Ministério da Saúde: contratados voltam a cobrar anulação de seleção

Em meio à pandemia de Coronavírus, contratados da rede federal voltam às ruas para anular processo seletivo do Ministério da Saúde. Entenda!

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Publicado em:15/12/2020 às 16:15
Atualizado em:15/12/2020 às 16:15

No próximo dia 31 de dezembro, os contratos de 3.592 profissionais temporários, que atuam nos hospitais federais do Estado do Rio de Janeiro, serão encerrados. Para substituir esses contratados, o Ministério da Saúde selecionou 4.117 temporários.

O processo foi aberto em agosto deste ano, mas, desde então, tem gerado debates e críticas por parte dos profissionais que já atuam na rede federal de Saúde do Rio.

Ao longo da seleção, diversas denúncias de irregularidades foram apontadas por contratados e sindicalistas. A principal queixa é de que mais de 90% dos profissionais, atualmente em exercício na rede federal de saúde, foram excluídos do processo seletivo.

Isso porque, embora tivessem experiência comprovada e preenchessem os requisitos exigidos pelo edital, não conseguiram pontuar ou se classificar.

"O objetivo do governo, ao desclassificar profissionais de comprovada competência e experiência, é forjar uma demissão em massa a partir do próximo dia 1º de janeiro de 2021, o que vai instalar o mais absoluto caos e desassistência em toda a rede de hospitais e institutos federais do Rio", afirmou a direção regional do Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde e Previdência no Estado do Rio (Sindsprev RJ), Cristiane Gerardo.

Outro erro foi apontado por sindicalistas à Folha Dirigida. Em setembro, foi constatado que o coordenador-geral de Gestão de Pessoas do Ministério da Saúde, Ademir Lapa, estava na lista de pré-aprovados no processo.

Em resposta, o Ministério da Saúde confirmou que o nome do coordenador saiu na lista devido aos testes que foram realizados. No entanto, a pasta informou que estava realizando uma limpeza na base de dados e que iria corrigir o erro.

Na última semana, a deputada Enfermeira Rejane foi ao plenário da Assembleia Legislativa (Alerj) ressaltar os erros praticados ao longo do processo seletivo do Ministério da Saúde.

"Há local que vai fechar, interrompendo o serviço, como no Hospital da Lagoa. O laboratório do Hospital da Lagoa não tem ninguém para repor, nenhum funcionário que participou do concurso público. Foi um processo seletivo, na realidade, e não entrou ninguém. O Ministério da Saúde vai tirar 4 mil trabalhadores que são contratados há dez anos e colocar outros, novatos, que não foram treinados. Para alguns serviços não há trabalhador", disse a deputada.

Em mais uma tentativa de anular a seleção, profissionais contratados da rede federal de saúde do Rio voltam às ruas na próxima quarta-feira, 16. A manifestação será em frente ao prédio da Superintendência Estadual do Ministério da Saúde (antigo Nerj), na rua México, 128, a partir das 10h.

Protesto pede anulação do processo seletivo do Ministério da Saúde (Foto: Mayara Alves)
Protesto pede anulação do processo seletivo
do Ministério da Saúde (Foto: Mayara Alves)

Mais de 500 já foram convocados

Folha Dirigida questionou o Ministério da Saúde sobre as denúncias feitas pelos profissionais e sindicalistas da rede federal de Saúde do Rio. Em nota, a pasta informou que o processo seletivo foi realizado "em total alinhamento à legislação vigente".

"Garantindo, assim, princípios legais de isonomia, impessoalidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes são correlatos dando total lisura do processo", disse o MS.

Sobre as convocações realizadas até o momento, a pasta informou que 525 profissionais selecionados por meio do edital já iniciaram o trabalho neste mês.

"Garantindo um eficiente processo de transição para que não haja prejuízo no atendimento à população - uma vez que os contratos dos profissionais em vigência foram prorrogados até 31 de dezembro de 2020", finalizou.

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Ministério da Saúde teve mais de 40 mil inscritos

O processo seletivo do Ministério da Saúde atraiu mais de 40 mil candidatos. Desse total, 40.042 foram para a ampla concorrência e 4.029 para as vagas destinadas aos profissionais com deficiência. 

A área de Enfermagem teve a maior busca entre os cargos, sendo 8.388 inscritos no posto de enfermeiro e 10.602 para a função de técnico de enfermagem.

Confira a tabela de vagas e cargos do Ministério da Saúde
Cargos Escolaridade Vagas
Médico  Nível superior 1.137
Enfermeiro Nível superior 996
Atividades de gestão e manutenção hospitalar Nível superior 604
Técnico de enfermagem Nível médio/técnico 865
Atividades de gestão e manutenção hospitalar Nível médio 515

 

A seleção dos candidatos foi realizada por meio da análise curricular. Os selecionados atuarão nos hospitais federais do Rio de Janeiro, com remunerações que podem chegar a R$11 mil. Os contratos terão duração de seis meses.