Concurso INSS é a solução para melhorar os serviços na autarquia?

O Instituto Nacional do Seguro Social já chegou a ter mais de 2 milhões de processos pendentes na fila de benefícios. Ou seja, mais de 2 milhões de cidadãos aguardando atendimento, e grande parte deles atrasados.

Segundo dados solicitados à autarquia pelo Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), em setembro havia 1.568.050 processos. Esses números oscilam conforme novos pedidos entram e saem, mas ainda não chegaram a menos de 1 milhão recentemente.
 

É válido destacar que a fila não é um problema de agora. Como lembrou Moacir Lopes, diretor da Fenasps, em entrevista à Folha Dirigida, há anos se discute os problemas de atendimento do INSS.
 

Infraestrutura precária

De acordo com Moacir, nenhum governo foi capaz ainda de resolver a situação do INSS de forma plena. E isso porque faltam servidores em quantidade suficiente para atender a demanda, além de infraestrutura.

Alguns funcionários do INSS alegam, por exemplo, que até a internet da casa deles é melhor que a utilizada nas agências. Mas essa precariedade se aplica a outras questões estruturais também, como falta de equipamentos. 

Vide a situação recente com os médicos peritos. Mesmo depois de parte das agências retomarem o atendimento presencial, centenas deles se recusaram a voltar por falta de ferramentas essenciais para o atendimento.
 

Déficit de mais de 22 mil servidores

Enquanto isso, o INSS recebe em média 3 milhões de pedidos de benefícios por mês. Pedidos esses que são analisados por um quadro de profissionais com defasagem já superior a 22 mil cargos vagos.
 

“O INSS informa que mensalmente entram 3 milhões de pedidos. Então em 6 meses entram 18 milhões de pedidos. Somado a isso, há pedidos que tem vários problemas ou pendências.”

E se os pedidos analisados não são concluídos com a mesma velocidade, em algum momento isso vira uma bola de neve. 

Como já mencionado, esses problemas não são recentes. Por isso mesmo que assim que o concurso anterior foi homologado já se pleiteava um novo edital. 

É que mesmo tendo contratado os 950 aprovados para as vagas imediatas, o déficit de servidores já era tamanho, que o edital recém lançado não foi o suficiente para contratar a quantidade suficiente de servidores para atender a demanda.

Enquanto a seleção ainda estava com validade, o Instituto chegou a enviar um pedido de autorização ao Governo Federal para preencher mais de 2 mil cargos com a chamada de excedentes daquele concurso. Mas o aval não foi concedido.

Uma das medidas para tentar lidar com isso é estipular metas para os servidores. Porém, além de haver denúncias de sobrecarga de trabalho de alguns profissionais, a pandemia acabou provando que não é apenas uma questão de produtividade.

Lembra que a internet de casa de muitos servidores é melhor que a das agências? Neste período de pandemia, houve uma melhora em relação à produtividade dos servidores em home office, mas ainda assim a fila continuou enorme. 

E não se pode esquecer dos mais de 2,9 mil temporários contratados pelo Governo Federal para ajudar na regularização dessa fila. Isso também ainda não resolveu o problema. 

Governo ignora déficit de servidores no INSS

Na visão do Governo Federal a situação do INSS é um problema pontual, tendo em vista alguns acontecimentos recentes, como a Reforma da Previdência, por exemplo. Olhando o histórico de denúncias contra a autarquia é possível ver que não há nada de pontual. 

Mas foi partindo deste princípio que algumas medidas foram anunciadas. Algumas delas chegaram a ser concretizadas, outras estão em processo de implementação e algumas não saíram do papel. 

Alguns exemplos são da digitalização de serviços (ainda que boa parte dos beneficiários sejam pessoas sem muita ou nenhuma familiaridade com os recursos tecnológicos); a transferências de servidores de outros órgãos. 

Houve também o recente processo seletivo para militares e aposentados, como já mencionado. Mas a ideia inicial de contratar mais de 7 mil profissionais acabou não sendo possível por conta da falta de apoio do Legislativo e a autarquia só conseguiu contratar 2,9 mil temporários.

E mesmo diante disso tudo, o Governo Federal ainda não parecer concluir que contratar servidores irá sanar pelo menos uma boa parte dos problemas do INSS. Um concurso público? “Somente a partir de 2022”.
 

Resumo do concurso INSS

• Previsão de edital: a partir de 2022
• Carreiras: técnico, analista e perito
• Escolaridade: níveis médio e superior
• Remunerações: R$5 mil a R$12 mil
• Vagas: indefinido (último pedido era de 10 mil)

Pedido de concurso INSS será enviado em maio ao Governo Federal

O Instituto Nacional do Seguro Social informou que pretende concluir até maio de 2021 o dimensionamento e planejamento de Recursos Humanos da autarquia. Com isso, o concurso INSS poderá ser programado para ocorrer a partir de 2022.

A autarquia explicou que diante da força-tarefa com a contratação dos temporários, e de toda a reestruturação do serviço, optou por avaliar a promoção de um novo concurso público somente ano que vem, quando encerrarão esses contratos temporários que foram firmados agora.

Até lá, o INSS planeja ter concluído todo o dimensionamento e planejamento de recursos humanos de médio e longo prazo de seu quadro. E isso permitirá a programação de concursos a partir de 2022.

O último pedido de concurso encaminhado pelo INSS ao Governo Federal foi em 2018. Na ocasião, foram solicitadas 7.888 vagas nos níveis médio e superior, conforme o quadro abaixo. Quando um novo edital for publicado, estas deverão ser as carreiras contempladas: