Concurso PC RJ: vice-presidente da Faepol estima provas em 2021

Em entrevista à FOLHA DIRIGIDA, delegada Thaianne Moraes estima provas em 2021 e edital em dezembro deste ano. Confira os detalhes!

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Publicado em:26/08/2020 às 19:30
Atualizado em:26/08/2020 às 19:30

FOLHA DIRIGIDA: COMO A PANDEMIA DO CORONAVÍRUS IMPACTOU A ABERTURA DO CONCURSO PC RJ?

Thaianne Moraes: 2020 foi um ano atípico. A pandemia impactou o mundo e reinventou hábitos. Os concursos estavam na boca para sair, como o da Polícia Civil do Rio. Já estava com o edital montado. A Acadepol com tudo pronto teve que parar. E vieram todos os problemas decorrentes.

Esse não é um problema da PC RJ, o mundo está enfrentando isso. E permanecemos com a mesma demanda de sempre. A gente precisa da galera nova e das novas turmas na Acadepol. Então, a pauta não foi colocada para escanteio pela administração.

A gente precisa das equipes inteiras e da realocação de pessoal. A gente continua com déficit histórico, no quesito pessoal.  Esse investimento em pessoal é também um pleito das classes policiais como um todo.

FD: PARA SE MANTER NO REGIME DE RECUPERAÇÃO FISCAL, O ESTADO DO RIO DE JANEIRO BLOQUEOU MAIS DE 9 MIL CARGOS. COMO A PC RJ RECEBEU A NOTÍCIA DO BLOQUEIO?

TM: Para essa questão temos três cenários. O primeiro é que isso vai colocar em xeque os concursos. A segunda questão é o mês de setembro, quando vai ter a possível renovação do Regime de Recuperação Fiscal.

Caso não haja renovação, voltamos ao que tínhamos antes e conseguimos dar prosseguimento ao concurso. Fora isso, existem as vagas que são decorrentes de outras vacâncias, decorrentes de outros fenômenos. Isso na atividade policial é bem frequente, com aposentadoria, falecimentos ou exoneração.

FD: EM SUA OPINIÃO E PARA O CONCURSO, É MELHOR RENOVAR O REGIME DE RECUPERAÇÃO FISCAL?

TM: Para mim, enquanto profissional da área de segurança, eu prefiro que o concurso saia o quanto antes. As Polícias precisam de uma reestruturação.

Enquanto professora, eu defendo a renovação do RRF para dar maior tempo de preparação para meus alunos. O ano de 2020 beirou o ano perdido, no sentido da produtividade nos estudos. Para esse grupo social, eu vejo como positiva. Embora eles não vejam assim.

Esse concurso vai preencher muitas vagas e vai gerar um custo para o Estado. Pelo Rio de Janeiro, infelizmente, não ter uma tradição de realizar concursos regulares, depois que esse concurso passar, podemos ficar anos sem ter prova de novo para a PCERJ. Então, que os vocacionados venham preparados e no ponto.

Leva muito tempo até o concurso sair, inscrições, locais de prova, realização das provas, correção, recurso, outras etapas, para chegar a Academia de Polícia. Trocando em miúdos, até o novo policial estar na rua passamos de 10 anos sem concurso. É quase trágico.

FD: MESMO COM O BLOQUEIO, AS VACÂNCIAS NA POLÍCIA CIVIL DO RIO CONTINUAM A SURGIR?

TM: Se você voltar a 2016, a gente já tinha um déficit que beirava 40% do que precisa na corporação. Isso está se agravando a cada dia. A cada dia, menos um policial. O tempo milita a nosso desfavor. Se as pessoas estão se aposentando, significa que precisamos de novo ingresso e novas gerações chegando. Isso acaba sendo bem dramático.  

FD: EM FUNÇÃO DESSE DÉFICIT FUNCIONAL, O CADASTRO DE RESERVA DEVE SER BEM UTILIZADO?  

TM: Acredito sim. Até por ser tradição no Rio. A Polícia Civil deve chamar sim um número além das vagas, pelo déficit na instituição, pela dificuldade no trâmite de convocar, pelo custo de realizar concurso. Preparem-se para várias convocações. Não se atenham ao número de vagas. Quando a Administração quer, ela chama. E Polícia precisa de gente.

FD: QUANDO O EDITAL DO CONCURSO PC RJ SERÁ PUBLICADO? HÁ CHANCE DO DOCUMENTO SAIR AINDA EM 2020?

TM: Essa é a pergunta do milhão. Não vai ser agora, em um futuro próximo. Se o edital for publicado este ano, será mais para o final do ano. Hoje, não há uma notícia correndo nos bastidores sobre liberação de edital. Se não tiver previsão factível para realização de provas no primeiro trimestre, o edital não deve sair.

Não faz sentido, por exemplo, liberar o edital mês que vem para marcar uma prova em março. Me parece mais razoável o edital sair em dezembro com as provas previstas para março. Isso se tiver condições em decorrência da pandemia.

O que a administração pública espera é o sinal verde da saúde. O que eu aposto é de provas ano que vem com certeza. Edital, para ser otimista, em dezembro para conseguir agendar prova para o primeiro trimestre. Não é o momento para arriscar vidas e concordo com essa iniciativa do governo.

Não é o momento político para pensar em concurso. Quando chegar o momento do concurso, não tem tempo cinza que vai impedir.  

FD: CONTE UM POUCO DA SUA TRAJETÓRIA ATÉ A APROVAÇÃO NO CONCURSO.

TM: Eu sempre quis a carreira pública. Se passar no concurso era uma vontade minha, eu não poderia fazer outras atividades, como mestrado e a docência. Antes de me formar, eu passei para inspetor e depois para o MP RJ. Eu conciliei o trabalho com o estudo para o concurso.

Aceitei a perda no primeiro concurso que prestei para delegado. Apesar de não estar pronta, eu estava no concurso certo. Depois de três anos, quando chegou meu concurso, a coisa fluiu de uma forma serena. Em todas as etapas, obtive uma pontuação muito boa e percebi uma certa maturidade.

FD: QUAL MENSAGEM VOCÊ DEIXA AOS CANDIDATOS DO CONCURSO PC RJ?

TM: Aproveitem essa chance porque vai ser um momento histórico na instituição. Vamos receber um grande número de aprovados, não serão turmas pequenas na Acadepol. E agora é a hora de plantar, de fazer aquele trabalho silencioso, sozinho e, por vezes, sem apoio. Esse concurso vai ser uma oportunidade.

A gente tem que ser estratégico, concurso público é uma guerra. Cada vez mais as provas estão difíceis e os candidatos mais capacitados. Muitas pessoas estão saindo da iniciativa privada e tentando um lugar no setor público. Passar em concurso público é um desafio. A Polícia Civil busca recrutar candidato muito capacitado.