Eu acho que esses projetos muito radicais, principalmente os alinhados muito à Esquerda, terão muita dificuldade de governar o Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro está no fundo do posso, a cidade está abandonada, está largada e precisa do apoio do Governo Federal.
Qualquer prefeito eleito vai ter que governar por dois anos de Bolsonaro presidente, então nesse aspecto eu digo o seguinte: o diálogo é fundamental e nós vamos buscaremos todas as parcerias que são importantes para o município do Rio de Janeiro.
A pandemia fez com que milhares de brasileiros perdessem o trabalho, e os trabalhadores do Rio de Janeiro foram um dos mais afetados em todo o país. Caso eleita, quais ações pretende desenvolver para gerar renda para a população?
Sem dúvidas, esse é um dos grandes desafios da nossa cidade: geração de emprego. O que nós precisamos fazer é incrementar a nossa economia. A economia do Rio de Janeiro, que é vocacionada para o Turismo, para a Cultura, para os Eventos, ela sofreu muito nesse período.
Então, agora que é a hora da retomada, nós precisamos incrementar a nossa economia, melhorar o calendário de Turismo da nossa cidade, porque esses eventos eles têm uma cadeia produtiva de geração de emprego muito grande. São centenas de pessoas trabalhando nos serviços gerais, na recepção, na produção dos próprios eventos.
Então a gente tem que entender qual é a nossa vocação e ajudar a incrementar a nossa economia. Quando a gente fala de movimentar os eventos culturais, o calendário de eventos da cidade, a gente fala de uma rede hoteleira mais cheia, de bares e restaurantes mais cheios. Isso tudo propicia mais empregos na nossa cidade.
Agora, dentro das comunidades carentes, eu quero fazer um grande programa de geração de trabalho e renda, por meio das cooperativas, principalmente para as mulheres.
Existem vários fundos internacionais, que investem dinheiro a fundo perdido, ou seja, você não precisa devolver o dinheiro, para trabalhar com implementação de cooperativas com baixo índice de desenvolvimento humano.
Então a gente tem no Rio de Janeiro uma cidade muito desigual. Em algumas áreas da cidade, a gente tem um dos metros quadrados mais caros do mundo, mas também temos várias comunidades carentes onde as pessoas vivem abaixo da linha da pobreza.
Então a gente tem territórios da nossa cidade que estão aptos a receber esses recursos de fundos internacionais, para investir nessas cooperativas. E eu quero fazer isso, porque isso vai gerar trabalho, isso vai gerar renda, isso vai movimentar a nossa economia.
Por fim, eu quero falar da Inovação. A cidade do Rio de Janeiro tem grandes centros de pesquisa, como a Fio Cruz e tantos outros, mas, infelizmente, nós estamos perdendo várias empresas de Tecnologia e Inovação para o Sul do país.
Porque o Rio de Janeiro hoje não tem um ambiente de negócios propício para as empresas. Então eu vou aproveitar uma Lei de Inovação, junto à Câmara de Vereadores. Essa lei já está escrita, foi escrita por mim, inclusive, quando eu fui secretária Municipal (do Trabalho), e o Crivella nunca se empenhou para aprovar essa legislação.
Nós vamos criar dois arranjos produtivos na cidade do Rio de Janeiro, começando pela Barra da Tijuca e pela Zona Portuária, e vamos criar um ambiente de negócios, para que essas empresas continuem aqui, gerando emprego qualificado e soluções, para a gente colocar o Rio de Janeiro no ranking das cidades mais inteligentes do mundo.
A tecnologia tem que ser usada a favor do cidadão e eu vou fazer isso!
Como recuperar o Turismo no Rio, um dos setores que mais gera emprego e que está sendo extremamente afetado pela pandemia?
O que a gente vai fazer para incrementar a economia, seja no Turismo nos negócios, no ramo de Eventos é, principalmente, implementando um projeto que, no meu programa de governo, a gente chama de Rio Sem Burocracia.
A burocracia está levando os investimentos para fora do Rio de Janeiro. Não é possível que, para realizar um evento como o Rock in Rio, seja mais fácil fazer lá em Lisboa (Portugal), onde ela precisa de quatro licenças, do que aqui no Rio de Janeiro, onde precisa recorrer a 40 órgãos diferentes.
Isso é inadmissível. Isso acontece com o Turismo de Negócios, com os congressos científicos. Isso acontece com tudo.
