Concurso Bacen: comissão no Senado pode votar autonomia no dia 18

A autonomia do Banco Central deverá ser votada pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado no dia 18.

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Publicado em:11/02/2020 às 12:05
Atualizado em:11/02/2020 às 12:05

A votação de duas emendas ao projeto de lei que prevê a autonomia do Banco Central estava na pauta desta terça-feira, 11, da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal. Porém, foi adiada para o dia 18 de fevereiro em razão de pedidos de vistas

O relator do projeto, senador Telmário Mota (Pros-RR), optou pela rejeição das duas emendas. O PLP 19/2019 em análise, de autoria do senador Plínio Valério, propõe mandatos fixos para a diretoria do Bacen.

O texto chegou a ser aprovado pela CAE, no final de 2019. Porém, como recebeu emendas de Plenário, precisa ser votado novamente pelos senadores da comissão. As informações são da Agência Senado.

Se sancionada, a autonomia é favorável a abertura de um novo concurso Bacen. Isso porque, o banco não dependeria mais da autorização do Ministério da Economia para realizar seleções públicas e preencher o déficit de servidores.

Por sua vez, o presidente Jair Bolsonaro também assinou o projeto de lei complementar (PLP 112/2019) que prevê a independência da instituição financeira. Esse texto está em tramitação na Câmara dos Deputados, mas não registra avanços desde junho do ano passado.

PL que prevê autonomia pode ser votado por Comissão no Senado
no dia 18 (Foto: Agência Brasil)

 

Um ponto que pode acelerar o andamento do projeto é que, em mensagem enviada para abertura do ano legislativo, Bolsonaro definiu a autonomia do Banco Central como uma das prioridades para 2020.

Para o senador Plínio Valério (PSDB-AM), autor do PL 19/2019, o texto em análise no Senado é mais completo que a proposta encaminhada pelo Executivo.

“O projeto do Executivo está mais preocupado com a política monetária, a gente fala na política administrativa e também financeira. O nosso projeto é mais abrangente” avaliou.

A proposta do senador é que os mandatos do presidente e da diretoria do Bacen comecem no primeiro dia útil do terceiro ano do mandato do presidente da República.

Ao intercalar os mandatos, seria possível blindar o banco de pressões políticas advindas do Poder Executivo e garantir estabilidade e tempo para planejar e executar a política monetária. 

+ Concurso Bacen: Bolsonaro define autonomia como prioridade de 2020

Presidente do Bacen estima que autonomia seja aprovada até março

Para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a independência deve ser aprovada até março pelo Congresso. No dia 9 de janeiro, ele revelou que tem conversado com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, sobre as prioridades da Casa e a tramitação do projeto.

"É sempre uma prerrogativa do Legislativo. Quando decidimos colocar [a previsão] no primeiro trimestre, entendemos que existe um ambiente legislativo propício para aprovação", disse, segundo a Agência Brasil.

Maia já tinha identificado que a autonomia do Bacen seria uma das prioridades de votação em 2020. O objetivo, segundo ele, é votar a proposta ainda em fevereiro, com o retorno do recesso parlamentar. 

As autonomias administrativa e orçamentária do Banco Central seriam fundamentais para a abertura de concursos públicos. Uma vez que o Bacen teria liberdade para determinar sua atuação e mobilizar seus recursos para cobrir suas despesas. De maneira a poder ser revisto o modelo de fluxo orçamentário.

Atualmente, o banco é vinculado ao Ministério da Economia, inclusive no que diz respeito a autorização de concursos. Sua diretoria também tem mandados coincidentes aos do presidente da República.

Bacen solicita autorização para novo concurso com 260 vagas

Enquanto não é autônomo, para suprir a necessidade de novos servidores o Banco Central busca aval da Economia para abrir concurso público. Em 2019, foi protocolado pedido para concurso Bacen com 260 vagas.

Foram solicitadas 30 chances para técnico, 200 para analista e 30 para procurador. O que foi complementar ao pedido feito em 2018 pelo BC, porém, com a inclusão das vagas de técnico. As informações foram obtidas via Acesso à Informação, em 19 de junho.

A carreira de técnico exige apenas o ensino médio completo. Os vencimentos são de R$7.741,31, incluindo o auxílio-alimentação de R$458. Já o analista do BC tem como requisito p nível superior em qualquer área de formação. Os salários mensais são de R$19.655,06.

Os procuradores do Banco Central, por sua vez, são para bacharéis em Direito e com exercício comprovado de dois anos de prática forense. Após aprovação em concurso, a remuneração é de R$21.472,49 por mês.

Com déficit superior a 2.700 cargos vagos, o Banco Central adotou recentemente a estratégia de readmitir servidores aposentados. A medida foi publicada no Diário Oficial da União de 21 de janeiro.

Conforme o texto, 17 oportunidades poderão ser preenchidas mediante reversão de aposentadorias de servidores do Bacen. Desse total, dez serão para o cargo de analista (nível superior), duas para procurador (nível superior em Direito) e cinco para técnico (nível médio).