Autoconhecimento é importante para liderar no trabalho remoto?

Conhecer a si mesmo é o primeiro passo para conhecer os outros!

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Publicado em:28/05/2020 às 06:00
Atualizado em:28/05/2020 às 06:00

O isolamento social tem exigido que as pessoas se adaptem a uma nova realidade. No mercado de trabalho, o home office vem sendo adotado como uma alternativa durante a pandemia, mas liderar uma equipe à distância ainda é um grande desafio para muitos gestores. 

Gerir pessoas que estão trabalhando de casa exige conhecer as singularidades. Cada pessoa é única, possui características e habilidades próprias. Quando o chefe conhece os traços de personalidade e estrutura emocional do seu time, se torna possível extrair o melhor de cada um.

O primeiro passo para conhecer os outros é o autoconhecimento. A noção da própria personalidade e inteligência emocional faz com que o líder consiga abordar cada profissional de forma mais efetiva, independente da situação.

Existem ferramentas que ajudam nesse mapeamento de perfil de forma rápida e eficaz. Com essas informações mapeadas, os gestores conseguem definir formas de lidar com cada profissional, principalmente neste período de isolamento - que acaba envolvendo situações mais delicadas.

O Questionário de Inteligência Emocional de Traços (TeiQue) é uma dessas importantes ferramentas. Através dela, é possível entender as emoções dos seus funcionários e como eles se relacionam, além de aprender a estimular toda a empresa. O teste também pode ser utilizado no recrutamento.

 

Autoconhecimento
Autoconhecimento é o primeiro passo para conhecer os outros
(Foto: Pixabay)

 

Entenda como agir com diferentes personalidades

O administrador, pedagogo e especialista em comportamento organizacional Anderson Brasil, trainer da Thomas International Brasil (empresa que oferece o teste) dá alguns exemplos de como agir com diferentes características.

Caso o profissional seja identificado com otimismo baixo, Anderson explica que ele terá dificuldades para enxergar os pontos positivos do trabalho remoto. Para evitar que isso atrapalhe o dia a dia, é preciso estimular o pensamento positivo.

Uma dica que ele dá para uma pessoa pessimista é questionar o que a faz sentir otimismo e enxergar as coisas que estão funcionando melhor do que o esperado. No ambiente de trabalho, o líder poderá comparar as metas com os resultados e mostrar que a experiência do home office pode ser positiva. 

Já para quem apresenta autoestima baixa, os desafios que o trabalho remoto apresentam podem por em cheque questões não superadas. "Ele se deixa levar pela falta de confiança, pois está sempre estabelecendo padrões altos e até potencialmente inatingíveis para si próprio", conta o especialista.

"Nesse caso, é preciso reforçar que é aceitável falar não para algumas demandas, que o trabalho não se resume a sucessos e fracassos e que é possível obter melhores resultados quando paramos de tirar conclusões negativas de cada situação", aconselha.

Um indivíduo com empatia alta acaba se preocupando demais com os outros e não consegue administrar suas próprias emoções e bem-estar. Nesse caso, o pedagogo orienta o autocontrole para não focar tanto no sentimento alheio e se sobrecarregar de energia dos outros.

Além disso, André conta que é importante estimular que essa pessoa dedique um tempo para cuidar de si fora do ambiente de trabalho, "de maneira a conseguir atenção para se concentrar nas atividades e entregas diárias".

Se o funcionário apresenta relacionamento alto, o especialista explica que é um traço comportamental de pessoas que se sentem menos conectadas com suas redes pessoais e profissionais e, assim, podem acabar perdendo tempo verificando contatos e procrastinando no trabalho.

Nesse caso, "o ideal é pedir que [esses profissionais] realizem check-ins regulares e participem de reuniões virtuais da equipe, criando para eles oportunidades alternativas de colaboração".

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Caso o seu colaborador tenha adaptabilidade baixa, as mudanças e novos ambientes podem ser um problema. Quando isso ocorre, André afirma que esse profissional pode acabar se estressando e, consequentemente, tendo menor engajamento e produtividade.

No trabalho remoto, o conselho é tentar replicar a rotina do trabalho presencial. Além disso, o líder pode lembrar a necessidade de estar flexível para planos e mudanças de última hora e estimular o foco e concentração.

Por fim, o especialista cita um último exemplo: automotivação baixa. Nesse caso, há uma luta constante para desenvolver motivação interna, já que são pessoas que precisam de fatores externos para se motivar, como recompensas ou a figura do próprio gestor.

Como no home office o gestor não vai estar fisicamente estimulando o profissional, o conselho que o pedagogo dá é entregar projetos com curto prazo ou fracionar os grandes projetos, contando com lista de tarefas e deadlines. Além de incentivar e recompensar as conquistas, quando ocorrerem.

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"Com tudo isso, o que pretendo deixar claro é que, se gestores e líderes gerenciarem os indivíduos de maneira eficaz, adequando suas estratégias às diferentes necessidades de seus funcionários, a experiência do trabalho remoto poderá surpreender pelo nível de engajamento e produtividade", esclarece.

E complementa: "O caminho para o sucesso desse novo formato passa obrigatoriamente pelo autoconhecimento, que é capaz de nos levar a conquistas extraordinárias não apenas no trabalho, mas na vida pessoal também".