Então nós precisamos, primeiro, informatizar os processos, tornar o Rio de Janeiro uma cidade com um bom ambiente de negócios, para atrair investimentos, e acabar com essa burocracia, para a realização dos eventos e congressos na nossa cidade.
A burocracia afugenta os investimentos, e quando ela leva os investimentos para fora, ela leva os empregos também. Então nós vamos, primeiro, acabar com a burocracia, depois chamar todo o trade turístico da nossa cidade, todo setor de polo audiovisual da nossa cidade, todo setor produtivo de cultura do Rio de Janeiro, para a gente melhorar o nosso calendário de eventos.
Às vezes a gente fica muito focado em trazer alguns eventos de fora, como foi a Olimpíada, que custou muito caro, que endividou a cidade e que não deixou nenhum legado realmente eficiente.
Mas os dois grande eventos que mais movimentam o nosso calendário todos os anos são o Réveillon e o Carnaval. São eventos criados por nós. O Rio de Janeiro tem uma população extremamente criativa e eu tenho certeza que a gente pode incrementar o nosso calendário de eventos.
Os jovens, sobretudo, de menor escolaridade e baixa renda, costumam ser os mais afetados quando se fala em boas oportunidades de emprego. O que a senhora acredita que deve ser feito para alterar essa realidade? No seu plano de governo, há projetos voltados para esse público?
Nós vamos pegar alguns cargos que já existem, vamos desinchar a máquina, e vamos criar, com esses cargos, já existentes, o Instituto Carioca de Juventude.
Esse instituto está baseando em um em que conheci em Lisboa, o Instituto Português de Juventude, que elabora uma série de políticas públicas para os jovens.
Isso é muito importante, através desse instituto nós vamos criar um projeto chamado Investe Jovem, em que vamos fazer parcerias com agências de fomento, que trabalham com microcrédito, para que os jovens que queiram abrir o seu próprio negócio tenham a oportunidade de ter crédito a juros muito baixos.
O jovem não necessariamente ele quer trabalhar para alguém, ele quer empreender, ele quer ser dono do seu próprio negócio, mas ele precisa de uma oportunidade. Através desse Instituto e do Investe Jovem, nós vamos dar essa oportunidade do microcrédito.
Vamos fazer também projetos habitacionais voltados para a juventude, principalmente para a habitação no Centro da cidade e na Zona Portuária, que são regiões que já detém infraestrutura.
Então jovens que acabaram de casar, que querem a sua casa, eles vão ter acesso a uma linha de crédito diferenciada para ocupar essas regiões, que precisam ser ocupadas na nossa cidade.
Quais ações a senhora pretende desenvolver para valorizar os servidores públicos da cidade do Rio de Janeiro? No seu governo, eles terão um papel de protagonista?
O servidor é alma da administração pública. Eu fui secretária municipal de uma pasta que juntou três pastinhas pequenas em uma. Quando houve essa junção, alguns desses núcleos tinham servidores e outros não tinham.
Na pasta da Inovação, por exemplo, eu recebi um CD com toda a memória da secretaria, porque ali não tinha servidor público, era só cargo comissionado. Isso criou uma dificuldade muito grande para a nossa administração, então eu reconheço e valorizo o papel do servidor público.
Agora, a gente sabe também que as receitas do município estão muito comprometidas. O Crivella ele flertou com os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal. A gente sabe que, se a arrecadação do município não crescer mais, a gente vai ter dificuldade de dar mais benefícios para muitas carreiras.
A gente sabe que existem muitas carreiras hoje, que são celetistas e querem ser tonar estatutárias. Muitas carreiras que precisam fazer uma revisão no seu plano de cargos e salários, enquanto outras precisam implementar.
Mas, para isso, a gente precisa ter capacidade financeira de fazer. De cara, eu vou dizer, não dá pra fazer tudo. Mas, os servidores da Saúde, eles vão ter uma atenção muito especial no nosso governo.
A pandemia, inclusive, mostrou a necessidade de se dar uma valorização real aos servidores da Saúde. A melhor forma de valorizá-los, é implementar o plano de cargos, carreiras e salários dos servidores municipais da Saúde.
Isso é uma promessa antiga, que o Eduardo Paes prometeu e não fez, o Crivella prometeu e não fez, e eu vou fazer.
