Concurso AFT: gabarito de R$500 mil está sob investigação da PF

Polícia Federal investiga suspeita de fraude no concurso AFT com venda de gabarito por até R$500 mil. Categoria cobra apuração!

Autor:Bruna Somma
Publicado em:08/10/2025 às 11:36
Atualizado em:08/10/2025 às 11:36

Quinhentos mil reais. Esse era o valor que um grupo investigado pela Polícia Federal cobrava para fraudar concursos públicos no país, como o concurso AFT, para auditor-fiscal do trabalho.


As investigações foram iniciadas a partir de uma denúncia anônima recebida pela Polícia Federal. A apuração é sobre um esquema sofisticado que atuava principalmente a partir da cidade de Patos, na Paraíba.


Segundo o Ministério Público Federal (MPF), o grupo criminoso conseguia acesso antecipado às provas. Esse material, que incluía imagens, o gabarito e até a proposta de redação, era então distribuído aos 'clientes' poucas horas antes dos exames.


Conversas interceptadas flagraram uma negociação para garantir a aprovação no concurso AFT, mencionando quantias que chegavam a R$500 mil. Para concretizar o esquema, eles discutiram a necessidade de subornar vigilantes e de desativar o sistema de câmeras de segurança.


A organização criminosa usava ainda outros métodos de fraude. Um deles envolvia o uso de documentos falsificados para que um integrante do grupo, com maior preparo, fizesse o exame no lugar do candidato original.


Esquema para conseguir aprovação no concurso AFT é investigado pela PF

(Foto: Enit GOV)


Na última quinta, 2, a Polícia Federal realizou a operação "Última Fase", com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada em fraudar concursos públicos.


Além do CNU), de 2024, as investigações indicam fraudes em concursos da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, das Polícias Civis de Pernambuco e Alagoas e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).


Os investigados pela PF devem responder pelos crimes de fraude em certame de interesse público, participação em organização criminosa, lavagem de dinheiro e falsificação de documento público.


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Entenda como funcionou a possível fraude no concurso AFT

A PF aponta o ex-policial Wanderlan Limeira de Sousa como um dos líderes do esquema. Ele teria ligação com quase todos os nomes apresentados no inquérito.


O próprio Wanderlan, um irmão e uma sobrinha foram aprovados para auditor-fiscal do trabalho, por meio da primeira edição do Concurso Nacional Unificado (CNU).


Outros seis aprovados apresentaram gabaritos idênticos aos da organização. Isto é, eles acertaram e erraram exatamente as mesmas questões.


A sobrinha de Wanderlan, Larissa Neves, fez a prova na cidade de Patos, na Paraíba, mesmo sendo moradora de São Paulo.


A PF identificou conversas entre ela e o pai, Antônio Limeira das Neves, irmão de Wanderlan, sobre o pagamento de R$500 mil para obter o gabarito do CNU.


Relatório da Polícia Federal aponta que Antônio usou peças de ouro e um veículo como parte do pagamento.


Larissa recebeu todas as respostas do turno da manhã antes das 8h do dia 18 de agosto, quando foram aplicadas as provas do CNU em 2024 a partir das 9h. Às 11h39, ela recebeu as mensagens do turno da tarde, em que as provas foram iniciadas às 14h30.


Ela ainda recebeu um texto pronto para a redação, em que o tema era correspondente ao solicitado na prova.


O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), responsável pela organização do Concurso Unificado, informou que acompanha os desdobramentos da operação da PF.


A pasta disse que tem apoiado, desde o início, as investigações da Polícia Federal sobre fraudes em concursos públicos, entre elas, uma fraude pontual durante a aplicação da prova da primeira edição do CNU.

Categoria cobra apuração e manutenção dos aprovados para AFT

Na terça-feira, 7 de outubro, o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais do Trabalho (SINAIT) publicou uma nota em que defendeu a apuração rigorosa de fraudes no concurso para auditor-fiscal do trabalho e a preservação da evolução do processo seletivo.


O Sindicato demonstrou preocupação com a existência de um esquema criminoso de manipulação de concursos públicos federais, com o objetivo de garantir vagas de forma ilícita. 

"Diante da gravidade dos fatos, o SINAIT considera inaceitável que um concurso dessa magnitude, de tamanha importância para a sociedade brasileira, seja maculado por práticas fraudulentas. O exercício do cargo de Auditor Fiscal do Trabalho exige rigor ético, preparo técnico e comprometimento com o interesse público, valores absolutamente incompatíveis com qualquer forma de irregularidade. O Sindicato espera que as denúncias sejam devidamente apuradas, com celeridade e transparência, e que os culpados sejam responsabilizados exemplarmente, conforme a lei".

Porém, o Sindicato ressaltou que a apuração da Polícia Federal não pode resultar em prejuízo aos candidatos que, de boa-fé, se dedicaram, estudaram e foram aprovados legitimamente.

"É fundamental que toda a investigação e apuração dos culpados preserve a continuidade e a integridade do concurso, garantindo o ingresso de novos Auditores Fiscais do Trabalho, que são essenciais para o fortalecimento da Inspeção do Trabalho e a defesa dos direitos trabalhistas em todo o país", disse a categoria.

No início de setembro, foi publicada a portaria do Ministério da Gestão e Inovação (MGI), autorizando a nomeação de 855 aprovados no concurso AFT.


Com exigência do nível superior em qualquer área, a carreira contou com ganhos iniciais de R$22.921,71, chegando a R$23.921,71, com o auxílio-alimentação de R$1 mil.

Concurso TCE PE é suspenso em meio à investigação da PF

O Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco decidiu na terça, 7, suspender os atos do concurso TCE PE diante do inquérito da Polícia Federal sobre fraudes.


A suspensão ocorrerá até que todos os fatos sejam devidamente esclarecidos. O caso tomou proporção após a divulgação do resultado preliminar das provas objetivas do concurso TCE PE para auditor de controle externo, na segunda, 6.


A lista trouxe o nome de Laís Giselly Nunes de Araújo entre os aprovados. Ela passou a ser conhecida como "candidata gênio", tendo em seu histórico aprovações em instituições federais de ensino e também para o cargo de auditor fiscal do trabalho, pelo CNU de 2024.


Ficou constatado que o gabarito de Laís era igual ao de Wanderlan Limeira de Sousa, apontado como líder de organização criminosa.


A Polícia Federal, segundo informações do portal Metrópoles, indica as aprovações da candidata como "estatisticamente improváveis" e afirma que há "indícios fortes de participação nas fraudes".


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