MP para chamar temporários não burla concurso INSS, diz secretário
Secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Bruno Bianco, diz que contratar temporários não burla concurso INSS
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Publicado em:03/03/2020 às 08:25
Atualizado em:03/03/2020 às 08:25
Na última segunda, dia 2, após ser divulgada a Medida Provisória que permitirá a contratação de aposentados temporários para o INSS, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, disse que a medida não burla a realização de concursos.
Em entrevista coletiva concedida no Ministério da Economia, ele defendeu que o Governo não tem a intenção de acabar com as contratações efetivas, mas quer ter mecanismos para lidar com situações excepcionais.
Também alertou que as contratações temporárias devem ser usadas com cautela. Bianco defende a medida como uma alternativa emergencial.
“Relevante e urgente (a MP 922/2020), para que possamos ter mecanismos na administração pública para fazer frente a uma situação de arrocho fiscal.”
Ou seja, enquanto o concurso INSS não é autorizado por questões orçamentárias, a contratação dos temporários é alternativa.
O secretário ainda disse que a MP não flexibiliza a contratação temporária, mas deixa bem claro que é destinada a situações excepcionais, como o caso do INSS. Em declaração publicada pela Uol, ele afirma:
“A MP está dizendo, de maneira clara: se não houver caráter excepcional, haverá concurso público.”
O Governo Federal espera regularizar a situação da fila no INSS até outubro com a contratação dos aposentados em caráter temporário. Ainda não foi confirmado, contudo, se a abertura de um concurso para efetivos será considerada depois disso.
O novo presidente do Instituto, Leonardo Rolim, acredita que a situação volte ao patamar de normalidade no ano que vem.
“Nessa velocidade que a gente vai reduzindo, a gente precisaria de algo em torno de um ano para alcançar ao objetivo, que é voltar ao patamar anterior a 2013: com a média de 20, 25 dias. Que, entendo eu, é a ideal. Hoje está na casa de um pouco mais de 80 dias (a análise de pedidos).”
Edital de chamamento sai até o dia 20 de março
Segundo informações divulgadas pela EBC nesta terça-feira, 3, o governo federal deve publicar o edital com as regras da contratação de profissionais temporários até o próximo dia 20. Será um processo seletivo simplificado
O objetivo é acelerar a análise e a concessão de benefícios no INSS com a contratação de cerca de 8 mil servidores públicos já aposentados ou militares da reserva. Os profissionais devem começar os treinamentos em abril.
A MP publicada no dia 2 de março regulamenta a lei que já existia e altera alguns dispositivos relacionados às contratações por tempo determinado, incluindo a possibilidade de serem chamados servidores aposentados. Mas somente no edital os interessados terão acesso às regras e mais informações sobre o processo seletivo.
Os contratos temporários terão duração máxima de dois anos. As remunerações vão variar entre cerca de R$2.100 e R$4.200, mas não serão incorporadas à aposentadoria, nem poderão gerar benefícios previdenciários.
Só poderão se candidatar a essas vagas quem se aposentou até o dia 28 de fevereiro deste ano. Segundo informações da Uol, as inscrições serão realizadas entre 23 e 29 de março. O resultado sai no dia 2 de abril e os trabalhos começam a partir do dia 13.
Os reservistas das forças armadas vão atuar no atendimento nas agências. Já os aposentados ficarão responsáveis por atividades de apoio e central de recursos ou atuarão na análise de processos.
Sem concurso INSS, autarquia tem milhares de cargos vagos
O INSS não divulgou o número exato de cargos efetivos vagos que possui atualmente, mas segundo informações de sindicalistas o déficit é de cerca de 20 mil. Isso porque o último concurso não está mais vigente, de modo que não podem ser contratados novos servidores até um novo edital ser autorizado.
Paralelamente, também houve uma explosão no número de pedidos de análise de benefícios nos últimos anos, ocasionada por diversos fatores que vão desde a Reforma da Previdência, até a digitalização de serviços do INSS.
Com pouca mão de obra, a autarquia acabou acumulando milhões de processos e agora tenta sanar o problema com a chamada dos aposentados e reservistas. Apesar disso, há diversos especialistas que garantem que a contratação de pessoal efetivo é necessária.
Vale lembrar que o INSS também sofre pressão de outros órgãos para regularizar sua situação. Corre na Justiça do Distrito Federal uma Ação Movida pelo MPF pedindo contratações temporárias. O TRF2 também determinou, recentemente, a reposição de pessoal.
Para abrir concurso, o INSS precisa de autorização do Ministério da Economia. O último pedido encaminhado solicitava mais de 7 mil vagas em cargos de níveis médio e superior:
Técnico
Analista
Médico Perito
- Escolaridade: nível médio - Nº de vagas: 3.984 - Remuneração: R$5.186,79
- Escolaridade: nível superior - Nº de vagas: 1.692 vagas - Remuneração: R$R$7.659,87
- Escolaridade: nível superior em Medicina - Nº de vagas: 2.212 - Remuneração: R$12.683,79
O Ministério da Economia não divulga informações sobre a tramitação de pedidos de concursos federais. Por isso, não se sabe como está a tramitação da análise do requerimento do INSS e de outros órgãos da União.
O que se sabe, até o momento, é que ainda não há previsão para ser autorizado. Os últimos concursos do Instituto foram realizados em 2011 e 2015, ambos com prazo de validade já encerrado.