Entenda como o conflito EUA x Irã pode ser cobrado em concursos
O professor Alessander Mendes explica como surgiu o conflito entre os dois países e como o tema pode cair em concursos públicos.
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Publicado em:10/02/2020 às 06:39
Atualizado em:10/02/2020 às 06:39
O surgimento do conflito
Alessander conta que, durante a década 1970, os Estados Unidos apoiavam o xá Reza Pahlavi, que era na verdade, segundo o professor, um regime semi-ditatorial que existia no Irã.
"O Irã é um dos maiores produtores mundiais de petróleo", frisa o professor, que completa dizendo: "ele (o Irã) detém uma das maiores reservas mundiais e era um aliado, durante o [regime] xá Reza Pahlavi, em relação aos americanos"
Mas essa aliança não durou. Como sempre ocorre em países subdesenvolvidos, você tem uma pequena minoria que se locupleta do poder, enriquecendo e vivendo nababescamente, enquanto a maioria da população diante de uma miséria absoluta", conta.
"Diante desse caos, Ruhollah Khomeini (líder religioso xiita) promove uma revolução radical chamada de Revolução Islâmico Radical ou Radical Islâmica, que vai acabar com o regime do xá Reza Pahlavi, que se refugia nos EUA", explica o professor.
A partir desse momento, o Irã passa a ser uma teocracia, que é um sistema de governo em que poder político é fundamentado ao poder religioso. A palavra teocracia vem do grego: Teo (Deus) + Cracia (Poder).
O professor explica que "existe um conselho de guardiões formado pelos doze clérigos mais importantes do país que dão a palavra final em termos de política, economia, costumes, ética, condução externa", entre outros.
Alessander conta que essa teocracia fundamentalista islâmica é anti-americana e anti-ocidentalista. "Ela acusa o ocidente de ter valores pervertidos e, por um outro lado, acusa dos Estados Unidos de intervirem nas relações do Oriente Médio pra obter petróleo barato a despeito do sofrimento da própria população".
Por conta disso, o professor conta que a revolução islâmica radical chegou a invadir (em 1979) a embaixada dos Estados Unidos e fazer uma série de agentes públicos americanos como reféns. "Isso foi conhecido como a crise dos reféns do Irã".
Os Estados Unidos não interviram militarmente, o que o professor classifica como uma "paciência sabedoria", pois se o fizessem, criaram uma guerra. Após 444 dias, os reféns americanos foram libertos, mas os EUA romperam as relações diplomáticas com o Irã.
Mais recentemente, o professor conta que há uma questão do enriquecimento de urânio por parte do Irã, que teoricamente seria usado para criação de bomba nuclear, mas o Irã nega.
O Irã diz que o urânio "é para medidas de criação de usinas termonucleares, para medicina nuclear, mas os Estados Unidos acusam o Irã de secretamente enriquecer urânio para criação de uma bomba nuclear numa área do mundo que é muito sensível que é o Oriente Médio.
O professor ainda explica que o Oriente Médio é o berço das três grandes religiões monoteístas: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. "É uma área de disputa intensa entre grupos étnicos, religiosos, linguísticos e até tribais diferentes", explica.
Além disso, Alessander conta que há um problema grave: "os Estados Unidos fazem um apoio incondicional ao Estado de Israel, que é o único Estado não Árabe e Islâmico do Oriente Médio".
Como o tema pode cair em concursos?
O tema, segundo o professor, pode ser cobrado em concurso de duas maneiras diferentes. "A primeira forma é na prova de história, de geopolítica, de geografia ou ainda de atualidade, mas pode cair também como tema de redação", conta.
Ele conta que muitos alunos negligenciam o tema, e disse nomes de concursos em que o tema pode ser cobrado. "Então esse assunto pode cair na prova da Polícia Federal, pode cair eventualmente na prova do Depen".
"Nós temos uma série de bancas que cobram atualidades, seja na primeira fase, seja na segunda", reforça. Ele ainda dá outros exemplos: "a Polícia Civil do Distrito Federal que terá como tema da dissertativa tópicos relacionados a Atualidades.
Ele conta que o tema é quente. Para concurso de Diplomata "cai o tempo inteiro. É um assunto que tem que ser dominado de cabo a rabo porque é um assunto fundamental de Relações Internacionais", conta.
Quais acontecimentos cruciais devo focar?
O professor conta que os futuros servidores devem ficar atento a algumas questões do momento atual. A primeira é a saída dos Estados Unidos do acordo nuclear celebrado pela União Europeia e o então presidente Barack Obama.
"Por esse acordo, o Irã permitiria as inspeções da Agência Internacional de Energia Atômica para mostrar que ele não estava enriquecendo urânio acima daquilo que poderia ser utilizado para geração de energia termonuclear ou ainda para a medicina terapêutica nuclear", explica.
O professor explica que, com o acordo, o Irã paralisaria boa parte da sua área de enriquecimento de urânio e admitiria a possibilidade de importar urânio controlado de outros países realizado pela própria Agência Internacional de Energia Atômica.
"Em contrapartida, os EUA desbloqueariam uma série de recursos iranianos bloqueados naquele país, e também o mesmo em relação a União Europeia. O Irã poderia, enfim, voltar a exportar petróleo livremente para os EUA, União Europeia, Japão e vários outros países", completou.
Donald Trump sai unilateralmente desse acordo. "Então ele (Trump) enfraquece o acordo, porque ele tira os Estados Unidos desse acordo celebrado com Irã. O Irã passa ameaçar de saída/rompimento total do acordo, porque só a União Europeia teria ficado lá dentro dos termos acordados".
Outra questão que o professor destaca é o ataque dos EUA que matou o principal comandante militar do Irã, o general Qasem Soleimani, que era o comandante das tropas da Guarda Revolucionária Iraniana.
"Qasem Soleimani estava no Iraque e foi acusado, pelos Estados Unidos, de tentar planejar ataques terroristas contra as tropas americanas no Oriente Médio e contra os EUA como um todo", relata.
Alessander conta que com isso surge uma outra tensão sobre qual será a reação do Irã nos próximos anos. O professor reitera a questão do urânio, e levanta mais uma questão: "se o Irã vai voltar a enriquecer urânio a partir dos próximos anos, talvez até criando uma bomba nuclear".
"O último ponto é que houve manifestações recentes dentro do Irã contra o regime teocrático e essas manifestações foram apoiadas pelos Estados Unidos, contrariando, obviamente, o regime iraniano".
Fontes de estudo
Por fim, Alessander indica uma fonte de informação e estudo: "eu gosto de uma fonte muito bacana, que é muito confiável, um material de muita boa qualidade, que é da BBC". A BBC é uma rede estatal britânica, mas que possui página em português no Brasil.
"Ela traz todas as matérias divididas em economia, cenário internacional, política, e é sempre uma fonte muito confiável para a gente acompanhar o que está acontecendo na região do Oriente Médio nesse conflito entre Estados Unidos e Irã", finaliza.