A cidade do Rio de Janeiro, a nossa saúde está um caos. A fila do SisReg é uma humilhação, para a população do Rio de Janeiro, que passa às vezes cinco anos aguardando uma cirurgia, muitas vezes morre sem conseguir.
As pessoas ali sofrendo, com um atendimento precário, com a máfia que está instaurada hoje na Saúde, principalmente através das Organizações Sociais (OSs).
Então o que a gente tem que fazer é valorizar melhor o servidor da Saúde, e nós vamos fazer isso implementando o plano de cargos e salários da Saúde
Eu quero falar aqui de duas outras categorias. Nós queremos chegar a 10 mil homens na Guarda Municipal da nossa cidade, e modificar o papel dela.
A Guarda Municipal hoje está muito atrás de posturas municipais, vendo o que faz camelô [...], cuidando ali de multa. Eu quero que a Guarda Municipal tenha um papel fundamental na segurança do cidadão, na cidade do Rio de Janeiro.
Então eu vou ampliar o efetivo para 10 mil homens, começando por convocar os aprovados do concurso de 2012, que não foram chamados até hoje.
Esses guardas eles vão trabalhar na segurança do cidadão, nos principais centros da nossa cidade, como Centro do Rio, também na Zona Sul, em Madureira, Campo Grande, em Santa Cruz, Bangu, estando espalhados pela cidade.
Também no entorno do transporte público no Rio de Janeiro. Muitas pessoas estão sendo assaltadas do lado do BRT, nas estações de trem, então nós queremos garantir a segurança do morador da cidade do Rio de Janeiro, através dessa mudança de papel da Guarda Municipal.
A outra carreira que eu quero dar a garantia de que nós vamos transformar em estatutários é o grupo do Iplan. Por que isso? Porque nós entendemos que a Tecnologia vai ter um papel fundamental no nosso governo.
E o Iplan, que é a empresa de Informática da cidade do Rio, ela tem que ter um papel muito importante com esse diálogo com as empresas de tecnologia, nesse diálogo com esse trade que é tão importante para nossa cidade.
Então nós queremos que eles sejam considerados carreiras municipais, para nos ajudar a usar a tecnologia a favor do cidadão, seja na redução da burocracia, seja na implementação do prontuário único do paciente ou até mesmo oferecendo acesso à tecnologia para as crianças da rede pública municipal.
Essas três carreiras, de cara, terão uma atenção muito especial do nosso governo. Não que as outras não mereçam, mas a gente, para isso precisa ter um plano muito bem elaborado de crescimento da receita da cidade, para a gente não ultrapassar os limites da Lei de Recuperação Fiscal.
É possível, no atual momento, já traçar um cenário para o Rio de Janeiro, no pós-pandemia, sabendo que o município do Rio se encontra em um momento de dificuldades, operando há dois anos acima do limite imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal?
Eu não tenho a menor dúvida disso. Como disse, o Crivella ele flertou com os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, ele gastou, esse ano, R$17,9 bilhões, somente com despesas de pessoal e de encargos, isso de uma receita de quase R$29 bi.
A gente sabe que a gente está bem próximo do limite da Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas, o que a gente precisa fazer, primeiro é enxugar os cargos comissionados.
Não que eu seja contra cargo comissionado, pelo contrário, é uma forma até da gente trazer pessoas da iniciativa privada, para ajudar no setor público. É uma forma até, as vezes, de valorizar o próprio servidor público, que acaba ocupando cargos de chefia, gerência, através desses cargos comissionados.
Mas a gente sabe também que tem muito cargo comissionado aí que está aí só para servidor de cabide de emprego para vereador. Então a gente tem que ver o que realmente é necessário e o que está aí só para fazer "politicagem".
Então a gente vai fazer uma revisão nesses cargos e isso vai nos ajudar a também a mexer com nossos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.
A Lei de Responsabilidade Fiscal ela também é baseada no orçamento. Então se a gente incrementar a receita do município, nós vamos fazer o orçamento da cidade crescer. Eu já dei alguns exemplos aqui de como fazer isso.
Mas nós precisamos entender o seguinte, a arrecadação da cidade ela vem crescendo de ano a ano, tanto na gestão do Paes quanto na do Crivella. A arrecadação cresceu, apesar do endividamento da cidade.
Mas por que a arrecadação cresceu? Cresceu porque o Eduardo Paes fez uma revisão na base de cálculo do IPTU, trazendo aumento, e também criou aquela Taxa de Iluminação Pública.
