Número recorde de cursos de Direito não entrega qualidade no ensino
O Brasil é o país com maior número de cursos de Direito do mundo, no entanto, a qualidade do ensino não acompanhou essa expansão.
Autor:
Publicado em:14/10/2020 às 13:45
Atualizado em:14/10/2020 às 13:45
A expansão de oferta de graduações jurídicas no Brasil não para de crescer. Em 2018, segundo dados do Inep, já havia mais de 1.500 cursos superiores em Direito em todo o país, sendo o maior contingente registrado no mundo.
Durante o governo de Michel Temer, o Ministério da Educação (MEC) tornou ainda mais flexível a abertura de novos cursos na área. Com isso, algumas demandas de abertura de vagas, que estavam represadas, acabaram avançando.
Em 2017, o Censo da Educação Superior, realizado pelo MEC, mostrou que a graduação em Direito já é a maior do país em número de matrículas, estando à frente de cursos como Administração e Pedagogia.
Segundo a OAB, já são mais de 1,2 milhão de advogados registrados, o equivalante a um profissional para cada 174 habitantes. E esse número seria ainda maior se não existisse o Exame da Ordem ou se todos os profissionais conseguissem ser aprovados.
A avaliação é o que garante ao bacharel em Direito a possibilidade de advogar. Desde 2010, quando a avaliação começou a ser organizada e aplicada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a prova contou com cerca de 3,55 milhões de inscrições.
Desse total, há aproximadamente 1,07 milhão de participantes únicos e a a taxa deaprovação total é de 61,26%. Isso quer dizer que mais de 400 mil candidatos não foram aprovados, independente da quantidade de tentativas.
Essa alta taxa de reprovação no Exame da Ordem coloca luz em um outro problema: a qualidade no ensino. O Ministério da Educação realiza avaliações periódicas para mensurar o desempenho das universidade e uma delas é o Conceito Preliminar de Curso (CPC).
No CPC, é possível avaliar se os cursos têm capacidade e condições adequadas para uma boa formação. São levados em consideração aspectos que vão desde a titulação dos professores até a infraestrutura da universidade.
Em 2015, foram avaliados 963 cursos de Direito e apenas 232 conseguiram um percentual satisfatório. A Ordem dos Advogados também realiza uma avaliação e premia, com o chamado Selo OAB Recomenda, as universidades que atendem critérios de excelência.
No ano de 2001, a entidade avaliou 176 cursos e 52 receberam o selo, ou seja, 29,5%. Já em 2018, foram verificados 1.212 cursos, mas apenas 161 conseguiram a recomendação - o percentual caiu para 13,2%.
Em relação ao perfil dos cursos, o ensino é majoritariamente privado. Em 2017, de acordo com dados do Inep, 89,2% das instituições eram privadas e 86,7% das graduações ofertadas vinham dessas universidades.
Segundo a OAB, a expansão do educação superior não veio "acompanhada por um aumento proporcional da qualidade desse ensino". Por isso, como forma de direcionar e orientar essas instituições, a Ordem reforça a importância dos indicadores do MEC e do Selo OAB Recomenda.
Para os estudantes, a entidade diz que esses indicadores podem auxiliar na orientação de carreira. Além disso, a Ordem também frisa que esses resultados servem para direcionar as políticas públicas e promover melhorias gerais no ensino superior.
Já conhece o Smart Planner gratuito para OAB? Com ele você pode organizar o seu cronograma de estudos para 1ª fase do Exame de Ordem. Cadastre-se agora!