A convocação dos aprovados nos concursos Correios só deve acontecer ao longo de 2027. A decisão foi tomada pela direção da empresa e integra o plano de reestruturação após grave crise financeira.
A informação foi divulgada pelo jornal O Globo e pelo Estadão. O atual presidente dos Correios, Emmanuel Rondon, já indicou aos sindicatos que não há espaço para contratações no momento.
Os prazos informados pelo presidente, porém, podem encontrar obstáculos nos próprios períodos de validade dos concursos, em que as convocações de aprovados podem ser feitas.
No caso das vagas para Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), a validade vai até novembro de 2026. O prazo já foi prorrogado, não sendo possível um novo prolongamento. As chamadas, portanto, terão que ser feitas no ano que vem.
Já para área Operacional, incluindo os cargos de carteiro e analista, o concurso fica válido até abril de 2026, podendo ser prorrogado por mais um ano, até abril de 2027.
Desta forma, esses são os prazos limite para que os Correios realizem a convocação dos aprovados e o processo de admissão.

Correios adiam chamada de aprovado nos concursos públicos para 20277
(Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Os concursos Correios foram abertos com mais de 3 mil vagas no ano passado, durante a gestão de Fabiano Silva dos Santos.
A reportagem do Qconcursos Folha Dirigida apura junto à empresa os novos prazos e informações sobre as chamadas de aprovados.
Em contatos anteriores, foi dito que "a convocação dos candidatos aprovados nos processos seletivos - para os cargos das áreas de saúde e segurança do trabalho, e operação - será iniciada de acordo com a necessidade da empresa e a ordem de classificação".
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Com convocações pendentes no concurso, Correios aprovam plano de reestruturação
Em meados de novembro, a empresa aprovou um plano de reestruturação, que contempla três fases: recuperação financeira, consolidação e crescimento.
Com a execução do plano, os Correios preveem a redução do déficit em 2026 e o retorno à lucratividade em 2027.
Entre as medidas anunciadas está o corte de despesas operacionais e administrativas, por exemplo, com um novo Programa de Demissões Voluntárias (PDV), que pode atingir até 10 mil empregados.
De acordo com a empresa, será feito um diagnóstico da força de trabalho, com um mapa claro de setores ou de territórios que estão com ociosidade. Apenas empregados nessas situações poderão aderir ao novo PDV, diminuindo a pressão da folha de pessoal.
A medida busca reduzir custos operacionais e aliviar a folha salarial, etapa considerada essencial para estabilizar as contas antes de qualquer ampliação do quadro de pessoal.
É comum que órgãos e empresas públicas façam contratações de aprovados em concursos, após a realização de PDV.
Correios enfrentam crise financeira e déficit bilionário
A empresa enfrenta um déficit bilionário, o prejuízo chegou a R$4,37 bilhões, segundo balanço divulgado.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reconheceu a gravidade do problema e apontou que parte da crise está ligada ao modelo do setor.
Ele destacou que os Correios permanecem com a obrigação de manter serviços postais em localidades remotas, enquanto os concorrentes privados exploram apenas os segmentos mais rentáveis.
“Enquanto todos os concorrentes ficam com o filé mignon, os Correios arcam com o osso, sem recursos para subsidiar”, disse Haddad em entrevista, ao justificar os sucessivos prejuízos.
Haddad, na última quarta-feira, 26, descartou o debate sobre uma possível privatização dos Correios.
"Não vejo debate dentro do governo sobre privatizar os Correios. Não vejo nenhum ministro propondo isso. Até porque fizemos um levantamento recente sobre a situação dos serviços postais no mundo: é muito difícil o Estado abrir mão desses serviços, até porque parte deles é subsidiada para garantir a universalização", afirmou o ministro à Globo News.
A gestão da empresa também passou por instabilidade em sua gestão. Fabiano Silva dos Santos entregou uma carta de renúncia da presidência em julho.
Apenas em setembro, Emmanoel Schmidt Rondon assumiu como presidente dos Correios.
Funcionário de carreira do Banco do Brasil, a escolha dele para os Correios foi vista como uma oportunidade para acelerar as convocações.
Concurso Correios ofertou o total de 3.544 vagas
Em 2024, os Correios realizaram concursos com o total de 3.544 vagas, distribuídas da seguinte maneira:
- concurso da área Operacional: ofertou 3.511 vagas, sendo 3.099 para carteiro (nível médio) e 412 para cargos de nível superior; e
- concurso SESMT: trouxe 33 vagas imediatas, além de cadastro de reserva, para cargos de níveis médio/técnico e superior.
Ambos ainda não tiveram a convocação de aprovados.
Enquanto isso, a possibilidade de um novo concurso Correios continua em aberto.
Um superintendente da estatal chegou a cogitar um edital específico para atendente comercial, mas a crise e a ausência de convocações das seleções anteriores adiaram qualquer avanço.
O cargo de atendente comercial é considerado estratégico e sua ausência no último concurso foi alvo de críticas de sindicatos e candidatos.















