Em 2020, o número de contratações de jovens negros em programas de estágio, trainee e média gestão aumento 118% em comparação com o ano passado, segundo estudo realizado pelo Grupo Cia de Talentos.
"Estamos finalizando o ano em festa pelos resultados alcançados em conjunto com nossos clientes", diz Sofia Esteves, fundadora do Grupo Cia de Talentos e a principal influencer no tema carreira segundo o LinkedIn.
As empresas Basf, Bayer, Bunge, Itaú, Nestlé, Pepsico, PWC, Suzano, Telefônica Vivo, Unilever e Yara tiveram percentuais de contratação superiores a 40% do total de contratados. Segundo Sofia, neste ritmo, até 2025, os cargos de liderança dessas organizações serão mais diversos.
"Temos que comemorar, mas com a consciência que ainda estamos muito distantes dessas práticas estarem consolidadas em todo o mercado de trabalho e ainda há um longo caminho a percorrer para realmente sermos um país inclusivo e nos redimirmos de uma realidade vergonhosa", frisa.
Um obstáculo para a inserção de jovens negros no mercado de trabalho é a falta de acesso à educação de qualidade. Como as melhores oportunidades são para profissionais com terceiro grau completo, não ter o ensino superior se torna um empecilho.
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Cotas raciais e a revolução silenciosa
Segundo a Cia de Talentos, a política de cotas raciais em universidades e institutos federais de ensino, implementada no país em 2012, foi uma revolução silenciosa que gerou avanços importantes, que devem ser continuados e expandidos.
A companhia de recrutamento e seleção reforça que, além dos esforços para ampliar o acesso à educação de qualidade em todos os ciclos, é preciso lutar para que esses jovens não apenas entrem no mercado formal de trabalho como também cresçam profissionalmente.
Equidade racial depende do envolvimento de toda sociedade
A equidade racial ainda demanda muito esforço e, para isso, é preciso o envolvimento de toda a sociedade. Empresas, universidades e setor público precisam se unir para resolver esse problema estrutural.
Um exemplo dessa união é o Pacto pela Inclusão Social de Jovens Negras e Negros no Mercado de Trabalho, idealizado pelo Ministério Público do Trabalho de São Paulo e que conta com a participação do Grupo Cia de Talentos.
"O momento que vivemos de diversidade étnico racial no Brasil hoje é ímpar. As organizações estão em fase de acesso e inclusão, para os anos seguintes, devemos nos preocupar com a permanência destes jovens, ter processos dirigidos não é uma tendência é sim uma reparação histórica", afirma Rodrigo Fernandes, consultor de Diversidade e Responsabilidade pela Badu Consultoria.
"É fundamental o acolhimento da liderança para que a médio prazo tenhamos uma ascensão satisfatória e uma alta liderança mais plural", complementa.
Um estudo realizado pelo Grupo Cia de Talentos com 123.579 mil estudantes e profissionais brasileiros revela que 46% dos universitários e recém-formados, 54% dos profissionais de média gestão e 47% da alta liderança citaram que a empresa em que atuam não tem um ambiente inclusivo.
"A permanência dos jovens negros em uma organização só é possível se adentrarem em um espaço inclusivo. Os líderes devem refletir sobre o quão preparada a empresa e suas equipes estão para incluir esse profissional. Que vieses inconscientes ainda estão presentes nos colaboradores?", comenta Danilca Galdini, head de Pesquisa e Insights do Grupo Cia de Talentos.
"Do outro lado, é necessário fortalecer a estrutura emocional destes jovens. É preciso estimular, apoiar, acolher e proporcionar grupos de conversas sobre valorização de suas histórias de vida, protagonismo e capacidade de transformação", afirma.
Ações afirmativas que proporcionam inclusão e equidade no mercado de trabalho são fundamentais porque contribuem para o amadurecimento da sociedade, para a criação de soluções criativas e para a saúde financeira dos negócios.
Cada vez mais as pessoas estão atentas com a forma como as empresas estão lidando com o tema diversidade, seja como consumidor, que avalia a marca institucional ou como profissional, que olha para a marca empregadora.