Sem novo concurso, Bacen registra mais de 2.800 cargos vagos
Até abril deste ano, o Banco Central registra 2.881 cargos sem preenchimento por aprovados no concurso Bacen para níveis médio e superior.
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Publicado em:21/05/2020 às 14:00
Atualizado em:21/05/2020 às 14:00
À espera de autorização do governo federal para realizar novo concurso, o Banco Central (Bacen/BC) registra 2.881 cargos vagos. Os dados são referentes ao mês de abril e constam no portal da instituição financeira.
Das 6.470 vagas previstas em lei, apenas 3.589 estão preenchidas. A maior carência é para analista, cujo requisito é o nível superior em qualquer área. Faltam, ao todo, 2.344 servidores no cargo.
Há ainda 401 vagas em aberto para técnico do Banco Central, carreira que exige apenas o ensino médio completo. O órgão ainda apresenta 136 cargos vagos para procurador, na qual é preciso ter Bacharelado em Direito para se candidatar.
O corpo funcional do Bacen é formado por servidores de carreira. Isto é, que foram aprovados em concurso público. Para que a instituição realize uma nova seleção precisa de aval do Ministério da Economia.
A Assessoria de Imprensa do Banco Central informou à FOLHA DIRIGIDA que pretende enviar uma solicitação para novo concurso Bacen. Os órgãos federais têm até o dia 31 de maio para encaminharem pedidos de seleções, cujo provimento de aprovados será em 2021.
Ainda que mantenha o governo atualizado sobre a carência de pessoal, o BC considera baixa a chance de aval para concurso público. Isso por conta do atual cenário econômico e fiscal do país.
“O Banco Central considera enviar nova solicitação, mas considera baixa a probabilidade de atendimento, dado o cenário fiscal. O BC procura manter o Ministério da Economia constantemente atualizado quanto à necessidade mínima de reposição de seus servidores”, consta em nota enviada à reportagem.
O número de vagas e os cargos a serem contemplados na nova solicitação não foram informados.
Atualmente, não existe pedido para concursos no Bacen em tramitação no Ministério da Economia. Isso porque a última solicitação, protocolada em 2018 e atualizada no ano seguinte, foi negada pela pasta. Segundo dados obtidos via Acesso à Informação, foram pleiteadas 260 vagas.
Desse quantitativo, 30 foram para técnico, 30 para procurador e 200 para analista. Em resposta ao pedido, o Ministério da Economia justificou “a indisponibilidade de autorização de novos concursos públicos em face da atual situação fiscal do País”.
Mesmo assim, o Departamento de Gestão de Pessoas do BC confirmou que a instituição está comprometida com a recomposição do quadro de servidores.
“O Banco Central está comprometido com a recomposição de seu quadro de pessoal e mantém constantes tratativas com o Ministério da Economia, a fim de obter autorização para novo concurso público”, explicou o setor via Acesso à Informação.
O cargo de técnico do BC oferece salários de R$7.741,31, incluindo o auxílio-alimentação de R$458. Já a carreira de analista tem remunerações de R$19.655,06. Os procuradores do Banco Central, por sua vez, têm vencimento de R$21.472,49 por mês.[tag_teads]
Resumo concurso Bacen:
Órgão: Banco Central do Brasil
Vagas: 260 solicitadas em 2018
Cargos: técnico, analista e procurador do Banco Central
Remunerações: R$7.741,31 a R$21.472,49
Status: aguardando autorização do Ministério da Economia
No aguardo pela autorização do governo federal para abrir concurso, a autonomia do Banco Central pode ser uma solução para o novo edital. Uma vez que a instituição não estaria mais subordinada ao Ministério da Economia para suprir a carência de servidores.
Estão em tramitação no Congresso Nacional dois projetos de lei que visam a independência do Bacen. O mais avançado é o projeto de lei (PLP 19/2019), do senador Plínio Valério. O texto foi aprovado no dia 18 de fevereiro, pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
O presidente Jair Bolsonaro também assinou um projeto de lei complementar (PLP 112/2019) para autonomia do Banco Central. Nesse caso, o texto está em análise na Câmara dos Deputados, porém não registra andamentos desde junho do ano passado.
Ambos os projetos devem apresentar avanços nos próximos meses porque, em mensagem enviada para abertura do ano legislativo, Bolsonaro apontou a independência do Bacen como uma das prioridades para 2020.
Na perspectiva do senador Plínio Valério (PSDB-AM), autor do PL 19/2019, o texto em análise no Senado é mais completo que a proposta encaminhada pelo Executivo.
“O projeto do Executivo está mais preocupado com a política monetária, a gente fala na política administrativa e também financeira. O nosso projeto é mais abrangente” avaliou.