Para Guedes, novo programa de renda depende de corte em servidores

De acordo com ministro da Economia, novos programas de transferência de renda dependeriam de contenção de reajustes para servidores

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Publicado em:13/11/2020 às 18:20
Atualizado em:13/11/2020 às 18:20

Com o fim do auxílio emergencial, o Governo Federal prepara novos programas de transferência de renda, como Renda Brasil e Renda Cidadã. A ideia é que o novo programa inclua beneficiários além do Bolsa Família.

De acordo com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para ampliar esses programas de transferência de renda será necessária contenção de reajustes automáticos para os servidores. O que pode depender da aprovação de reformas como a PEC Emergencial e a PEC dos gatilhos.

A PEC Emergencial, por exemplo, impediria o crescimento de despesas e permitiria o corte de 25% de salário e jornada de servidores. 

Segundo Guedes, a Reforma Administrativa não teria o mesmo efeito porque, inicialmente, os efeitos seriam válidos apenas para os futuros servidores. O que não geraria a economia no presente, necessária para viabilizar os novos programas.

Paulo Guedes informou que os dados apontam que o governo economizou mais de R$150 bilhões com o congelamento de salários em 2020 e 2021 (R$97 bilhões nos estados e R$68 bi na União).

O que representa pouco menos da metade do impacto da Reforma Administrativa (R$400 bi). As informações são do jornal Folha de São Paulo.

Governo Federal trabalha na ampliação de programas de transferência de renda
Governo Federal trabalha na ampliação de programas de transferência
de renda (Foto: Agência Brasil)

Diante dessa posição do ministro Guedes, a Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco) emitiu uma nota de repúdio sobre a necessidade do corte da jornada de trabalho e de salário dos servidores públicos para implementação de um programa de transferência de renda.

Segundo a Fenafisco, existem inúmeras formas de arrecadação para o Estado que poderiam financiar o gasto com o necessário programa social.

“Sabemos da urgência e defendemos a união de esforços para viabilizar um amplo e vigoroso programa de renda básica capaz de enfrentar esse momento de crise e impulsionar a economia, mas também sabemos que os super-ricos brasileiros não contribuem com o pagamento de impostos de forma compatível com a capacidade contributiva de que dispõem”.

Fenafisco aponta formas de arrecadação para novo programa

A Fenafisco afirmou que a criação de alíquotas de imposto de renda para pessoas físicas que recebem as mais altas rendas permitiria, por si só, incremento de R$158 bilhões ao ano.

“O valor é suficiente para aumentar em cinco vezes o Bolsa Família, ampliando o alcance desse importante programa para dezenas de milhões de brasileiros que continuam desassistidos por políticas sociais”.

Segundo a Fenafisco, afirmar que os servidores são os responsáveis pelo rombo fiscal é ignorar o esforço diário e a importância dos funcionários públicos para a manutenção dos serviços essenciais do país.

“Ao propor a redução de 25% da jornada de trabalho e salário dos servidores, como previsto na PEC Emergencial, o governo não leva em consideração a redução da arrecadação pelos órgãos do governo e muito menos os efeitos nocivos aos mais pobres, que dependem do serviço e dos servidores públicos para ter um atendimento decente”.

Em nota, a Fenafisco apontou: “Mais uma vez, o ministro da Economia aponta suas armas para os servidores e ignora os super-ricos, que não contribuem com o país como manda a Constituição. Penalizar o serviço e os servidores públicos é uma penalização à população”.

Reajustes salariais de servidores estão congelados até 2021

O presidente Jair Bolsonaro sancionou a Lei Complementar 173/2020 que prevê o auxílio aos estados e municípios.

Uma das contrapartidas para os entes federativos receberem o auxílio é congelamento de salários dos servidores até dezembro de 2021. Ao passar pelo Senado, o projeto de lei havia recebido a proposta de excluir do congelamento salarial categorias como da Saúde, das Forças Armadas e:

  • Educação Pública;
  • Carreiras periciais;
  • Polícia Federal;
  • Polícia Rodoviária Federal;
  • Guarda Municipal;
  • Agentes socioeducativos; e
  • Profissionais de limpeza urbana, de serviços funerários e da Assistência Social.

A Câmara dos Deputados, por sua vez, decidiu pela manutenção do veto do presidente Jair Bolsonaro, que proíbe, até dezembro de 2021, o reajuste do salário dos servidores públicos que estão na linha de frente da pandemia de Coronavírus.