O valor será pago ao Sindicato dos Policiais Federais da Bahia (Sindipol BA) que entrou com processo contra o ministro. Guedes, no entanto, ainda pode recorrer.
Em sua decisão, a juíza federal da 4ª Vara, Cláudia da Costa Tourinho Scarpa, reconheceu os insultos cometidos por Guedes contra servidores,
“Na situação em epígrafe, o ministro de Estado da Economia, no exercício do seu direito à liberdade de expressão, insultou os servidores públicos. Ele os comparou a 'parasitas', pediu que eles 'não assaltem o Brasil, quando o gigante está de joelhos' e afirmou que eles ficam em casa 'com geladeira cheia'”.
A juíza determinou o pagamento no valor deR$ 50 mil, "em virtude da violação aos direitos da personalidade dos integrantes da categoria profissional representada por este ente sindical, por meio dos seus pronunciamentos".
O advogado do Sindipol BA, Dr. Marcel Santos Mutim, esclareceu que, “antes mesmo da sentença, o Ministério Público Federal já havia apresentado parecer no sentido de que as manifestações de Paulo Guedes possuíam conteúdo discriminatório generalizado, o que fez com que o MPF opinasse pela condenação, o que foi confirmada na sentença".
Já o presidente do Sindipol BA, José Mário Lima, disse que a justiça foi feita, ‘ante a esse absurdo cometido de forma irresponsável pelo ministro’.
"Qualquer cidadão independentemente da sua estatura de poder ou financeira, tem que ter a devida reprimenda quando está errado. A lei é para todos",comentou.
De acordo com o sindicato, o dinheiro pago pelo ministro será doado ao Hospital Santo Antônio, que pertence às Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), e ao Hospital Aristides Maltez.
Essas são organizações sem fins lucrativos de Salvador e que estão à frente no combate à pandemia do novo Coronavírus. A decisão da justiça ainda cabe recurso da sentença. O ministro Paulo Guedes não se pronunciou.
No dia 7 de fevereiro, em palestra na Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro, o ministro Paulo Guedes fez uma analogia entre funcionário público e um parasita.
“O funcionalismo teve aumento de 50% acima da inflação. Tem estabilidade de emprego, tem aposentadoria generosa, tem tudo. O hospedeiro está morrendo, e o cara virou um parasita. O dinheiro não chega ao povo, e ele quer aumento automático. Não dá mais”, argumentou.
Na época, o Ministério da Economia afirmou, em nota, que o país não poderia mais continuar com políticas antigas de reajustes sistemáticos.
A declaração do ministro foi rechaçada por muitos nas redes sociais. Em seguida, Guedes veio a público se retratar pela comparação de servidores públicos a ‘parasitas’.
Ele pediu desculpas por ter se expressado mal e constatou que sua declaração foi tirada do contexto pela imprensa.
"Eu me expressei muito mal, e peço desculpas não só a meus queridos familiares e amigos, mas a todos os exemplares funcionários públicos a quem descuidadamente eu possa ter ofendido", assumiu o ministro em mensagem de Whatsapp enviada a amigos e jornalistas, de acordo com o portal G1.
Além do Sindipol BA, outras entidades também ingressaram ações contra o ministro da Economia.
As unidades representativas dos auditores federais, estaduais e municipais, por exemplo, protocolaram ação coletiva por danos morais na Justiça Federal. Elas pedem o pagamento de indenização de R$200 mil.
O Governo Federal enviou, no início de setembro, a Reforma Administrativa para análise do Congresso Nacional. Em forma de Proposta de Emenda Constitucional (PEC 32/2020), o texto prevê mudanças para futuros servidores, sobretudo nas formas de contratação e estabilidade.
A Reforma propõe que o regime jurídico único dos servidores seja substituído por cinco novos vínculos empregatícios:
Vínculo de experiência;
Cargo com vínculo por prazo indeterminado (sem estabilidade);
Cargo típico de Estado (com estabilidade);
Vínculo por prazo determinado (temporário);
Cargo de liderança e assessoramento (equivalente aos atuais cargos de confiança).
Conforme a PEC, será criada uma etapa entre as provas de concursos públicos e o ingresso no cargo: o vínculo de experiência. Os candidatos deverão passar por essa etapa prática para que só os melhores avaliados sejam admitidos.
Para os demais cargos que forem realizados concursos, os aprovados poderão ficar no cargo, após o vínculo de experiência, porém sem estabilidade. Isto é, terão mais possibilidades de desligamento do funcionalismo público.
O projeto engloba os três poderes na União, estados e municípios. A exceção é para membros do Poder Judiciário, que são os juízes, desembargadores e ministros, do Poder Legislativo – deputados e senadores – e do Ministério Público, que são promotores e procuradores.
Conforme o Governo Federal, se aprovadas pelo Congresso, as mudanças serão válidas apenas para os futuros servidores. Os atuais funcionários terão seus direitos assegurados.