No varejo, elas dominam; na Engenharia, ainda lutam por espaço
Mulheres lutam por espaços na Engenharia e nas áreas de pesquisa e desenvolvimento e, por outro lado, lideram cargos de liderança no varejo.
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Publicado em:03/03/2021 às 16:00
Atualizado em:03/03/2021 às 16:00
As diferenças entre homens e mulheres no mercado de trabalho ainda é um desafio muito presente em nossa sociedade. Quando olhamos para determinados segmentos, como o de Engenharia, essa desigualdade fica ainda mais em evidência.
Um levantamento feito pelo Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) aponta que, dos quase 980 mil profissionais registrados no órgão, apenas 183.218são mulheres, o que representa menos de 20% do total.
Os dados são alarmantes, mas segundo estudiosos, esse número já foi pior e a tendência é de crescimento. De acordo com o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de São Paulo (CREA SP), a presença feminina dobrou entre 2016 e 2020.
A Engenharia faz parte das STEM, sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática, áreas que estão entre as que menos contratam e formam mulheres.
Pelo mundo, de acordo com dados da Unesco, as mulheres correspondem a menos de um terço dos contratados nas áreas de pesquisa e desenvolvimento. Nos Estados Unidos, apenas 20% dos formados em Engenharia são mulheres.
Segundo estudo da Cátedra Unesco Mulher, Ciência e Tecnologia na América Latina, divulgado em 2018, foi visto que nove a cada dez meninas entre seis e oito anos acham que a Engenharia "é coisa de menino". Em processos seletivos de Engenharia Metalúrgica, por exemplo, os homens atingem a marca de ser 90% dos envolvidos.
Mulheres ainda não minoria na área de Engenharia
(Foto: Getty Images)
Varejo apresenta forte presença de mulheres em cargos de liderança
Indo na contramão do que acontece na área de Engenharia, o setor de varejo tem presença dominante de mulheres em cargos de liderança. De acordo com a Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), quase 94% da equipe é composta por mulheres; somente a liderança é formada por 85% delas.
Para Keila Prates, superintendente da Asserj, os números são naturais para um ambiente de trabalho onde a igualdade de gênero prevalece.
"Temos orgulho de sermos a maioria, vemos que a cada ano nossa presença no mercado de trabalho aumenta. E isso solidifica a nossa capacidade e empoderamento. Somos fortes e estamos aptas a ocupar qualquer cargo. Trabalhamos isso constantemente com nosso time."
O presidente, Fábio Queiróz, se sente lisonjeado dos números e espera que outras empresas sigam o mesmo exemplo.
"É uma honra ter todas essas mulheres em nossa equipe, e vemos o quão são excelentes em tudo que fazem. Não vemos ninguém com diferença aqui. Todos são avaliados pela sua capacidade", comenta Queiróz.
Já para a gerente de RH da associação, Fabiane Borges, esta é uma tendência que será vista com maior frequência nas empresas.
"Há a necessidade de mais medidas práticas dentro das empresas que ajudem a vencer barreiras de gênero e promovam uma cultura inclusiva em todos os âmbitos das empresas, a começar pelo incentivo das altas lideranças, que precisam estar comprometidas com essa política", avalia.