Unicef vai gerar um milhão de oportunidades para jovens no Brasil

A iniciativa "Um milhão de oportunidades" tem como objetivo ofertar oportunidades de formação e acesso ao mundo de trabalho para adolescentes e jovens.

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Publicado em:29/10/2020 às 08:30
Atualizado em:29/10/2020 às 08:30

Foi lançada na última quarta-feira, 28, a iniciativa "Um milhão de oportunidades" com apoio de empresas, sociedade civil, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT). 

O objetivo da ação é ofertar oportunidades de formação e acesso ao mundo de trabalho para adolescentes e jovens de 14 a 24 anos, em especial aqueles em situação de vulnerabilidade, como negros e pardos, indígenas, moradores de periferias urbanas e áreas rurais e pessoas com deficiência. 

Para Florence Bauer, representante da Unicef no Brasil, o programa "parte do princípio de que uma oportunidade pode transformar uma vida e uma vida transformada pode mudar uma comunidade". Dessa forma, ao atingir a meta de um milhão de jovens "pode mudar uma geração". 

Segundo os idealizadores, a expectativa é gerar, nos próximos dois anos, um milhão de oportunidades em quatros eixos: 

  1. Acesso à educação de qualidade; 
  2. Inclusão digital e conectividade; 
  3. Fomento ao empreendedorismo e protagonismo de adolescentes e jovens; e 
  4. Acesso ao mundo do trabalho em oportunidades de estágio, aprendiz e emprego formal.

Todas as oportunidades poderão ser acessadas por meio de uma plataforma digital (site ou aplicativo). Dessa foram, os jovens e adolescentes poderão buscar informações, por regiões, sobre oportunidades e formação para o mundo do trabalho. 

Com funcionalidades offline, a plataforma também será um hub de todas as oportunidades geradas pela iniciativa e trará um o monitoramento sobre o preenchimento efetivo das oportunidades. 

"Nós temos a responsabilidade, não só como empresas, mas também como cidadãos, de oferecer apoio para auxiliar o desenvolvimento integrado da juventude. Devemos cuidar, incentivar e apoiar o ensino de todos os jovens, principalmente os que se encontram em situação de vulnerabilidade, pois neles creditamos a esperança de um Brasil mais justo e igualitário. Temos que trabalhar para garantir mais oportunidades para todos", afirma Juliana Azevedo, CEO da P&G Brasil.

1 milhão de oportunidades para jovens
A expectativa é  que sejam geradas um milhão de oportunidades em dois anos
(Foto: Divulgação)


o que + você precisa saber:


Ensino médio tem o maior número de evasão escolar

Atualmente, o Brasil tem 48 milhões de pessoas entre 14 e 24 anos, o que representa 23% da população do país. O número representa a maior geração de adolescentes e jovens da história do país, segundo o Unicef. No entanto, um em cada quatro adolescentes e jovens não estuda, nem trabalha. 

O ensino médio, por exemplo, é a etapa com maiores índices de evasão escolar. Em 2018, mais de 458 mil adolescentes deixaram a escola. 

“Diante da pandemia da covid-19, esses números podem aumentar ainda mais. É essencial investir agora nos adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade, criando oportunidades para que se mantenham aprendendo e consigam ingressar no mundo de trabalho. Só assim será possível quebrar o ciclo de pobreza que afeta tantas famílias”, explica Florence Bauer.

Ainda de acordo com os especialistas, a velocidade dos avanços tecnológicos pode aumentar ainda mais as desigualdades no Brasil, excluindo adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade e sem formação profissional. 

“Um dos efeitos da crise é que o futuro do trabalho está chegando com uma rapidez maior do que antecipado. Isso oferece riscos e oportunidades para a inserção no mercado de trabalho formal de jovens que estão se formando e começando a trajetória profissional, em especial para aqueles em situação de vulnerabilidade. Como a procura das empresas por novas competências e qualificações vai crescer, é preciso preparar a juventude para esse cenário com ações inovadoras”, disse Martin Hahn, diretor do escritório da OIT no Brasil.

Quais os custos de não investir nos jovens? 

Em coletiva de imprensa realizada na quarta-feira, 28, Wilson Risolia, da Fundação Roberto Marinho, apresenntou alguns dados econômicos sobre o assunto. Confira! 

A evasão escolar gera um custo social de R$214 bilhões por ano no Brasil. Esse valor é a soma de tudo que os alunos deixam de ganhar ao longo da vida quando abandonam a escola. 

As remunerações daqueles que não se formam são entre 20% a 25% menores.
 Na fase produtiva da vida, cada jovem deixa de ganhar R$159 mil por não ter acesso a um emprego decente. 
 Sair da escola precocemente também afeta a saúde e a qualidade de vida, gerando um custo anual de R$114 mil para cada jovem. 

"Conviver com uma qualidade de vida baixa não é justo do ponto de vista social", disse Risolia. 

 

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