Sem concurso INSS, Governo anuncia 7 mil militares para zerar filas
Enquanto o concurso INSS não acontece, o Governo Federal contará com 7 mil militares para zerar as filas nas agências da autarquia.
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Publicado em:14/01/2020 às 20:54
Atualizado em:14/01/2020 às 20:54
O secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, anunciou nesta terça-feira, 14, em entrevista coletiva, que 7 mil militares da reserva reforçarão o atendimento no INSS. O principal objetivo do Governo Federal com esta medida é zerar a fila de pedidos dos segurados até o mês de setembro.
O motivo da demora na concessão dos benefícios aos segurados é, sobretudo, o déficit de mais de 20 mil servidores na autarquia, a maioria em virtude das recentes aposentadorias de técnicos e analistas do seguro social.
Atualmente, 2,3 milhões de pessoas estão na fila para concessão de benefícios, como aposentadoria, salário maternidade ou licença saúde. Desse total, 1,3 milhão de solicitações já extrapolaram o prazo limite, de 45 dias para análise. A maioria dos atrasos seria por falhas no sistema do INSS, de acordo com o Governo, embora profissionais da área atribuam o caos à falta de concurso.
"Nós já prevíamos que com as mudanças nas regras para aposentadoria esta fila fosse aumentar, mesmo com as nossas precauções este número foi ainda maior, por isso a necessidade de novas medidas", afirmou Marinho.
Outras medidas foram anunciadas para lidar com a fila no INSS
Além da chamada de 7 mil militares da reserva, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, anunciu as demais medidas que serão tomadas pelo Governo para tentar solucionar o problema na concessão de benefícios do INSS. Ela serão publicadas em decreto no Diário Oficial da União até o fim desta semana.
Uma das medidas será priorizar as perícias médicas de cerca de 1,5 mil funcionários do INSS que estão afastados por problemas de saúde. Com isso, o Governo espera que em torno de dois terços dos servidores voltem ao trabalho nos próximos meses.
Outra atitude será restringir a cessão de funcionários do instituto para outros órgãos. A partir da publicação da portaria, a autarquia só cederá funcionários para cargos comissionados de nível 4 (DAS-4) e para cargos vinculados diretamente à Presidência da República.
Segundo informações da Agência Brasil, o INSS tem cerca de 200 funcionários cedidos atualmente. O Instituto também deverá ampliar convênios com o setor privado para que o setor de recursos humanos de empresas formalizem os pedidos de aposentadoria. A tramitação dos pedidos de benefícios também será ser simplificada.
Militares serão recrutados. Os que se voluntariarem ganharão 30% a mais
A informação sobre a utilização de militares no INSS foi divulgada após o Ministério da Economia convocar uma entrevista coletiva para falar sobre os problemas que atrasaram a concessão de benefícios do INSS.
De acordo com o secretário, os militares que se voluntariarem terão um acréscimo de 30% em seus salários. Não se trata, porém, de convocação dos militares. As Forças Armadas farão um processo seletivo, e a participação dos reservistas é voluntária.
Essas novas contratações deverão custar R$14 milhões por mês aos cofres públicos, durante a vigência do contrato.
Apesar disso, os militares só deverão começar os trabalhos no mês de abril. Isso porque, segundo o calendário do governo, esse profissionais passarão por um treinamento entre fevereiro e março. Todas as mudanças serão publicadas em um decreto, em breve.
Medidas para reduzir a fila já estavam sendo estudadas
Enquanto aguarda a autorização do concurso INSS, o instituto já estava estudando medidas para diminuir as análises de concessões serão anunciadas na quarta-feira, 15.
Além disso, até agosto, o órgão pretende diminuir para 285 mil o estoque de benefícios em processamento, segundo a Agência Brasil. Em nota técnica, o Ministério da Economia informou que o aumento nas concessões terá impacto de R$ 9,7 bilhões nos gastos da Previdência Social em 2020.
Entrevista coletiva com anúncio da convocação dos militares para agências do INSS [VIDEO id="9115"]
Governo é pressionado por concurso INSS, mas não dá previsão
Como já noticiado, um dos maiores entraves para a diminuição na fila do INSS é a questão de pessoal. Sem realizar concurso público desde 2015 e com mais de 20 mil cargos vagos, o quadro e o sistema não têm dado conta dos processos que chegam para análise.
Apesar do cenário, o Ministério da Economia, que é responsável por analisar e responder os pedidos de concursos federais, ainda não concedeu autorização para que o instituto contrate pessoal efetivo.
Na segunda-feira, 13, após a reunião com o ministro Paulo Guedes, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, disse que a situação do INSS esbarra em questões operacionais e de orçamento.
Enquanto isso, corre na Justiça do Distrito Federal uma ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF), que pede contratações na autarquia. Uma audiência de conciliação foi realizada em outubro, mas a análise da tutela foi sobrestada para o fim de seis meses.
Isso quer dizer que o juiz vai retomar a análise do caso em abril deste ano. A decisão foi tomada após representantes do Ministério da Economia informarem que mais de 300 agentes da Infraero seriam remanejados para o INSS.
O número, contudo, não representa nem 2% do déficit total no quadro de pessoal das agências da Previdência. Durante o prazo de seis meses imposto pela justiça, o INSS terá que apresentar evolução nos trabalhos.
O número é mais que o dobro de saídas em 2018, quando 2.410 deixaram o quadro da autarquia. Os dados são do Painel Estatístico de Pessoal do Governo Federal (PEP).
Desde o fim da validade do último concurso INSS, em agosto de 2018, 6.696 servidores se aposentaram, sem que nenhuma reposição efetiva tenha sido realizada. O único reforço para o quadro foi o remanejamento dos agentes da Infraero.
Para que um novo concurso INSS seja aberto é preciso que o Governo Federal, por meio do Ministério da Economia, conceda a autorização. Em 2018 o INSS enviou um pedido que contempla mais de 10 mil vagas.
Dessas, 2.580 seriam para a contratação de pessoal excedente no concurso anterior, cuja validade está encerrada. Além da abertura de mais de 7 mil vagas em cargos de técnico e analista, de níveis médio e superior, respectivamente, e médicos peritos.
Técnico
Analista
Médico Perito
- Escolaridade: nível médio - Nº de vagas: 3.984 - Remuneração: R$5.186,79
- Escolaridade: nível superior - Nº de vagas: 1.692 vagas - Remuneração: R$R$7.659,87
- Escolaridade: nível superior em Medicina - Nº de vagas: 2.212 - Remuneração: R$12.683,79
Além dos mais de 20 mil cargos já vagos, outros milhares de servidores recebem abono permanência e podem deixar o quadro da autarquia a qualquer momento.
O último concurso do INSS, realizado em 2015, preencheu somente 950 vagas (800 de técnico e 150 de analista), consideradas inexpressivas diante do déficit de servidores.