84% dos trainees negros contratados pela Bayer são mulheres

Programa de trainee da Bayer exclusivo para negros atraiu 25 mil candidatos e os 19 contratados começaram a trabalhar em 1º de fevereiro.

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Publicado em:05/02/2021 às 13:30
Atualizado em:05/02/2021 às 13:30

No ano passado, a Bayer lançou a maior edição já realizada de seu programa de trainee anual, com 19 vagas em cinco cidades. No entanto, a seleção foi feita exclusivamente para profissionais negros.

Intitulado de Programa Liderança Negra Bayer, a iniciativa buscava promover a diversidade e inclusão de pessoas pretas e pardas, além de trazer mais inovação através de um quadro de funcionários mais diverso.

As inscrições foram abertas em 18 de setembro e se encerraram em 21 de outubro. Durante esse tempo, foram recebidas mais de 25 mil inscrições. Contudo, o programa também conseguiu levantar o debate sobre racismo e inclusão étnico-racial no mercado corporativo.

"A iniciativa foi pensada para ser inclusiva até no seu formato, eliminando exigências históricas como domínio da língua inglesa ou graduação em instituições de ensino específicas. Procuramos identificar candidatos com histórias ricas e de valores alinhados ao da nossa empresa", afirma Elisabete Rello, Líder de Recursos Humanos da Bayer Brasil.

Passado o processo seletivo, as 19 vagas já estão preenchidas e os trainees começaram as suas atividades neste mês. Em relação ao perfil dos contratados, os profissionais têm entre 22 e 30 anos de idade e 16 são mulheres. 

Veja também: Para além da contratação, Bayer promove políticas internas de inclusão

"Estamos orgulhosos de ter promovido uma iniciativa que contribui para diminuir desigualdades históricas entre negros e brancos, especialmente no Brasil", afirma Maurício Rodrigues, vice-presidente de Finanças da Bayer Crop Science e membro do grupo interno de diversidade étnico-racial BayAfro.

"No entanto, reconhecemos que o Programa Liderança Negra Bayer é apenas o primeiro passo de uma longa jornada em prol da inclusão, que pretendemos percorrer e aprimorar sempre, em colaboração com parceiros, clientes e com toda a sociedade", completa

 

Bayer
Trainees negros da Bayer começaram a trabalhar em 1º de fevereiro
(Foto: Divulgação)


Trainees contratados comentam sobre o programa

Juliana Gomes está entre os 19 jovens que foram contratados para integrar a nova turma de trainee. Ela conta que saber para onde se quer ir é mais importante do que o tempo que você demora para chegar lá.

"Apesar de não ter uma carreira muito tradicional, aprendi que a direção é mais importante que a velocidade e que a melhor forma de impulsionar transformações relevantes é acreditar em seu potencial e inspirar outras pessoas a entrarem por portas que nunca imaginaram", relata.

O trainee Guilherme Ventura conta que a Bayer sinalizou que serão dadas ferramentas e oportunidades que vão permitir que eles consigam se potencializar e desenvolver: "isso por si só anima qualquer profissional que esteja no início da carreira."

"Costumo dizer que a ciência mudou minha vida e meu objetivo pessoal é impactar positivamente os consumidores, pacientes e profissionais de saúde através de informações científicas e de produtos inovadores. E quem sabe, um dia, eu possa ser uma referência profissional para outros jovens periféricos", completa.

"Percebi que na universidade havia pouca representação preta e vi a necessidade de termos e sermos referência para outras pessoas que buscam entrar numa universidade, num emprego ou fazer qualquer outra coisa", conta a trainee Renata Cruz.

"E eu quero ser referência e inspiração. Busquei na Bayer uma empresa que vai à luta junto comigo. Que busca oferecer à sociedade oportunidades iguais para todos e que enxerga a importância da diversidade, equidade e inclusão dentro e fora do ambiente de trabalho", conclui.

 

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'Inclusão e diversidade permeiam todas as nossas estratégias', afirma líder de RH da Bayer

Segundo Patrícia Leung, líder de Talent Acquisition na Bayer Brasil, o planejamento e estruturação para o Programa Liderança Negra começou há quase um ano, de forma que a maior parte dos desafios estavam mapeados e mitigados.

A iniciativa contou com apoio de toda a liderança executiva e colaboradores da empresa, além de consultorias especializadas, como a B4People, que continuará apoiando na trilha de desenvolvimento dos trainees.

"Se houve alguma dificuldade na seleção, foi a grande responsabilidade de selecionar apenas 19 pessoas em meio a tanta gente boa, capacitada e com enorme potencial", conta Patrícia.

Quando o trainee foi anunciado, a iniciativa dividiu opiniões. "Desde que o programa foi idealizado, sabíamos que ele poderia causar discussões, por se tratar de uma ação afirmativa pioneira e inovadora". 

Para a executiva, "pontos de vista diversos nos fazem avaliar, aprender e evoluir sempre". Ela diz que, com o debate levantado, a Bayer conseguiu que dois objetivos fossem alcançados:

  • provocar reflexão sobre as nossas estruturas e sobre a necessidade de políticas de inclusão voltadas para valorização étnico-racial;
  • avançar com iniciativas inclusivas através de práticas intencionais, considerando o contexto do nosso país.

"Temos uma história que não garantiu os mesmos acessos e oportunidades para pessoas negras e, portanto, ações afirmativas ainda precisam ser amplamente estruturadas para sobrepujarmos as desigualdades do nosso histórico racial", afirma.

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Além disso, Patrícia conta que o debate público gerado já foi uma grande conquista. "Receber a nova turma em 2021, impulsionando uma pauta não somente urgente, como necessária, foi um outro enorme avanço".

"Inclusão e diversidade permeiam todas as nossas estratégias. Programas de trainee podem ter propósitos diferentes, mas devem estar sempre alinhados com a necessidade futura de construção de pipeline. Este ciclo está apenas começando!  Temos uma longa jornada pela frente e, com certeza, teremos muitos aprendizados para a próxima edição – que na Bayer acontece bianualmente", finaliza.

 

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