O que a pandemia de Coronavírus nos ensina sobre o serviço público
Como as instituições e servidores público têm se mostrado essenciais durante a pandemia de Coronavírus no Brasil.
Autor:
Publicado em:20/05/2020 às 07:05
Atualizado em:20/05/2020 às 07:05
A pandemia de Coronavírus acendeu um alerta mundial sobre a importância da saúde pública. No Brasil não é diferente, no entanto, outro fator também pode ser evidenciado: a relação fundamental entre os serviços e instituições públicas para com a sociedade.
Coube ao Estado tomar a maioria das ações necessárias para o combate ao vírus, e isto vem muito através das instituições públicas e seus servidores.
Enquanto a orientação para a maioria da população é permanecer em casa para evitar a propagação da doença, os trabalhadores de serviços essenciais, boa parte deles servidores, precisam seguir e, muitas vezes, intensificarem suas rotinas de trabalho.
Desde os profissionais de Saúde, que lutam bravamente na linha de frente em combate à Covid-19, até os garis - que evitam o caos sanitário nas cidades, são todos peças fundamentais para que o país possa continuar funcionando.
Muitos deles também integram o quadro funcional de instituições e órgãos, como a Fiocruz, universidades públicas e hospitais, que assumiram as frentes de pesquisa, desenvolvimento de medidas de enfrentamento da Covid-19 e cuidados médicos em geral à populção.
Já parou para pensar em como estaria nossa vida, agora, sem esses profissionais? Então, o que a pandemia nos mostra sobre o serviço e as instituições públicas?
FOLHA DIRIGIDA fez um panorama de ações e responsabilidades do serviço público fundamentais em tempos de pandemia.
Universidades públicas são destaque em pesquisa
Em tempos de Coranavírus, as universidades públicas têm se destacado no desenvolvimento e pesquisa. De acordo com dados da Agência Brasil,universidades federais conduzem pelo menos 823 pesquisas relacionadas ao novo Coronavírus.
Além disso, há pelo menos 96 ações de produção de álcool e produtos sanitizantes e 104 ações de produção de equipamentos de proteção individual, como protetores faciais, máscaras de pano e aventais.
O balanço foi divulgado pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), no dia 11 de maio, e envolveu 46 das 67 instituições federais.
Ainda conforme a Andifes, as universidades foram responsáveis, até o momento, pela produção de mais de 990 mil litros de álcool gel, mais de 910 mil litros de álcool líquido e mais de 160 mil protetores faciais.
Há também pelo menos 53 ações de testagem para o novo Coronavírus, responsáveis pela realização de 2,6 mil testes por dia. Nos hospitais universitários, as instituições disponibilizaram mais de 2,2 mil leitos normais e quase 500 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI).
Segundo presidente da Andifes, João Carlos da Silva,as universidades públicas, assim como o SUS, têm tido as respostas mais eficazes nesse momento.
"Evidentemente, estão dando respostas com as condições que têm. Estamos sofrendo uma defasagem orçamentária que se não houvesse permitiria respostas mais robustas das universidades. Acho que as universidades estão enfrentando isso com seriedade imensa e é isso que esses números apresentam”, ressaltou.
Ministério da Saúde concentra atendimentos no SUS
O Ministério da Saúde pode ser o mais óbvio órgão quando se pensa numa pandemia. Está sob sua responsabilidade o Sistema Único de Saúde (SUS).
Um dos maiores sistemas públicos de saúde do mundo, o SUS abrange desde simples a complexos atendimentos médicos de forma gratuita para toda a população do país. [tag_teads]
Passando dos 418 mil casos confirmados de Covid-19 no Brasil, conforme dados de 28 de maio, é o SUS atualmente que concentra a maior parte de atendimentos e internações.
De acordo com dados do Ministério da Saúde de 18 de maio, 39% dos pacientes já se recuperaram da doença, enquanto 54% estão em acompanhamento.
Médicos, enfermeiros, técnicos e muitos outros profissionais seguem dia a dia nesta verdadeira batalha contra o vírus. Apesar dos esforços de seus servidores, o Ministério da Saúde sofre com um alto déficit, evidenciado ainda mais nesta época de pandemia.
Segundo dados da Defensoria Pública da União (DPU), há uma carência de mais de 8.243 profissionais. Com foco no enfrentamento ao novo Coronavírus, o Ministério da Saúde divulgou edital para preenchimento de 4.117 vagas temporárias.
