40% dos profissionais empregados têm medo de perder o emprego

Profissionais empregados buscam novas oportunidades diante da insegurança

Autor:
Publicado em:29/06/2020 às 12:00
Atualizado em:29/06/2020 às 12:00

Em meio à pandemia do novo Coronavírus, os trabalhadores têm sentido na pele e no bolso os efeitos da crise. Mesmo aqueles que não tiveram sua renda comprometida e seguem trabalhando sofrem com o receio de perder o emprego. 

Pelo menos, é o que comprovou uma recente pesquisa realizada pela Robert Half, empresa de recrutamento especializado. Segundo dados da 12ª edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH), mais de 40% dos profissionais qualificados buscam novas oportunidades por receio de perder o emprego.

Ao todo, 41% dos profissionais qualificados e empregados, com 25 anos ou mais e formação superior, estão a procura de novas oportunidades no mercado de trabalho. O motivo não é a busca por melhores salários e posições, mas sim o receio de perder o atual emprego.

Os dados revelam ainda que, em razão da pandemia de Coronavírus, 29% dos colaboradores tiveram suas rendas reduzidas. Do total dos entrevistados, apenas 12% estão exercendo alguma atividade extra para complementar a renda.

Entre os profissionais que tiveram perda de renda no período, o decréscimo se deu da seguinte forma:

  • Até 10% da renda - 13% dos profissionais
  • De 11% a 20% - 17% dos profissionais
  • De 21% a 30% - 40%  dos profissionais
  • De 31% a 40% - 15% dos profissionais
  • De 41 a 50% - 8% dos profissionais
  • Mais de 50% - 7% dos profissionais

 

Mais de 40% dos trabalhadores têm medo de perder o emprego (Foto: Agência Brasil)
Mais de 40% dos trabalhadores têm medo de
perder o emprego (Foto: Agência Brasil)

Veja também

Confiança do mercado

O Índice de Confiança Robert Half também indica mudança na confiança do mercado, em decorrência das incertezas e inseguranças causadas pela crise do novo Coronavírus.

O ICRH consolidado para a situação atual caiu de 37,5 para 25,2, enquanto que para a situação futura (próximos seis meses) passou de 56,7 para 44,2, pouco abaixo do campo otimista. 

"É natural que, em meio a um cenário de incertezas, muitos profissionais empregados busquem novas oportunidades por receio de perderem seus postos de trabalho. No entanto, é fundamental uma análise realista do panorama e agir com planejamento", diz o diretor de recrutamento da Robert Half, Mario Custodio.

Ainda segundo o diretor, é preciso ter clareza sobre os pontos de insatisfação como: perspectiva de carreira, qualidade de vida, relação com o chefe ou pares, remuneração, benefícios, cultura corporativa e distância entre a casa e o trabalho.

"É  preciso ter clareza para não tomar uma decisão motivada apenas por desespero", conclui Custodio.

A 12ª edição do ICRH é resultado de uma sondagem conduzida pela Robert Half entre os dias 12 a 26 de maio de 2020, com base na percepção de 1.161 profissionais, igualmente divididos em categorias:

  • Recrutadores (profissionais responsáveis por recrutamento nas empresas ou que têm participação no preenchimento das vagas); e
  • Profissionais qualificados empregados e desempregados (com 25 anos de idade ou mais e formação superior).

Em maio, 9,7 milhões ficaram sem remuneração

Dos 19 milhões de trabalhadores afastados do trabalho em decorrência do Coronavírus, 9,7 milhões estavam sem sua remuneração em maio deste ano. O que equivale a 51,3% das pessoas afastadas dos cargos e a 11,5% da população ocupada.

Os números são da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD mensal), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no último dia 24 de junho. No mês de maio, cerca de 16,8% dos trabalhadores do Nordeste e 15% do Norte estavam sem remuneração.

O rendimento efetivo dos trabalhadores (R$1.899) ficou 18,1% abaixo do rendimento habitual (R$2.320). No Nordeste, a estimativa é que 5 milhões de trabalhadores estavam afastados de seus postos pela pandemia. A maior proporção entre as cinco regiões.

Diante da Medida Provisória 936, os empregadores podem suspender o contrato de trabalho ou reduzir o salário e a jornada de trabalho dos profissionais formais. A PNAD de maio também constatou que 27,9% da população brasileira ocupada trabalhou menos do que sua jornada habitual.

Enquanto 2,4 milhões de pessoas trabalharam acima da média habitual. De acordo com o IBGE, a média semanal de horas efetivamente trabalhadas (27,4h) no país ficou abaixo da média habitual (39,6h).

A faixa etária com a maior proporção de pessoas afastadas do trabalho foi a de 60 anos ou mais de idade: 27,3%. Esse comportamento foi verificado em todas as grandes regiões e, no Nordeste, o afastamento chegou a 33,3% das pessoas de 60 anos ou mais de idade.