Empresas de recrutamento falam sobre futuro das seleções. Veja!

Principais empresas de RH do país comentam medidas adotadas para manter os processos seletivos durante a quarentena e como deve ser no pós-pandemia.

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Publicado em:07/09/2020 às 08:00
Atualizado em:07/09/2020 às 08:00

A pandemia do novo Coronavírus provocou alterações em diversas atividades do dia a dia. Inclusive, no modo como as empresas conduzem seus processos seletivos.

Para respeitar as regras de distanciamento social e o período de quarentena, diversas recrutadoras repensaram o modo de seleção dos candidatos. Mas, o que essas empresas planejam para o pós-pandemia?

As seleções online vieram para ficar? Como garantir a segurança de recrutadores e profissionais em meio a retomada das atividades presenciais? 

Folha + conversou com algumas empresas de recrutamento para entender o que elas estão planejando para o pós-pandemia. Entenda!

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Entrevista de emprego
Entrevistas devem permanecer online, mesmo com o fim da pandemia
(Foto: Pixabay)

Adecco

A Adecco já conduzia seus processos, e de seus clientes, de diferentes formas. A empresa apostava na combinação de etapas online e presenciais nos seus processos seletivos.

"Estamos conduzindo todos os nossos processos internos e para clientes de forma 100% remota, com suporte de tecnologia. Essa é uma tendência que com certeza veio para ficar", destacou Letícia Oliveira, Gerente RPO da Pontoon Solutions, empresa do Grupo Adecco.

Os processos de seleção que ainda eram feitos presencialmente também migraram para o online. Letícia explicou que para realizar as atividades de forma segura e otimizada, a Adecco conta com a ajuda da tecnologia.

"Na Pontoon Solutions, empresa do Grupo Adecco, temos o Tech Lab, onde proporcionamos para os nossos clientes diversas opções de tecnologias e soluções que agregam valor em seu processo de ponta a ponta, de forma on-line, como vídeo entrevistas gravadas. No mundo dinâmico que estamos, por que não termos vídeos entrevistas gravadas onde você não precisa coincidir agenda de diversas pessoas para realização de um processo?"

A especialista comentou que com essa funcionalidade é possível ganhar mais celeridade no processo seletivo. Além disso, os candidatos cumprem as etapas no momento em que for mais conveniente para eles.

"As empresas que estão apenas aguardando uma vacina para voltarem a fazer seus processos como faziam antes da pandemia, claramente ainda não aprenderam as vantagens que esse momento nos trouxe, o empurrão para um mundo digital e otimizado que foca na experiência de seus candidatos e não mais em apenas processos comuns", destacou.

Na Pontoon Solutions, cerca de 80% dos processos seletivos eram realizados de forma online. Agora, 100% das seleções são feitas de maneira remota. Ou seja, desde a abertura de vagas, a aplicação de testes, as entrevistas individuais ou em grupo, aplicações de business cases, validação de idiomas, até o onboarding são realizados totalmente online. 

"Utilizamos o ATS (Applicant Tracking System) de uma empresa parceira, que nos apoia com a definição do fluxo da vaga e entrevistas vídeos. Contamos também com Adecco XPert, ferramenta do Grupo Adecco para assessments comportamentais e fit cultural, além de ferramentas para entrevista vídeo on-line e assinatura de documentação digital para contrato."

Em casos onde os clientes fazem questão de uma última etapa de entrevista presencial, a empresa já adaptou o processo para preservar a saúde e segurança de candidatos e recrutadores. 

"Seguimos todas as medidas devidas, como distanciamento social, as entrevistas devem ocorrer em salas que possibilitem uma distância segura entre os envolvidos, todo o material e sala devem ser constantemente higienizados, ambos devem respeitar também o uso da máscara e demais medidas solicitadas pela OMS", explicou.

Cia de Talentos

A Cia de Talentos, também já investia em processos seletivos com etapas online,  mesmo antes da pandemia. "Fomos a primeira consultoria a realizar  as etapas de dinâmica de grupo online há quase 5 anos atrás", destacou Luana de Paula, diretora de Desenvolvimento de Novos Negócios da empresa.

Luana ressaltou que a empresa também já avalia a necessidade de cada vez mais desenvolver os processos com uma profundidade de avaliação, mesmo na etapa de testes online. A medida visa, principalmente, a avaliação comportamental.

"No ano passado, revisitamos alguns testes mais tradicionais, como de resolução de problemas e reformulamos para assessments online que utilizam, Match de Perfil Ideal à Posição com Inteligência Artificial e Neurociência com Gamificação, assim, conseguimos uma melhor experiência para os participantes no decorrer da seleção e uma maior assertividade para as empresas nessa fase online", explicou. 

Por meio do uso de algoritmos, a Cia de Talentos consegue evoluir nos processos e seguir, realmente, com os candidatos mais aderentes à cultura e valores de cada empresa.

A principal mudança com a pandemia foi em relação às etapas finais dos processos seletivos, que também passaram a ser realizadas no formato online. 

