrae, só este segmento é responsável por 54% dos empregos no Brasil e por 44% da massa salarial dos trabalhadores. E não para por aí: a remuneração média real dos empregados nas micro e pequenas empresas tem registrado um aumento superior ao das médias e grandes empresas.
O relatório aponta que entre os anos de 2011 e 2018, os trabalhadores de pequenos negócios tiveram seus salários valorizados em 11,2%. O percentual representa quase três vezes mais do que os das médias e grandes empresas, que, no mesmo período, apresentaram um crescimento de 4,4%.
Isso fez com que a diferença salarial entre esses dois segmentos caísse quase dez pontos percentuais, passando de 58% (2011) para 48,3% (2018).
Desigualdade de gênero é menor nas pequenas empresas
Outro indicativo importante é que as micro e pequenas empresas cumprem um papel importante quando o assunto é a redução das desigualdades de gênero no Brasil. São nessas companhias que foram identificadas as menores diferenças salariais entre homens e mulheres. Além delas concentrarem uma maior participação das mulheres na função de empregadoras.
“Isso significa que os pequenos negócios são mais inclusivos e menos sexistas dos que as médias e grandes empresas”, pontuou o presidente do Sebrae.
Para se ter uma ideia, a diferença salarial entre homens e mulheres de empresas de médio e grande porte é duas vezes superior, quando comparada às micro e pequenas empresas. Os homens empregados nas médias e grandes empresas têm remuneração 30,1% maior. Já nas micro e pequenas empresas, essa diferença cai para 14,5%.
No entanto, as mulheres que trabalham na construção civil, um universo ainda considerado culturalmente masculino, são mais bem remuneradas. Na indústria é onde foi identificada a maior diferença em relação à remuneração entre homens e mulheres.
No setor, a diferença chega a 27,4%. Já no Comércio, onde os valores das remunerações são mais igualitários, o percentual fica em 10,6%.
Os salários das mulheres também são mais valorizados nos pequenos negócios. Entre os anos de 2011 e 2018, a massa de remuneração real dos empregados do sexo masculino no setor registrou aumento de 10,8% e a das mulheres, 24,5%.
Os salários delas também têm sido mais valorizados nos pequenos negócios. De 2011 a 2018, a massa de remuneração real dos empregados do sexo masculino nas MPE registrou aumento de 10,8%, enquanto o aumento para as mulheres foi de 24,5%.
As mulheres são maioria no setor de Serviços, onde correspondem a 52,4% dos trabalhadores. O setor é o que tem apresentado o maior aumento na participação da massa salarial dos empregados entre 2011 e 2018 (12,9%). Entre 2012 e 2018, a proporção de mulheres no segmento passou de 27,6% para 31%.
Na categoria “conta própria”, observou-se o mesmo movimento. Neste caso, a participação das mulheres aumentou de 32,6% (2012), para 34,9% (2018).
“Apesar delas ainda não serem maioria, temos acompanhado essa tendência de crescimento e acreditamos que esse é um quadro que deve se manter, mesmo com a influência da pandemia do Coronavírus”, destacou Carlos Melles.
Número de micro e pequenas empresas apresentou crescimento nos últimos anos
Ainda de acordo com os números do anuário. O número de micro e pequenas empresas subiu 8,5% nos últimos anos. De 2009 a 2018, o números passou de 6.585 mil (2009) para 7.142 mil (2018). No entanto, entre 2015 e 2018, houve redução de 3,2% desse quantitativo, com o fechamento de 239 mil micro e pequenas empresas.
O relatório mapeou a queda de participação das MPE no comércio e no setor de serviços:
Comércio: a queda foi de 47,1% (2009) para 38,3% (2018);
Serviço: aumentou de 34,1% para 41,7%, considerando o mesmo período.
Com isso, o setor de Serviços superou o Comércio e passou a concentrar a maior parcela de MPE. Já em relação ao número de empregados, as micro e pequenas encerraram 2018 com 17.786 mil funcionários. Número superior ao registrado em 2009, que foi de 14.968 mil. A alta foi de 18,8%.
Além disso, no período, as MPE geraram 2,8 milhões de empregos formais. Porém, de 2014 (ápice do emprego nas MPE) a 2018, houve redução de 5% nesse indicador, com a perda de 920 mil postos de trabalho.
O comércio é o setor que concentra a maior parcela das pessoas que estão empregadas nas MPE. Ao todo, são 37%. De todas as pessoas que trabalham no comércio, 71,7% estão em micro e pequenas empresas e 28,3% em médias e grandes empresas.
De 2009 a 2018 também houve migração do emprego das capitais para o interior. Em 2009, 64,3% dos empregados do sexo masculino estavam no interior do país e, em 2018, esse percentual subiu para 67,1%. O mesmo ocorreu com as trabalhadoras, com os percentuais das que estavam no interior passando de 69,1% (2009) para 71,4% (2018).
As micro e pequenas empresas do setor de serviços foram as que registraram o maior aumento na participação da massa salarial dos empregados entre 2011 e 2018 (+12,9%). A maior queda foi no setor de Construção Civil, com queda de 27%.
De 2012 a 2018, o número de empregadores aumentou 26,6%, enquanto o de Conta Própria subiu 14,9%. A maioria dos empregadores (72,2%) está concentrada na faixa etária de 35 a 64 anos, mesma faixa em que está concentrada a maioria dos “Conta Própria”.
A maior parcela dos empregadores tem ensino médio completo ou superior incompleto O percentual era de 34,6% em 2018, mas não apresentou muitas variações em todo período analisado. Já o percentual dos que têm ensino superior completo subiu de 29,5% (2012) para 34,8% (2018).
Entre os de “Conta Própria”, 34,3% tem ensino fundamental incompleto, número computado em 2018. O percentual dos Conta Própria que têm ensino fundamental incompleto registrou queda expressiva, passando de 43,4% (2012) para 34,3% (2018), enquanto o percentual dos que possuem ensino médio completo e superior incompleto subiu de 24,3% para 32,5% no mesmo período.
A região Sudeste foi a que registrou o maior aumento de empregadores do sexo feminino, de 2012 a 2018, com aumento de 58,7%. O maior aumento de empregadores do sexo masculino foi verificado na região Norte, com 29,7%, no mesmo período.