67% dos brasileiros são contra a privatização das estatais

Em meio à notícias de privatização das estatais no governo Bolsonaro, pesquisa revela que 67% da população é contra a venda das empresas.

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Publicado em:12/12/2019 às 08:04
Atualizado em:12/12/2019 às 08:04

Em agosto, o governo do presidente Jair Bolsonaro divulgou a lista de estatais que poderão ser privatizadas nos próximos anos. No mesmo mês, entre os dias 29 e 30, o Datafolha fez um levantamento com 2.878 pessoas em todo o Brasil, e concluiu que 67% dos brasileiros são contra a venda das empresas.

A pesquisa ocorreu em 175 municípios e com pessoas a partir dos 16 anos de idade. Segundo o levantamento, embora tenha aumentado ligeiramente a parcela da população favorável à venda de empresas estatais, dois em cada três brasileiros (67%) se opõem às privatizações.

Deste total, uma parcela de 25% é a favor da venda dessas empresas, e 2% são indiferentes, além de 6% que não opinaram. Em dezembro de 2017, em consulta sobre o tema, 70% eram contra a venda de companhias do governo para particulares, e 20% se mostravam favoráveis.

Além disso, pouco mais da metade (54%) dos entrevistados tomou conhecimento do pacote de privatização para os Correios e outras empresas públicas nos próximos anos. Desses, 16% estão bem informados sobre o assunto e os demais estão mais ou menos informados (31%) ou mal informados (7%).

Pesquisa revela oposição à venda de estatais (Foto: Arquivo/Agência Brasil)
67% dos brasileiros são contra a privatização das estatais

 

De forma geral, o Datafolha revela que, independente do grau de conhecimento do assunto, 60% dos brasileiros são contra privatizar os Correios, e 33% são favoráveis, além de 1% que é indiferente e 5% que preferiram não opinar.

A adesão à venda da empresa é mais alta entre os homens (39%) do que entre as mulheres (29%), e também fica acima da média entre os mais escolarizados (38%) e os mais ricos, sendo 45% na faixa de renda familiar de cinco a dez salários, e 52% entre quem tem renda familiar acima de dez salários.

Entre aqueles que votaram em Jair Bolsonaro no 2º turno da eleição de 2018, há uma divisão: 46% são a favor da privatização e 47% contra.

Caixa Econômica, Petrobras e Banco do Brasil

Já em relação à privatização da Petrobras, também considerada pelo governo,a tendência é enfrentar a maior oposição. De acordo com o Datafolha, 65% são contra a venda da empresa e 27% a favor. Há ainda 1% indiferente ao tema e 7% que não opinaram.

Além disso, nenhum segmento endossa majoritariamente a venda da petrolífera, com exceção dos simpatizantes do ex-partido do presidente Bolsonaro, o Partido Social Liberal  (PSL). Neste caso, 55% são a favor da privatização. Por outro lado, entre os empresários, por exemplo, 59% são contra.

Na parcela dos mais ricos, o índice de opositores à negociação também é de 59%. Já em relação aos eleitores de Bolsonaro, 56% são contra e, entre aqueles que aprovam seu governo, esse índice fica em 52% contra e 40% a favor.

Prepare-se para concursos

 

O cenário é parecido quando se trata dos bancos públicos, como Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil. Segundo a pesquisa, 65% são contra, 29% a favor, 1% é indiferente e 6% não responderam.

Entre os brasileiros que têm o PSL como partido de preferência, 50% são a favor e 47% contra. Nos demais segmentos, incluindo empresários, mais ricos e apoiadores do presidente, há uma porção majoritária que se opõe à venda dos bancos públicos.

Vale lembrar que, no último dia 4, o presidente Jair Bolsonaro negou a intenção de privatizar o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Um dia antes, 3, o Ministério da Economia já havia adiantado à FOLHA DIRIGIDA que a privatização do BB e da Caixa, além da Petrobras, não estava nos planos do governo.

"O governo do presidente Jair Bolsonaro não pretende privatizar o Banco do Brasil, Caixa e Petrobras", disse o Ministério da Economia.

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Entenda o pacote de privatização do governo

No dia 21 de agosto, o Governo Federal divulgou a lista de estatais que poderão ser privatizadas nos próximos anos. No entanto, mesmo diante da iniciativa, o plano de privatização ainda terá que ser analisado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A ideia é que seja feito um estudo pelo BNDS para saber as empresas que estarão em condições de serem negociadas com o setor privado. Com a medida, o governo estima arrecadar até R$2 trilhões em investimentos.

As privatizações afetam diretamente o serviço público e quem atua nele. Em algumas estatais, por exemplo, havia a necessidade de novos concursos para suprir o déficit de pessoal. Na lista apresentado pelo governo estão:

  • Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF)
  • Empresa Gestora de Ativos (Emgea)
  • Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro)
  • Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev)
  • Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp)
  • Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp)
  • Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec)
  • Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios)
  • Telecomunicações Brasileiras S/A (Telebrás)

Além dessas, outras empresas já estavam no pacote de privatização desde a época do ex-presidente Michel Temer. São elas:

  • Eletrobrás - Centrais Elétricas Brasileiras S.A.
  • Casa da Moeda do Brasil
  • Loteria Instantânea Exclusiva (Lotex)
  • Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU)
  • Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A. (Trebsurb)
  • Centrais de Abastecimentos de Minas Gerais (Ceasaminas)
  • Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa)

As informações foram transmitidas pelo secretário de Desestatização, Salim Mattar, e a secretária especial do PPI, Martha Seillier. Também no evento estavam o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes.

Diante da imprensa, os representantes do governo também anunciaram que, após o estudo realizado pelo BNDS, o executivo decidirá entre a privatização total da empresa, venda de parte das ações, mantendo ou não o controle da estatal, ou até mesmo pela não privatização.