Os motivos são praticamente os mesmos que levaram à paralisação do concurso para professores, com 1.500 vagas, suspenso desde o início de setembro.
Na decisão, o magistrado destacou que há indícios de que o Instituto de Avaliação Nacional (IAN Concursos) não possui estrutura física, técnica e operacional mínima para a realização de concursos públicos dessa natureza.
Após as investigações, teria sido constatado que a banca utiliza espaço de coworking — um escritório compartilhado onde profissionais de diferentes áreas dividem instalações e recursos.
"A instrução preliminar do MPRJ indica que o IAN Concursos funciona em espaço de coworking, sem sede própria, com um funcionário registrado e dependente de subcontratação integral de terceiros, prática vedada pela Lei nº 14.133/2021. Verificou-se que atividades de alta complexidade, como elaboração, guarda e aplicação de provas, além da gestão de notas e gabaritos, recaem basicamente sobre uma pessoa, sem especialização ou suporte, o que reforça a precariedade e o amadorismo da entidade", diz a decisão.
O juiz titular ainda apontou indícios de que se trata de uma "associação de fachada, constituída para intermediar contratos com entes públicos".
Com isso, a Justiça determinou a suspensão imediata do concurso até decisão final da ação. Dessa forma, não poderão ser publicados novos atos nem realizadas etapas até a conclusão do processo.
O que diz a banca organizadora do concurso Magé RJ?
Procurado pela reportagem, o IAN Concursos negou as acusações e afirmou que a instituição atua dentro da legalidade.
“Nada do que foi apontado tem comprovação, são apenas suposições. Nós temos documentos que comprovam a nossa capacidade técnica e já realizamos concursos de grande porte em diversos estados”, disse.
Segundo o IAN, a estrutura operacional da organizadora inclui sala cofre, gráfica, câmeras de segurança e espaço de empacotamento, mas parte dessa infraestrutura não teria sido considerada nas investigações.
O representante explicou ainda que a empresa adquiriu uma sede na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, que está em obras, e utiliza provisoriamente outro endereço.
A banca também contestou a alegação de que possui apenas um funcionário.
De acordo com o IAN, há cerca de seis profissionais contratados de forma permanente, além de equipes terceirizadas que atuam em cada concurso, modelo que, segundo o representante, é permitido pela legislação.

Justiça suspende o concurso Magé RJ da área Fiscal e alega irregularidades com a banca
(Foto: Divulgação)
Vagas do concurso Magé RJ
Para a área Fiscal, o edital do concurso Magé RJ trouxe a oferta de 20 vagas imediatas mais cadastro de reserva para a área Fiscal.
Veja a distribuição das vagas:
Nível médio:
- fiscal de posturas e estética urbana: 2 vagas.
Nível superior:
- fiscal de meio ambiente: 2 vagas;
- fiscal de obras e instalações: 2 vagas;
- fiscal de transportes urbanos: 2 vagas;
- fiscal tributarista: 10 vagas; e
- fiscal sanitarista: 2 vagas.
As remunerações para todos os cargos são de R$5.600, incluindo R$2.100 de vencimento básico mais R$3.500 de benefícios. A jornada de trabalho é de 40 horas.
A prova objetiva do concurso Magé RJ está prevista para o dia 26 de outubro, mas só será aplicada caso a seleção seja retomada.
De acordo com IAN Concursos, mais de 7 mil candidatos fizeram a inscrição de forma preliminar. Esse número foi passado à reportagem antes do fim do prazo para o pagamento do boleto referente à taxa.
