Flexibilização do isolamento: medo de retornar ao escritório?
Especialista diz que comunicação com os colaboradores deve ser transparente
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Publicado em:09/06/2020 às 09:40
Atualizado em:09/06/2020 às 09:40
Com algumas cidades brasileiras adotando a reabertura gradual das atividades econômicas, muitas dúvidas e incertezas pairam sob a cabeça dos trabalhadores. Junto a isso, vem o medo do contágio ao novo Coronavírus.
As empresas também têm dificuldades para se adaptar ao "novo normal". Instruções e dicas práticas sobre como manter o distanciamento social e de assepsia no retorno dos colaboradores ao local de trabalho não faltam.
Entretanto, segundo o professor e especialista em tomada de decisão, carreira e negócio, Uranio Bonoldi, além de adotar esses cuidados, os líderes devem saber gerenciar as preocupações e ansiedades de seus colaboradores a fim de garantir a sensação de segurança e bem-estar.
Ele ainda ressalta que sentir medo é comum, principalmente, entre os mais velhos. Mas, os mais jovens, não deixam de correr risco, uma vez que, apesar de se apresentar saudável, podem ter problemas de saúde desconhecidos.
"O medo é uma resposta emocional, mesmo aqueles que não fazem parte do grupo de risco têm seus próprios receios e ansiedades".
O líder deve garantir a segurança e o bem-estar dos funcionários
(Foto: Pixabay)
O papel das empresas
Usar ou não o elevador? Como manter o distanciamento social, sugerido pelas entidades de saúde em um elevador? Que provas teremos de que alguém não está doente ou tem estado perto de pessoas que são positivas para Covid-19? Que cuidados tomar ao usar o transporte público?
"Os chefes não podem resolver todos esses problemas, mas podem fazer muito para facilitar a volta. Eles precisam abordar essas preocupações se realmente quiserem que os funcionários se sintam seguros e produtivos como antes de a COVID-19 fechar as portas", afirma Urânio.
O especialista explica que, antes de tudo, o empregador deve prezar por uma relação transparente e de boa comunicação com seus colaboradores:
"Peça ao funcionário para sugerir medidas de segurança que façam ele se sentir mais à vontade. Uma coisa é contar aos funcionários tudo o que está sendo feito para sua segurança. Outra é deixá-los expressar suas preocupações, ansiedade e medos, - inclusive se ele tem alguma doença pré-existente que o coloque em risco maior de recuperação em um possível contágio".
Entre as obrigações dos empregadores, estão a disponibilização de:
máscaras;
sabão;
e outros suprimentos de higienização.
"É muito provável que não vamos conseguir aliviar totalmente os medos dos funcionários, mas podemos dizer a eles que entendemos suas preocupações e que, coletivamente, somos responsáveis por nossa saúde e segurança. Além disso, essa atitude dos líderes diante de seus colaboradores, torna o ambiente de trabalho muito mais leve, colaborativo confiável e, é claro, seguro", finaliza.
Algar Tech planeja deixar colaboradores em home office definitivo
A Algar Tech foi uma das muitas empresas que aderiu ao home office durante o período de distanciamento social. Em entrevista exclusiva ao Portal Exame, a Algar Tech, informou que já se prepara para atuar definitivamente nesse modelo.
A decisão levou em consideração uma pesquisa com o time. Segundo o levantamento, 75% dos colaboradores gostariam de manter este modelo de trabalho.
Mesmo com a flexibilização da quarentena, cerca de 600 colaboradores ainda permanecerão em casa. Voltarão ao trabalho presencial os funcionários das áreas de staff e comercial.
“Nossa ambição é aproveitar essas lições para construir uma nova Tech, ainda mais ágil, digital e preparada para o futuro. Essa decisão vai estimular a companhia a dar um salto ainda mais rápido na digitalização e no ajuste de processos, com impactos positivos para todos os nossos associados e clientes”, disse Luciana Gonçalves, diretora de Estratégia e Marca da Algar Tech à equipe do Exame.
Está entre os planos da empresa modificar seu espaço físico, para que tenham mais áreas comunitárias e salas para reuniões. Em contrapartida, a equipe de Staff não contará mais com posições fixas, por exemplo.
Sobre as novas contratações, Luciana destacou quais competências serão necessárias nos novos colaboradores, além dos conhecimentos técnicos. Entre elas: agilidade, liderança remota e gestão de tempo.
“Trata-se de uma mudança cultural, que exige um novo mindset. Daí a urgência de começarmos a reforçar pontos como a importância de se orientar por entregas, e não por tempo de trabalho”, enfatizou.