Concurso Senado: policial legislativo conta segredos da aprovação
Servidor fala sobre vantagens de ser um policial legislativo e deu várias dicas para aqueles que vão participar concurso Senado. Confira!
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Publicado em:23/06/2020 às 03:30
Atualizado em:23/06/2020 às 03:30
Diego explica que, conforme estudava, ao mesmo tempo fazia dieta e exercícios físicos. Em virtude disso, foi ganhando confiança e aumentando sua autoestima. Com isso, segundo ele, os resultados começaram a aparecer.
“Fui perdendo peso, melhorando minha saúde, aumentando meu índice de acerto nas questões até que eu me apaixonei pelo processo. Não falava para ninguém... Mas de uma pessoa deprimida, esse processo fez nascer em mim um gigante interior. No dia da prova, eu entrei na sala sabendo que aquele era o meu dia. Sou grato ao concurso do Senado, pois me devolveu o estímulo que eu precisava para mudar minha vida durante o processo de preparação”, disse o policial legislativo do Senado
Atualmente, Diego Fontes também é coach e diretor pedagógico da Escola Nacional de Polícia (Enapol).
Na entrevista que pode ser conferida abaixo, o servidor público falou sobre as vantagens de ser um policial legislativo do Senado e deu várias dicas e orientações para aqueles que vão participar do concurso.
FOLHA DIRIGIDA - Você é policial legislativo há quantos anos?
Diego Fontes - Sou policial legislativo há seis anos. Sou do concurso de 2012, mas fui nomeado em 2014, pois fiquei além das vagas, na posição 52.
Em 2014, sem ter a certeza se seria nomeado antes do esgotamento do prazo de validade, fiz o concurso para policial legislativo da Câmara.
Fui aprovado dentro das vagas, em 18º. Tive a emoção de ser nomeado na Câmara em uma sexta-feira. Mas na sexta semana seguinte, no penúltimo dia do prazo de validade expirar, fui nomeado do Senado Federal.
FOLHA DIRIGIDA - Como foi a sua preparação à época? quais sacrifícios fez para ser aprovado no concurso?
Diego Fontes - Até chegar ao dia de glória, foram muitos dias de luta! Quando o concurso do Senado saiu, no final de 2011, eu estava obeso, deprimido, com hipertensão.
Já não acreditava em mim mesmo! Mas eu pensei: se não por mim, ao menos por aqueles que precisam de mim! Fiz um tratamento médico. Cuidei da minha saúde mental em primeiro lugar.
Comecei estudar faltando 40 dias para a prova. Logicamente, eu já tinha uma base em muitas disciplinas. Mesmo assim foram 40 dias de uma insana preparação.
Conforme estudava, ao mesmo tempo fazia dieta e exercícios físicos, com isso, a confiança foi nascendo! Os resultados começaram a aparecer: fui perdendo peso, melhorando minha saúde, aumentando meu índice de acerto nas questões até que eu me apaixonei pelo processo. Não falava para ninguém...
Mas de uma pessoa deprimida, esse processo fez nascer em mim um gigante interior. No dia da prova, eu entrei na sala sabendo que aquele era o meu dia. Sou grato ao concurso do Senado, pois me devolveu o estímulo que eu precisava pra mudar minha vida durante esse processo de preparação.
FOLHA DIRIGIDA - Acredita que o próximo concurso será mais difícil que o anterior?
Diego Fontes - De 2012 para cá, houve uma evolução nos concursos. As bancas estão prezando mais pela interdisciplinaridade, por uma prova menos "decoreba" e que privilegia a busca pela compreensão.
Além disso, percebo uma cobrança mais intensiva da jurisprudência do STF e do STJ. Muitas questões são retiradas dos informativos ou dos "Cadernos de Teses" do STJ.
Outro fator importante é que hoje os candidatos possuem recursos que otimizam a criação de mapas mentais, o acesso a repositórios jurisprudenciais categorizados por assuntos, a bancos de questões com estatísticas disponibilizadas em painéis gerenciais que informam exatamente onde o aluno precisa evoluir. Enfim, há uma gama de recursos tecnológicos que tornam o processo de preparação menos árduo.
Costumo dizer que atualmente não vivemos a era da escassez, mas da abundância de material. Todavia, essa abundância também é um fator que afasta muitas pessoas da aprovação.