No Governo do Crivella, ele fez uma nova revisão no IPTU, aumentando de novo o imposto, e aumentando o ITBI. Foi por isso que a arrecadação municipal cresceu.
Nós não podemos mais fazer a arrecadação crescer às custas da população, que está cansada de pagar altos impostos sem ver o retorno. Isso é uma lástima.
Talvez o que deixa a população do Rio de Janeiro mais indignada é viver em uma cidade em que se paga muito imposto e nada funciona.
O transporte é cara e é ineficiente, a saúde do Rio de Janeiro é um caos, a Educação é desigual e a pandemia só acentuou essas desigualdades entre os alunos da rede pública e da rede privada. Então isso causa indignação ao carioca.
Nós não podemos mais aumentar imposto, o que nós temos que fazer é incrementar a nossa arrecadação. Como nós vamos fazer isso?
- com uma fiscalização maior, com aqueles que são devedores de impostos municipais;
- nós vamos incrementar a nossa receita através de um melhor calendário de Turismo;
- através da cultura, que é a vocação da nossa cidade;
- através da formalização.
A informalidade é muito grande no Rio de Janeiro, e a prefeitura perde dinheiro com isso. Então nós queremos dar a oportunidade de todos aqueles, que querem trabalhar legalmente, com mercadoria legalizada, respeitando os espaços adequados.
Mas nós precisamos sair da informalidade, precisamos rever a questão do zoneamento municipal, tem várias atividades, principalmente nas comunidades do Rio, que já funcionam e têm problemas de se legalizar por causa do zoneamento.
Então às vezes tem burocracias que estão nos impedindo de arrecadar. Então nós precisamos fazer uma revisão de tudo isso, para que a gente melhore a nossa arrecadação.
Melhore a nossa arrecadação também, melhorando o ambiente de negócios, porque as empresas querem estar em uma cidade que seja fácil, uma cidade sem burocracia, que tenha um ambiente de negócios favoráveis.
Para fazer isso, a gente tem que enfrentar algumas máfias que estão aí, que não querem permitir a legalização de diversos negócios [...] é assim que a gente vai incrementar a economia, fazer a cidade crescer e a economia girar.
O que precisa ser feito para que o Rio de Janeiro possa superar as atuais dificuldades econômica, de forma que possa aumentar sua arrecadação, reduzir despesas e assim sair do limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal?
Como é que a gente vai reduzir a despesa? A Saúde hoje gasta muito dinheiro e gasta mal, por isso a população não vê o retorno. Porque tem uma máfia instalada na Saúde, que precisa ser combatida.
De que máfia eu estou falando? Clarissa, o problema é a organização social? Eu vou dizer a verdade, o problema não é a OS, porque uma hora o nome é OS, outra hora é ONG, Fundação. Cada hora são nomes diferentes.
O problema está na prefeitura, que não fiscaliza direito e não é rigorosa nos processos seletivos das organizações sociais, que atuam no município.
Então, quando o Eduardo Paes permitiu que as Organizações Sociais comandassem a Saúde no Rio, na hora de habilitar essas empresas, ele escolheu empresas que já respondiam a mais de 300 processos no Sul do país.
E, além de responder processos lá, começaram a responder processos aqui. E cada novo processo que elea ganhavam era um novo contrato que eles ganhavam também. Estava na cara que isso ia dar errado.
Então esse é o primeiro ponto, enfrentar essas máfias. O segundo ponto é ter uma fiscalização rigorosa sobre os gastos dessas Organizações Sociais. Não é possível que tenha OS aí que esteja comprando remédio até 1.000% superfaturado, mais caro do que quando a prefeitura comprava diretamente.
Então o que está faltando é fiscalização, é usar melhor o dinheiro público. Não falta dinheiro, mas ele está sendo mal usado, mal fiscalizado, mal gerenciado.
É preciso enxugar o ralo da corrupção e do desperdício. Olha, o desperdício ele está em contratos prejudiciais à Administração Pública. Um exemplo, esse VLT bonitinho do Centro da cidade.
Quando a empresa foi lá firmar o contrato com o Eduardo Paes, ela disse o seguinte: "Eu preciso da garantia de 250 mil passageiros andando ali todos os dias. Se não andarem 250 mil passageiros, você vai descontar uma margem de 15% e a Prefeitura vai ter que me pagar pelos passageiros que não andam, para completar os 250 mil".
