Ministério da Saúde: Cremerj repudia vaga temporária e cobra concurso

Em resposta à FOLHA DIRIGIDA, Cremerj aponta carência de servidores na rede federal de Saúde do Rio de Janeiro e cobra novo concurso público

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Publicado em:26/05/2020 às 05:00
Atualizado em:26/05/2020 às 05:00

O Ministério da Saúde realiza a contratação de 4.117 profissionais temporários para as unidades federais do Rio de Janeiro. Em nota enviada à FOLHA DIRIGIDA, o Conselho Regional de Medicina do Estado (Cremerj) repudia a abertura de vagas por tempo determinado e cobra concurso para efetivos.

A categoria destaca que a carência de servidores na rede federal foi acentuada pela pandemia do Coronavírus (Covid-19). Quanto a isso, o Cremerj e sindicatos dos profissionais de Saúde cobram a admissão de efetivos para rede, por meio de concursos públicos. [tag_teads]

"O recorrente problema da falta de recursos humanos na rede federal não é de hoje. Mas, foi agravado pela pandemia. O CREMERJ tem cobrado há anos a contratação de médicos e demais profissionais de saúde para a rede, principalmente por meio de concurso público, com salários compatíveis com o mercado e plano de carreira. As contratações temporárias não são atraentes e não garantem segurança profissional", consta em nota enviada à reportagem.

O último concurso para os hospitais federais no Rio de Janeiro foi realizado há dez anos. Sem a reposição regular, há um déficit de 8.243 servidores, de acordo com a Defensoria Pública da União (DPU).

Hospital Federal de Bonsucesso
Hospital Federal de Bonsucesso receberá profissionais temporários
para ações contra o Coronavírus (Foto: Divulgação)


O defensor regional de Direitos Humanos da DPU no Rio, Daniel Macedo, revela ainda a dificuldade de contratar médico, mesmo oferecendo salários atrativos. Uma vez que existe o receio em atuar na linha de frente do Coronavírus sem o devido respaldo e equipamento de proteção.

Para o defensor, “o mais dramático é que o atendimento de algumas especialidades médicas depende exclusivamente da rede federal, nem estado nem município atuam, por exemplo, no tratamento de radioterapia de pacientes oncológicos”. 

A situação, conforme Daniel Macedo, é muito grave. “Uma das maiores violações de direitos humanos já vistas na temática de saúde está em curso no Estado do Rio de Janeiro”.Os hospitais citados são: Hospital Federal de Bonsucesso, Andaraí, Cardoso Fontes, Ipanema, Lagoa e Servidores do Estado.

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Resumo Ministério da Saúde:

  • Órgão: Ministério da Saúde abre vagas para unidades hospitalares do Rio de Janeiro
  • Vagas: 4.117
  • Cargos: atividades de suporte em gestão e manutenção hospitalar (níveis médio e superior); técnico de enfermagem, médico 24h e enfermeiro
  • Requisitos: níveis médio, técnico e superior
  • Salários: R$1.700 a R$11.000
  • Inscrições: 16 a 24 de maio
     

SinMed solicita abertura imediata de novo concurso

O Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro (SinMed) também publicou, no início de abril, uma nota de repúdio sobre o atual cenário dos hospitais federais no estado. No documento, a categoria solicita a “imediata realização de concurso para provimento dos milhares de postos de trabalho abandonados pelo governo”.

Os representantes sindicais apontaram que, mesmo com a precariedade de recursos humanos, as unidades conseguem realizar transplantes e procedimentos de alta complexidade. A partir de profissionais contratados precariamente e sem perspectiva concreta de continuidade.

“São hospitais sucateados, com funcionários envelhecidos porque não há concursos há mais de 30 anos, sacrificados por salários irrisórios e impedidos de se aposentarem, por conta de perderem boa parte dos seus já parcos vencimentos, significando eventual aposentadoria uma condenação à velhice miserável”, constatou o sindicato em nota de repúdio.

No início de abril, o então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta reconheceu a carência e a necessidade de reposição de pessoal nos hospitais federais do Rio. De acordo com ele, as unidades estão “sucateadas de recursos humanos”.

Para Mandetta, o governo federal terá que escolher uma maneira de repor a mão de obra: por concurso público ou processo seletivo para temporários. A atual gestão da pasta ainda não se pronunciou sobre a possível contratação de efetivos.

+ Sem concurso há dez anos, hospitais federais do Rio podem fechar

Ministério da Saúde abre 4 mil vagas temporárias no Rio

No dia 15 de maio, o Ministério da Saúde publicou edital com 4.117 vagas temporárias para atuação em unidades do Rio de Janeiro no combate ao Coronavírus. A oferta é para carreiras dos níveis médio, técnico e superior, com salários de até R$11 mil.

As inscrições puderam ser feitas até domingo, 24. As chances disponíveis são para as seguintes unidades hospitalares federais do Rio de Janeiro: Hospital Federal do Andaraí (HFA); Hospital Federal de Bonsucesso (HFB); Hospital Federal da Lagoa (HFL); Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE).  

Além do Hospital Federal de Ipanema (HFI); Hospital Federal Cardoso Fontes (HFCF); Instituto Nacional de Cardiologia (INC); Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO); e Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA).

seleção para o Ministério da Saúde acontece por meio de análise curricular e os candidatos serão convocados via e-mail cadastrado no ato da inscrição. O contrato de trabalho será de seis meses, podendo ser prorrogado por até dois anos, conforme a situação de calamidade pública provocada pela pandemia da Covid-19.

De acordo com a portaria do Ministério da Economia que autoriza a abertura do processo seletivo, as contratações poderão ser feitas ainda no mês de maio.