Diante de tanto conteúdo de acesso fácil, rápido e muitas vezes gratuito, qual eu devo escolher? Em que eu devo focar? Por isso digo que hoje vivemos a era do acompanhamento no mundo dos concursos públicos!
Ser acompanhado por pessoas que já trilharam com sucesso a jornada que você irá enfrentar é uma bússola segura.
FOLHA DIRIGIDA - Além de ser policial legislativo, você é professor que auxilia na preparação para concursos públicos. Com toda a sua bagagem adquirida, quais tipos de falhas os interessados em participar do próximo concurso não podem cometer de forma alguma?
Diego Fontes - Não pode menosprezar as disciplinas de conhecimentos básicos. No meu concurso, muita gente boa ficou de fora por ter sido eliminada em Português e Informática.
A FGV exigia o mínimo de 50% de acertos em cada disciplina. Não adianta saber tudo de Penal e Processo Penal e menosprezar os conhecimentos básicos.
É igual o cara que vai pra academia e só malha braço. Ter "braço" forte e "base" fraca é o caminho para a reprovação.
FOLHA DIRIGIDA - Como estudar para o concurso sem ter ainda uma organizadora definida?
Diego Fontes - Recomendo estudar resolvendo exercícios da banca anterior, a FGV, e da minha principal aposta para esse próximo concurso: o Cebraspe (antigo Cespe/UnB).
FOLHA DIRIGIDA - Acredita que as matérias do concurso anterior serão mantidas? Ou acha que poderá haver inclusão ou exclusão de disciplinas?
Diego Fontes - Acredito que a base deve ser mantida! Quando falo base, eu me refiro a disciplinas como Português, Informática, Penal, Processo Penal, Constitucional, Administrativo e os Títulos I, II e III do Regimento Interno do Senado Federal.
Creio que enxugarão os conteúdos de Constitucional, Administrativo e Regimento Interno para dar espaço a novas disciplinas, especialmente ligadas à Segurança Institucional.
Espero um edital mais parecido com o último da Câmara dos Deputados, realizado em 2014.
FOLHA DIRIGIDA - Os futuros candidatos devem estudar pelo programa anterior ou ele está defasado?
Diego Fontes - Defasado é uma palavra forte! A base do último edital deve nortear a preparação dos candidatos.
FOLHA DIRIGIDA - Pela sua experiência, quais matérias os candidatos devem dar maior atenção durante a preparação?
Diego Fontes - Fortalecer a base, especialmente Português, Informática, Penal, Processo Penal e os Títulos I, II e III do Regimento Interno do Senado Federal.
Além disso, levando em conta as atribuições do cargo, os candidatos devem focar também nos temas essenciais de Direito Administrativo - tais como Poderes Administrativos, Responsabilidade Civil do Estado, Agentes Públicos, Lei nº 8.112/90 - e de Direito Constitucional - como Princípios Fundamentais, Direitos e Garantias Fundamentais, Poder Legislativo, Processo Legislativo e Segurança Pública.
FOLHA DIRIGIDA - Como fazer uma boa gestão do tempo para poder ter sucesso na prova e obter a tão sonhada vaga?
Diego Fontes - Na montagem do planejamento de estudos, você se norteará pelo princípio "o máximo que der no tempo que eu tiver". Mas como definir o tempo disponível em cada dia da semana?
O tempo que você tem não é necessariamente o tempo do relógio. Vão me perguntar: "Como assim, Diego?" Simples! O tempo que você tem é aquele do qual já descontou o horário de trabalho, os momentos das refeições, o tempo que dedicou aos seus filhos e ao cônjuge, e até mesmo o momento de atividade física. "Diego, mas aí eu não terei tempo pra estudar!" Terá, com certeza! Ao longo do nosso dia acabamos desperdiçando muito tempo com atividades que em nada nos acrescentam.
Para passar em um concurso público não é necessário se ausentar do convívio com filhos, pais e cônjuge, ou se tornar uma pessoa sedentária. De nada terá valido a pena você chegar ao final da jornada, conseguir a aprovação, mas chegar no topo da montanha sozinho, divorciado, sem o carinho dos filhos, obeso e doente.
É preciso, antes de tudo, equilíbrio! O processo de aprovação é fruto do perfeito equilíbrio entre competências intelectuais e emocionais. Portanto, você deve estudar o máximo que puder, mas respeitando os limites que irão fortalecer o seu emocional.