O Eduardo Paes assinou esse contrato. Hoje, a realidade, é que a prefeitura, contratualmente, é obrigada a pagar por 141 mil passageiros que não andam no VLT todos os dias. Isso é um desperdício enorme de dinheiro público.
A gente já ouviu muito falar de funcionário fantasma, mas o Eduardo Paes criou uma nova realidade, que é o passageiro fantasma, isso está consumindo, contratualmente, recursos públicos.
Na hora da gente fechar os contratos, a gente tem que ser rigoroso, para não permitir contratos que sejam prejudiciais á Administração Pública. Então o problema não é de arrecadação, o problema é gastar muito e gastar mal, é não fiscalizar o uso do dinheiro público.
Para isso, a gente precisa de uma Administração competente, transparente e que enfrente a burocracia, porque a burocracia é um prato cheio para a falta de transparência.
Há uma década não é feito concurso para fiscal de rendas da Prefeitura do Rio. No momento, há apenas 202 fiscais na ativa, quando a lei estabelece 400. Além disso, 30% do atual quantitativo está para se aposentar. Na sua visão, contratar fiscais é um investimento e não uma despesa para os governos? Se for eleita, vai abrir concurso público para fiscais?
Como eu disse, tem três categorias que serão emergenciais no nosso governo: a Saúde, a Guarda Municipal e o Iplan. Todas as demais nós vamos conversar e vamos atendendo de acordo com a possibilidade financeira e os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Mas, com certeza, dentro das categorias que a gente vai conversar e vai tentar atender, a carreira de fiscal ela é muito importante, porque se a gente está identificando que o Rio de Janeiro precisa aumentar a arrecadação de imposto, uma das maneiras da gente fazer a nossa receita crescer é justamente fiscalizar o pagamento desses impostos.
A gente sabe que o número de fiscais hoje na ativa não é suficiente para isso. Eu só não quero é dar prazo, fazer promessas de coisas que a gente não possa cumprir. Então o que eu estou dizendo é que nós temos essas categorias, que, de imediato, nós vamos olhar por elas, pelas necessidades mais urgentes, e todas as outras a gente vai conversando.
Eu não vou dizer que eu vou colocar um concurso para a defasagem de todos os fiscais que a gente tem. Então de repente a gente vai abrir para um número menor, para a gente também poder atender um outro pessoal, como na Educação.
Quais os principais projetos que pretende implementar na área de Educação?
A gente entende que hoje existe uma defasagem de creche na cidade do Rio. Eu tenho feito uma campanha dizendo o seguinte: eu não quero construir mais coisas.
Eu acho que o Rio de Janeiro tem muitos hospitais, tem muitas escolas. O problema é o mal funcionamento. Então a gente primeiro tem que colocar para funcionar bem o que já existe, mas, em relação às creches, existe uma defasagem de vaga de 32 mil crianças.
A gente sabe que lugar de criança é na escola e que isso é fundamental para que as mães tenham condição de trabalhar. Muitas são mães solteiras, mesmo as que não são precisam trabalhar para complementar a renda familiar.
Então ampliar a vaga de creche a gente vai ter que fazer, e isso vai também necessitar de mais profissionais da Educação nessas creches.
A Educação ela conta com excelentes profissionais, a nossa rede de professores é altamente capacitada, qualificada, pessoas realmente apaixonadas pela Educação, que gostam das nossas crianças e cuidam com todo carinho.
Mas a gente sabe que precisa oferecer, primeiro, capacitação para uso das novas tecnologias, e, principalmente, para as crianças, o acesso a essas tecnologias.
E não é só por causa da pandemia. Um exemplo, eu tenho um filho de 4 anos de idade, e eu fiquei, como mãe, nessa loucura de aula virtual, onde uma criança de 4 anos não liga o computador sozinha, não faz aula sozinha, você precisa ficar ali do lado ajudando e estimulando.
Eu sempre digo que, nós que somos mães, vibramos com cada conquista dos nossos filhos. E cada coisa que eu estava vendo que ele estava aprendendo nova, mesmo nessa metodologia virtual, enchia o meu coração. E talvez o momento mais emocionante foi quando eu vi ele aprender, com a professora do outro lado da tela, a escrever o nome sozinho.
