Soft skills: o primeiro emprego exige quais habilidades?

Atualmente, para conseguir um emprego, não adianta ter apenas conhecimentos técnicos. As habilidades comportamentais (ou soft skills) são cada vez mais valorizadas por recrutadores na hora de realizar processos de seleção.

Essas habilidades estão relacionadas à personalidade. São elas que dizem a forma que o profissional vai se relacionar e interagir com as pessoas e, consequentemente, elas também afetam os relacionamentos dentro do ambiente corporativo.

Se você é um profissional inexperiente, essas competências podem te ajudar a conseguir o primeiro emprego. Para Jean Rosier, co-fundador e professor da Sputnik, as soft skills são necessárias independentemente da pessoa ter ou não experiência profissional.

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"Inclusive, prefiro chamar as soft skills de life skills, afinal de 'soft' elas não têm nada e também por serem habilidades para a vida", explica. Entre as habilidades exigidas pelo mercado, o especialista pontua as três principais:

• empatia;
• escuta ativa;
• inteligência emocional.

Segundo Jean, essas competências listadas acima valem para além do mercado de trabalho. "São habilidades complexas de serem entendidas, desenvolvidas e aplicadas, e que servem para a vida, não só para a profissão".

Mas elas podem ser desenvolvidas? 

O professor responde que sim. "Como o próprio nome já diz, são habilidades e como qualquer habilidade podem ser desenvolvidas". Entretanto, não há um manual prático para aprendê-las. 

"Cada pessoa tem seu nível de inteligência emocional, portanto suas dificuldades dentro desse âmbito variam de pessoa para pessoa. Cada um vai ter que encontrar os caminhos ideais para que essa habilidade possa ser desenvolvida", explica.

Por isso, o Jean afirma que o mais importante é, primeiramente, entender que é possível desenvolver as soft skills como qualquer habilidade, depois, saber que não vai ser fácil e vai dar trabalho e, em terceiro, ver que não existe uma fórmula mágica ou um guia que entregue o passo a passo e que funcione para todo mundo.

E o último ponto é que "é preciso um mergulho interno para identificar quais são suas dificuldades dentro dessas competências específicas e, a partir disso, fazer um processo de tentativas, experimentos e esforços para desenvolver essas habilidades".

Como se comportar em uma entrevista de emprego?

"Demonstrar atitude, força de vontade e personalidade", indica Jean. Além disso, ele relata que, no final do ano passado, a Sputnik e a Perestroika organizaram uma série de lives com profissionais de Recursos Humanos para identificar quais as habilidades que, com a pandemia, foram valorizadas.

"Nessas conversas, conseguimos identificar um padrão nas respostas: a maioria das profissionais de RH afirmaram que a autenticidade é um dos fatores mais valorizados na hora de contratar alguém", conta.

Jean reforça que o mercado busca, ao entrevistar um candidato, perceber o seu diferencial. Segundo ele, todo mundo é diferente e, por isso, muitas vezes o erro dos candidatos está em tentar se encaixar em um determinado perfil que eles não possuem.

"Para mim, a melhor forma de se comportar em uma entrevista é demonstrar suas virtudes e qualidades ou seja, fazer uma entrevista verdadeira onde você não tente fazer ou falar coisas diferentes do que você é."

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O especialista complementa que as empresas sempre querem a potência máxima do profissional e que só é possível entregá-la quando está sem máscaras — assumindo tanto os potenciais, quanto as vulnerabilidades.

"Acredito que a melhor forma de se comportar é com autenticidade, mostrando seus valores e sua maneira de ser. Se isso fizer sentido para a vaga e para a empresa, esse será seu diferencial e conseguirá mostrar algo diferente dos outros candidatos, o fato de você ser e demonstrar ser quem você é autenticamente".

Quais erros podem ser evitados?

O primeiro erro, segundo Jean, é tentar assumir um papel e usar atributos que não se aplicam a si mesmo, o que mostra falta de autenticidade. "Outro erro é não assumir as vulnerabilidades", acrescenta.

"Me lembro de quando fui fazer minha primeira entrevista de emprego e ao ser questionado se era uma pessoa idônea, respondi que não era, sem saber o verdadeiro significado naquele momento", relata.

Ele acredita que o fato de não assumir que não sabia o significado daquela palavra — ou seja, não assumir a sua vulnerabilidade — foi um dos motivos que o fez fracassar na tentativa da vaga.

"Mas só isso não basta, precisamos mostrar que o fato de não saber não nos bloqueia, pelo contrário, serve de estímulo para aprender e se esforçar para construir novas experiências e conhecimentos."

Dicas para conquista o primeiro emprego

A primeira dica é identificar o que você gosta de fazer e o que você faz bem, e o professor reforça que há uma diferença entre as duas coisas. "Muitas vezes sabemos fazer algo muito bem, porém que não gostamos tanto e, ao mesmo tempo, existem coisas que gostamos muito de fazer, mas que não fazemos tão bem."

"O melhor cenário, então, é encontrar um emprego que nos possibilite fazer o que gostamos, mesmo se não fizermos tão bem tal atividade, afinal, com o passar do tempo será possível evoluir e se aperfeiçoar", afirma.

"Nesse momento inicial seu principal objetivo deve ser abrir portas para conhecer e mergulhar naquele universo". Segundo Jean, conhecer pessoas da área possibilita que outras oportunidades se abram e as chances de fazer networking são maiores quando você já está inserido no mercado.

"Por isso, não espere a empresa e o emprego perfeito para começar e encontre a intersecção entre o que você gosta e o que você faz bem. Lembre-se que é só o primeiro passo e outras oportunidades virão com isso."