FOLHA DIRIGIDA - O concurso para policial legislativo está despertando o interesse de milhares de pessoas no país, sobretudo em virtude da remuneração de R$19.573,46. Quais outras vantagens você pode citar em ser um servidor do Senado?
Diego Fontes - Ser policial legislativo é um privilégio. Não apenas pelas excelentes condições remuneratórias, mas, principalmente, pelo fato de você estar diariamente vendo a história do país correr diante dos seus olhos.
Praticamente todos os eventos que marcaram a nossa história tiveram intensa participação do Poder Legislativo. Seja a aprovação de legislações inovadoras (ou retrógradas), as grandes manifestações, as sucessões políticas ordinárias e as interrupções de mandatos por impeachment, todas essas ocasiões tiveram o Parlamento como palco ou como protagonista.
Ser policial legislativo não é apenas integrar uma carreira reconhecida e valorizada, é antes de tudo passar a fazer parte dos bastidores da história.
FOLHA DIRIGIDA - O que mudou na sua vida depois de ingressar no Senado?
Diego Fontes - Depois que ingressei no Senado me realizei como servidor público e passei a ter paz de espírito e tranquilidade financeira para me dedicar a minha maior paixão, que é a de atuar como professor e coach para concursos públicos.
Pude, junto com outros sócios fundadores, criar a Escola Nacional de Polícia (Enapol) e hoje trabalho todos os dias, incansavelmente, para ajudar outras pessoas a também realizarem seus sonhos.
FOLHA DIRIGIDA - O Senado costuma valorizar muito os seus servidores? De que forma isso acontece?
Diego Fontes - Com certeza! O Senado valoriza muito os servidores por meio de treinamentos constantes, inclusive, com a possibilidade de participar de cursos no exterior.
Temos um plano de saúde excelente, pelo qual o servidor tem acesso aos melhores hospitais do Brasil, incluindo aqueles considerados de "alto custo". Há uma constante preocupação com a qualidade de vida e saúde do servidor.
FOLHA DIRIGIDA - A carreira de policial legislativo é dinâmica e desafiadora? Quais atividades são desempenhadas por esses servidores?
Diego Fontes - A Polícia do Senado é uma polícia de ciclo completo, em outras palavras, que reúne tanto atribuições de natureza investigativa quanto de policiamento ostensivo e, ainda, realiza proteção de dignitários.
A Polícia do Senado também é uma polícia de carreira única. Diferente das polícias Civis e Federal, aqui não temos a figura do delegado.
Por força do Regulamento Administrativo do Senado Federal, o diretor da Polícia Legislativa será necessariamente escolhido entre ocupantes do cargo de policial legislativo. Em outros termos, qualquer policial pode chegar ao posto máximo, que é o de diretor.
FOLHA DIRIGIDA - Quais outras dicas você pode deixar para aqueles que pretendem participar do concurso?
Diego Fontes - Considero que o conteúdo cobrado no último concurso da Câmara dos Deputados tem maior pertinência com as atribuições do cargo, já que cobra conhecimentos que evidenciam o ciclo completo da Polícia Legislativa, contendo tópicos relacionados a policiamento ostensivo, noções de Direito Penal e Processual Penal (atribuições investigativas) e proteção de dignitários.
Por conta dessa realidade, é possível que a comissão do próximo concurso da Polícia Legislativa do Senado Federal se inspire no último edital do concurso da Câmara dos Deputados. Por essa razão, minha dica é que, nessa fase pré-edital, o interessado no concurso estude as disciplinas e tópicos que sejam coincidentes entre ambos os conteúdos programáticos.
Assim, não será desperdiçado esforço caso tenhamos modificações relevantes no próximo concurso e, sem dúvidas, já estará muitos passos à frente dos seus concorrentes! Além dessa orientação técnica, quero deixar algumas palavras finais.
Veja, agora você conhece um pouco da minha história. De uma pessoa deprimida a uma grande vitória na minha vida. Se aconteceu comigo, pode acontecer com você. Não importa a sua condição física, intelectual, social.
Se você acreditar e der o seu melhor, você muito em breve pode estar comigo no Senado, sendo o meu colega de trabalho. E eu terei muito orgulho de, no dia da posse, colocar no seu peito o distintivo dessa instituição pela qual tenho tanto amor! Você tem um encontro marcado com o seu futuro. Agora, corra até ele!