A primeira vez que ele escreveu Vicente, sabe aquele sorriso no coração da mãe? E aí ao mesmo tempo eu pensei, como pessoa pública, que não é justo que meu filho, porque ele estuda no colégio particular, porque eu tenho um computador dentro de casa com acesso a internet, que esse ano, com todas as dificuldades, ele tenha conseguido crescer, enquanto as crianças da rede pública municipal tiveram, praticamente, um ano perdido.
Foi por culpa dos professores? Não! Foi por culpa dos pais que não tiveram vontade? Não! Foi porque essas crianças, na sua maioria, não têm computador, não têm acesso à internet.
Nós precisamos que as crianças da rede pública tenham um tablet na mão, com acesso à internet. Para que essas situações não se repitam e para que elas comecem a ter contato com essas novas tecnologias. Isso é importante para o futuro.
O meu filho, na escola dele, ele pequeno, já começa a aprender noções de robótica, noções de programação. Enquanto as crianças da rede pública não têm um acesso de um tablet com internet.
Então se a gente não fizer uma verdadeira revolução tecnológica na Educação, daqui a alguns anos esses empregos que estão aí vão desaparecer. Então a gente vai ter emprego, mas não vai ter gente para ocupar essas vagas.
Então essa revolução ela precisa começar agora. E eu tenho a compreensão de que é necessário mudar a formatação. Nada substitui a sala de aula, o professor ou o contato o convívio com os amigos na escola, mas a gente precisa ter um olhar voltado para essas novas tecnologias, simplesmente porque é uma questão mundial.
Aí você vai me perguntar: tem dinheiro para fazer isso? Eu pergunto para você, se você fosse prefeita, você ia preferir construir uma ciclovia de R$44 milhões, que despenca toda hora, que não melhorou a vida de ninguém e já custou a vida de pessoas, ou ia preferir pegar esse dinheiro para dar um tablet educacional para cada aluno, com acesso à internet?
Esses tablets não são caros, se você faz uma compra para o volume de alunos que a gente tem na rede municipal, sai muito mais barato. Se você hoje faz um plano de família de internet e consegue pagar bem mais barato, imagina um plano para 650 mil alunos. Vai sair uma mixaria.
O efeito disso na vida das pessoas é muito grande. No meu governo, a nossa prioridade vai ser colocar para funcionar o que existe, vai ser olhar para o que é básico e relevante na vida das pessoas.
Essa coisa de gastar dinheiro para endividar a cidade, fazendo obras faraônicas que depois ficam aí verdadeiros elefantes brancos, esse tempo já acabou, o Rio de Janeiro já viveu e não precisa voltar a viver isso de novo.
A gente pode construir uma nova história para o Rio de Janeiro. Uma história com uma gestão competente, responsável, colocando para funcionar o que já existe e estabelecendo prioridades para a população.
Na Comlurb, desde 2014 não se abre concurso para gari. Entre 3 e 4 mil garis já podem se aposentar. Esse é um dos concursos que ganharão prioridade em sua gestão?
Com certeza a Comlurb sempre foi considerada uma instituição de excelência, com o serviço prestado. Mas eu também tenho a seguinte visão, ultimamente, estão politizando demais a Comlurb. Isso traz prejuízos muito grandes para a própria administração.
Então você tem pessoas, que já estão na instituição há muitos anos, mas que acabam fazendo um trabalho duplo, sendo o seu trabalho e o da sua gerência/chefia. Por que essas gerências e chefias estão sendo ocupadas por cargos políticos, e não por gente que realmente entende a cidade.
Eu acho que primeiro o que a gente pode fazer é despolitizar essa empresa que sempre foi considerada de excelência pela população carioca. Outro ponto é a coleta de lixo na cidade do Rio.
Essa coleta precisa ser mais organizada, a começar pelo lixo da rua. Essas lixeiras que a gente tem na cidade do Rio de Janeiro são uma verdadeira vergonha, é uma lixeira pequena, com baixa capacidade e poucas instaladas na cidade.
A gente tem que começar com caçambas maiores, com maior quantidade espalhada. Tem a questão das comunidades.
No passado, na gestão do Cesar Maia, tinha um programa muito bom chamado Gari Comunitário. Era um projeto que ajudava muito a Comlurb, porque você tinha os agentes socioeducativos dentro das comunidades carentes que, além de fazer a coleta de lixo ajudando a Comlurb, eles também faziam um trabalho educacional.