"Para isso, apoiamos fortemente as empresas parceiras da Cia de Talentos, a desenvolverem essa etapa de uma maneira que os participantes da seleção, tenham realmente uma vivência da organização,  mesmo que online. Afinal a tecnologia nos apoia com ferramentas, mas nunca poderemos perder a humanização dos processos", enfatizou. 

Essa fase se inicia desde a preparação dos avaliadores envolvidos no processo seletivo. "Eles devem estar envolvidos, com uma ampla comunicação interna com relação a esse novo modelo seletivo que eles vão vivenciar, mas trazendo sempre o quanto é importante deixar os participantes da etapa sentirem como é trabalhar na empresa."

A ideia é que essas etapas finais sejam realizadas em diferentes formatos. No entanto, o objetivo final permanece: os finalistas do processo devem sentir como é, realmente, a cultura de cada empresa e os desafios que o negócio possui.

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CIEE RJ

De acordo com a gerente de operações do CIEE Rio, Daniela Fonseca, a empresa vem investindo constantemente em R&S. "Há alguns meses alteramos o processo de inscrição dos jovens em nosso banco de dados, de forma que, o estudante possa gravar um vídeo e se apresentar para as empresas, além de publicar uma redação no seu perfil", explicou.

A empresa adquiriu, em 2015, um teste de seleção virtual, que aborda competências básicas do candidato para ingressar em um programa de estagio. Segundo Daniela, o teste facilita a elaboração de indicadores de potencial se for analisado junto às demais etapas da seleção. 

No CIEE RJ, as entrevistas de forma remota foram intensificadas com a pandemia. De acordo com a gerente de operações, esse modelo já era realidade nas empresas, mas o CIEE priorizava o atendimento presencial. 

"Nossos analistas pensaram em uma forma de captar, via web, o melhor dos nossos candidatos. Estudamos perguntas para entrevistar, cases e alguns jogos capazes de serem aplicados na seleção, com até seis estudantes ao mesmo tempo."

Para o pós-pandemia, considerando os relatos das empresas e com a possibilidade dos estágios permanecerem em home office, a empresa estima que as seleções sigam os padrões aplicados durante o período de isolamento social, virtualmente.

"Empresas que praticam a seleção devem investir em ferramentas online, além de mídias sociais, como o Linkedin, que se tornaram nesse momento, excelentes fontes de captação de talentos", recomendou Daniela. 

A especialista ainda destacou que o analista de recrutamento e seleção deve analisar as competências exigidas no perfil das oportunidades e customizar as etapas, para garantir a segurança e assertividade do processo.

"Por ser um processo online, a ética e transparência, como sempre, devem prevalecer. Devemos mencionar que o processo será gravado em alguns casos, e até mesmo, solicitar a autorização  de cessão de imagem dos participantes", orientou. 

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Fundação Mudes

De acordo com a Fundação Mudes, a empresa se adaptou rapidamente a essa nova realidade por conta de seu sistema operacional e aos bancos de dados atualizados. Com essas informações, a Fundação consegue acessar com facilidade os estudantes cadastrados e convocá-los para os processos seletivos. 

"Para as etapas dos processos seletivos, utilizamos todos os recursos tecnológicos disponíveis, inclusive a apresentação do candidato por vídeo currículo, as videoconferências para a etapa da entrevista, dentre outros. Em ação conjunta com as empresas parceiras, estamos nos familiarizando cada vez mais com essa nova metodologia de trabalho e acreditamos que será uma rotina no pós-pandemia", disse a gerente de Inserção Profissional da Fundação Mudes, Sueli Fernandes.

Observando a tendência de mercado, a Fundação Mudes pretende dar preferência para seleções remotas daqui em diante. Inclusive, para dar mais agilidade aos processos seletivos.

"Ao receber o material dos candidatos pré selecionados já com o link do vídeo de apresentação, o gestor ganha tempo na tomada de decisão para a escolha daqueles que têm maior afinidade com os propósitos da empresa", ressaltou a especialista em recrutamento e seleção.

E complementou: "isso não impede que ele acrescente alguma pergunta ou precise esclarecer alguma dúvida sobre aspectos técnicos ou comportamentais dos candidatos. Nesse caso, o próprio gestor pode entrar em contato com o candidato ou solicitar a participação dos analistas de recrutamento e seleção da Mudes para colaborar nessa etapa".

Caso necessite realizar etapas presenciais, a empresa garantirá todas as medidas recomendadas pela OMS e órgãos afins. Já são planejadas adaptações no espaço físico, repensando também os horários de atendimento.

Além disso, a Fundação aposta na automatização de diversas rotinas, a fim de evitar idas e vindas, utilizando transporte público e circulando nas ruas.

"Como exemplo, podemos citar o trâmite de documentos que já está totalmente automatizado, com assinaturas eletrônicas evitando o manuseio desnecessário de papéis, contribuindo com a preservação e sustentabilidade do meio ambiente e dando maior agilidade aos processos."