As oportunidades são para os níveis médio e superior. As inscrições foram recebidas até o dia 24 de maio, pelo site do Nerj.
Estes profissionais serão selecionados para reforçar os quadros das unidades hospitalares federais do Rio de Janeiro:
Hospital Federal do Andaraí (HFA);
Hospital Federal de Bonsucesso (HFB);
Hospital Federal da Lagoa (HFL);
Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE);
Hospital Federal de Ipanema (HFI);
Hospital Federal Cardoso Fontes (HFCF);
Instituto Nacional de Cardiologia (INC);
Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO); e
Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA).
A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares também teve edital divulgado. No caso da Ebserh, são oferecidas vagas para técnicos e profissionais de níveis superior em diferentes cargos (veja a lista).
As oportunidades estão distribuídas por unidades hospitalares em 22 estados, além do Distrito Federal. O período de inscrições já está aberto e segue até as 22h, do dia 4 de junho, pelo site da Ebserh. Não é cobrada taxa.
Fiocruz já produziu 1,5 milhão de testes
Com sede na cidade do Rio de Janeiro, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é reconhecida por seu pioneirismo em pesquisa. Inaugurada originalmente para fabricar soros e vacinas contra a peste bubônica, a instituição passou por uma intensa trajetória que se confunde com o próprio desenvolvimento da saúde pública no país.
Foi responsável, por exemplo, pela reforma sanitária que erradicou a epidemia de peste bubônica e a febre amarela da cidade do Rio.
Também foi peça chave para a criação do Departamento Nacional de Saúde Pública, em 1920. Desde então, contribuiu para os avanços sanitários, biológicos e na saúde, como o isolamento do vírus HIV pela primeira vez na América Latina.
Nos dias de hoje atua em diversas frentes contra o Coronavírus, sendo responsável por:
ações de apoio a populações vulneráveis;
produção de mais de 1,5 milhão de kits para diagnóstico da Covid-19
desenvolvimento de análises integradas, tecnologias e soluções para enfrentamento da pandemia pelo SUS e a sociedade brasileira.
Com foco na pandemia, abriu recentemente 1.172 vagas para profissionais de saúde de forma temporária. Os selecionados irão atuar no novo Centro Hospitalar para a pandemia da Covid-19, Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF).
Também no Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria e ao Centro de Referência Professor Helio Fraga, da Escola Nacional de Saúde Pública, além da Coordenação de Saúde do Trabalhador da Fiocruz.
Seu quadro de efetivos é formado por servidores como pesquisadores e técnicos, selecionados por meio de concursos públicos.
Uma companhia de limpeza urbana pode não ser o primeiro pensamento que vem a cabeça quando se fala em enfrentamento de uma epidemia. No entanto, seus serviços são essenciais em qualquer época. Imagine então em meio a uma crise de saúde pública?
São elas as responsáveis pela manutenção dos padrões sanitários e de higiene nas cidades brasileiras, medidas fundamentais para impedir a propagação do Coronavírus e diversas outras doenças.
No Rio de Janeiro, por exemplo, este trabalho é responsabilidade da Comlurb. Neste período de pandemia, mesmo com os riscos de contaminação, os garis da Comlurb seguem desempenhando sua função dia após dia.
Além do trabalho de coleta e limpeza de vias públicas, eles também atuam em limpezas hospitalares.
Ainda aos profissionais das companhias de limpeza foram atribuídas atividades como a sanitização de ruas e locais públicos, com objetivo de prevenção à propagação da Covid-19. A Companhia de Limpeza de Niterói-RJ, por exemplo, é uma que já realiza esta tarefa.
Independentemente de qual cenário está o país, a área da Segurança Pública não pode parar. Formada pelas policiais civis, militares, bombeiros, guardas municipais e sistema penitenciário, os servidores das forças de segurança fazem parte do grupo dos que precisam continuar de forma integral suas atividades.
Em tempos de pandemia, os desafios dos profissionais da área de Segurança, que normalmente já são diversos, podem se intensificar com base nas medidas adotadas em cada estado.
Policiais e guardas, por exemplo, foram deslocados para garantir o cumprimento das medidas de isolamento social, decretadas por governadores e prefeitos em diversas regiões do Brasil.
Além de, em alguns casos, auxiliarem o estado na entrega de cestas básicas à população carente e reforçarem a segurança em hospitais públicos.
As áreas Judiciária, Assistencial, os Correios, profissionais de bancos públicos, como a Caixa, e muitos outros também seguem com sua atuação para garantir o atendimento à população.