Infelizmente o programa foi suspenso em 2010, mas a gente tem que pensar em um formato semelhante a esse. Precisamos também pensar na destinação do lixo, melhorar a coleta seletiva, ter uma relação melhor com essas cooperativas, que trabalham fazendo a separação do lixo.
Então é uma questão que não passa somente pelo funcionário da Comlurb. Essa questão passa por uma visão muito mais ampla do que é a limpeza na nossa cidade.
[..] Eu entendo a necessidade de valorização do funcionário da Comlurb, mas eu acho que ele vai estar muito mais valorizado se ele puder crescer profissionalmente dentro da empresa, se puder ocupar os cargos de gerência e de chefia, que hoje estão na mão dos políticos.
Ao longo dos últimos anos, a gestão dos hospitais por meio de OSs tem se mostrado deficiente, sem falar em foco de corrupção. Se eleita, pretende abandonar de vez as OSs? Qual será o papel da RioSaúde em seu governo?
Eu acho que, quanto menos concentração em um lugar só, a gente consegue fiscalizar melhor. Ao invés de dar 100 unidades para um único grupo controlar, seja ele Fundação ou Organização Social, é melhor você ter a Fundação cuidando de 50 unidades, uma outra organização de mais dez, uma outra de mais 15, e assim a gente tem um poder de fiscalização maior.
Quando você deixa tudo concentrado nas mãos de poucas pessoas, como aconteceu com a Iabas, que durante muito tempo concentrou muitos contratos [...] O problema por si só não é a organização, é qual organização.
O que a gente precisa ter é um rigor no processo seletivo, na fiscalização e impedir a concentração de muitas unidades na mão de uma instituição só, é valorizar o servidor público que a gente já tem. Porque se a gente começa a abrir muitas vagas com servidor público, isso também vai inchando a máquina e isso impede a gente, em um primeiro momento, de valorizar o servidor que já está aí.
Então o servidor que já está aí, ele está aguardando a quanto tempo o plano de cargos e salários dele? Então antes da gente criar novas vagas, a gente pode trabalhar com a Fundação, com as OSs e pode buscar uma política de valorização do servidor que já está aí há anos na prefeitura aguardando a sua valorização.
Muitas contratações temporárias estão sendo feitas pela RioSaúde nesse momento, porque existe a necessidade, mas nem sempre há profissional para a vaga. Então na RioSaúde, esses contratos temporários continuariam na sua gestão?
O contrato temporário não é o problema, não é isso que traz a corrupção na Saúde. O problema hoje da Saúde é que a gente gasta muito e gasta mal.
[...] Precisamos reconhecer que existe, no serviço público, uma crise de médico especialista. O que a gente pode fazer para suprir essa carência de médico especialista? A gente pode adotar a telemedicina.
Isso é mais uma das formas de usar a tecnologia a favor do cidadão. Isso não é um atendimento ruim e de baixa qualidade. Claro que você não vai limitar o atendimento só a uma tela. Se você tiver um clínico geral e do outro lado um médico especialista, você vai conseguir atender aquele cidadão.
A Previ-Rio vem sendo esquecida pelos governos. Desde 2002, a instituição não abre concurso e, atualmente, segundo os conselheiros do órgão, depende de servidores cedidos para funcionar. Reoxigenar o quadro de pessoal da Previ-Rio, por meio de concurso, está nos seus planos?
Como eu disse, a gente tem que fazer essa recomposição de servidores e não vai dar para fazer isso imediatamente em todos os órgãos, para suprir 100% da carência. Mas a gente pode fazer um pouquinho para cada segmento, para começar a suprir.
Assim como o fiscal de renda, a gente entende que a Previ-Rio também é fundamental.
A gente tem hoje um número de inativos na Previ-Rio muito grande e uma folha mensal que a gente vê que a despesa atual, com o pagamento de benefícios previdenciários, por exemplo, representa cerca de 86% da folha dos servidores ativos, então a gente entende que tem um problema aí.
O que a gente precisa também é recompor as receitas do Previ-Rio. A arrecadação veio crescendo na gestão do Paes e do Crivella, porque eles foram aumentando impostos e se desfazendo de ativos do município, e quem mais perdeu ativos foi o PrevRio.
[...] A gente realmente precisa não apenas recompor o quadro, mas recaptalizar esse Instituto de Previdência.
Em quais outras áreas a senhora considera indispensável a abertura de concursos, a curto ou médio prazos, para a Prefeitura do Rio de Janeiro?
A curto prazo a gente tem que implementar o plano de cargos, carreiras e salários dos servidores da Saúde, precisamos, em uma lógica de modernizar a cidade, dar uma formatação melhor para o Iplan e, nesse sentido, transformá-los em estatutários, e precisamos ajudar a Segurança do cidadão, transformando o papel da guarda, precisando aumentar o efetivo da GM.
Essas três categorias precisam ser vistas imediatamente. Depois, temos a recomposição salarial, que já vem um pouco defasada, na Educação, o preenchimento das vagas de creches, e os servidores do Previ-Rio e dos fiscais, que a gente precisa de mais servidores atuando.
Não estou dizendo que a gente precisa contratar 200 de uma vez só, mas de repente 40 em um primeiro momento e, quando for possível, a gente abre novamente. A gente sabe que o cenário não é fácil, mas que pode se ter um futuro promissor.
Em campanha eleitoral, os candidatos ao Poder Executivo costumam fazer mil e uma promessas. No entanto, ao tomarem posse, é comum alegar que o cenário econômico financeiro era muito pior do que se imaginava e que, em virtude disso, muitas de suas promessas de campanha e ações de investimento não serão realizadas a curto e/ou médio espaço de tempo. Qual garantia a senhora pode dar que não usará desse fator caso seja eleita?
O Crivella não sabia porque ele não estudou o orçamento. Eu sei o que vamos encontrar. Na nossa campanha, a gente contratou uma assessoria orçamentária ligada à Fundação Getulio Vargas, a gente estudou o orçamento da cidade e sabe, exatamente, a realidade que vamos encontrar.
Por isso mesmo eu disse que não dá para a gente se comprometer com todas as categorias de uma vez só, porque se eu tivesse dizendo isso eu estaria mentindo.
E eu não quero! Eu sou jovem, tenho 38 anos, eu acho que poderia ter escolhido muitos caminhos e se eu estou na política não é para manchar a minha história, não é para manchar meu nome.
Eu tenho um filho de 4 anos, que eu quero que ele tenha orgulho da mãe que ele tem. Eu quero ajudar a transformar a história dessa cidade, para que o meu filho viva em uma cidade melhor do que a que estou vivendo hoje.
Para que a gente tenha um ambiente de mais tranquilidade, mais segurança, uma cidade em que as pessoas queiram investir [...] eu sei a dificuldade que os comerciantes estão enfrentando na nossa cidade, eu sei a dificuldade que é empreender numa cidade que não é amiga de quem quer investir [..] Eu sei como fazer e nós vamos fazer!
Por fim, por que a senhora quer ser prefeita da cidade do Rio de Janeiro. Quais são os seus diferenciais em relação aos demais candidatos?
Eu quero ser prefeita do Rio, porque eu acho que, como a maioria da população, eu estou indignada de viver em uma cidade desse jeito, uma cidade que está largada, que está abandonada.
Eu quero ser prefeita, porque eu quero uma cidade melhor. O meu diferencial são projetos, propostas concretas, que conheço o orçamento, conheço cada canto dessa cidade, sei as dificuldade de quem quer investir, de quem quer empreender.
Reconheço o servidor público como a alma da Administração Pública e sei que ele precisa ser valorizado. Então eu acho que o meu diferencial é encarar os problemas de frente.
Eu estou aqui para colocar a minha trajetória a prova, eu estou aqui para ser julgada pela minha história e minhas propostas. Os meus adversários que querem me questionar, que querem me descredenciar só porque eu tenho um sobrenome, nenhum deles pode me descredenciar.
O Eduardo Paes e réu por corrupção, eu não sou. Martha Rocha foi chefe da Polícia Civil do Sérgio Cabral. Ela não enfrentou as milícias, que cresceram 300% na gestão dele, ela não enfrentou as máfias, ela não viu a maior máfia que era a que estava ali do lado dela, no Palácio Guanabara.
A Benedita foi governadora, e todo mundo lembra o resultado. Ela saiu deixando o governo com o salário dos servidores atrasados, sem pagar o 13º salário, sem honrar a dívida com a União.
Nenhum deles pode me julgar [...] Eu estou preparada! Meu nome é Clarissa, meu número é 90 e eu gostaria muito de ter a chance de construir uma nova história para essa cidade.