Governo anunciará quatro grandes privatizações em 90 dias, diz Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou no último domingo, 5, que o governo prepara quatro grandes privatizações em 90 dias.

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Publicado em:06/07/2020 às 12:30
Atualizado em:06/07/2020 às 12:30

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o Governo Federal vai anunciar quatro grandes privatizações em até 90 dias. A declaração foi dada no último domingo, 5, durante entrevista à CNN Brasil.

Segundo o ministro, os planos para as quatro privatizações serão divulgados em um período de "30, 60 a 90 dias". Já os nomes das estatais serão anunciados em breve, conforme Guedes.

Durante a entrevista, ele mencionou apenas que "há muito valor escondido debaixo das estatais".

"As subsidiárias da Caixa são um bom exemplo. Ali, há R$30 bilhões, R$40 bilhões ou R$50 bilhões em um IPO (oferta primária de ações) grande", disse. 

Além das subsidiárias, outra empresa citada pelo ministro foi os Correios. No entanto, em sua fala, Guedes também deixou claro que, se pudesse, a privatização ocorreria com todas as estatais.

"Está na lista seguramente, só não vou falar quando (será a privatização). Eu gostaria de privatizar todas as estatais", disse o ministro.

Na entrevista à CNN, Guedes afirmou que o ritmo das privatizações está mais lento que o esperado. "Estamos atrasados sim, não tenho problema de admitir. Tenho de fazer um mea culpa de que elas não andaram no ritmo adequado", disse.

Guedes diz que governo anunciará quatro grandes privatizações (Foto: Jose Cruz/Agência Brasil)
Guedes diz que governo anunciará quatro grandes privatizações
(Foto: Jose Cruz/Agência Brasil)

 

Na semana passada, o secretário de desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, anunciou que o governo quer privatizar pelo menos 12 estatais. O processo, no entanto, ocorreria no ano que vem.

Entre as empresas previstas para 2021 estão: Correios, Eletrobras, CBTU, Serpro, Dataprev e Telebrás. Porém, para essa venda acontecer, o governo precisará do aval do Congresso Nacional.

Por isso, é possível que as próximas privatizações tenham as subsidiárias de grandes estatais na mira do governo. Isso porque, em junho de 2019, o STF permitiu que o governo privatize subsidiárias sem o aval do Legislativo. 

Secretário descarta, mas BB está na mira

Em fevereiro, o secretário Salim Mattar falou sobre as estatais que serão privatizadas pelo Governo Federal. Segundo ele, Petrobras, Caixa Econômica e Banco do Brasil não estão nos planos de privatização.

"Temos um universo de empresas. No site do Ministério da Fazenda, há 698 ativos empresariais listados. Com certeza, a Caixa, o Banco do Brasil e a Petrobras não estão nos planos de privatização neste governo. Não está dentro do nosso mandato. Vamos vender tudo o que é possível e deixar essas três para o final, talvez o próximo governo", afirmou.

A declaração foi dada durante o evento CEO Conference Brasil 2020 promovido pelo banco BTG Pactual. Ainda em relação à privatização, o secretário falou sobre a Casa da Moeda e os Correios.

"Há mais interessados estrangeiros que brasileiros", disse Mattar, afirmando ainda que o termômetro será melhor quando a privatização dessas empresas começar.

Ainda durante o evento, Mattar afirmou que a Eletrobras será privatizada ainda este ano. Neste caso, o governo estaria prestes a decidir qual será o modelo de capitalização. Segundo o secretário, há aliados no Senado e na Câmara dos Deputados.

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Apesar das declarações do secretário, o desejo de privatizar o Banco do Brasil foi exposto pelo próprio ministro Paulo Guedes, durante a reunião ministerial citada pelo ex-ministro Sergio Moro.

Na ocasião, Guedes defendeu a venda do BB diante do presidente Jair Bolsonaro, ministros e do próprio presidente do banco, Rubem Novaes.

"Vamos vender logo a p... do Banco do Brasil", disse.

Para o ministro, o ME tem medidas para fornecer créditos às instituições financeiras, mas isso não tem chegado às empresas. Além disso, segundo Paulo Guedes, o BB é o que "deveria puxar a fila", por ter o governo como maior acionista.

Outra crítica de Paulo Guedes ao Banco do Brasil é o atraso da instituição na corrida tecnológica em relação aos demais bancos. Na presidência do banco, Guedes tem o apoio de Novaes.

Em junho, durante sua participação na comissão mista da Covid-19 do Congresso, o presidente do BB deixou clara, mais uma vez, a sua vontade em privatizar a estatal.

"Essas transformações, que serão necessárias, serão feitas de maneira pouco adequada, se nós continuarmos presos às amarras do setor público. É pensando no benefício do banco que falo em privatização", concluiu.

Atualmente, o Banco do Brasil prepara o edital do seu próximo concurso para o cargo de escriturário. O documento já está em elaboração e segue confirmado. A publicação chegou a estar prevista para março, mas, em virtude da pandemia do Coronavírus, foi adiada.

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Saiba como funciona o pacote de privatização do governo

Em agosto de 2019, o Governo Federal divulgou a lista de estatais que poderão ser privatizadas nos próximos anos. Mesmo diante da iniciativa, o plano de privatização ainda terá que ser analisado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A ideia é que seja feito um estudo pelo BNDES para saber as empresas que estarão em condições de serem negociadas com o setor privado. Com a medida, o governo estima arrecadar até R$2 trilhões em investimentos.

As privatizações afetam diretamente o serviço público e quem atua nele. Em algumas estatais, por exemplo, havia a necessidade de novos concursos para suprir o déficit de pessoal. Na lista apresentado pelo governo estão:

  • Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF)
  • Empresa Gestora de Ativos (Emgea)
  • Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro)
  • Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev)
  • Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp)
  • Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp)
  • Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec)
  • Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios)
  • Telecomunicações Brasileiras S/A (Telebrás)

Além dessas, outras empresas já estavam no pacote de privatização desde a época do ex-presidente Michel Temer. São elas:

  • Eletrobrás - Centrais Elétricas Brasileiras S.A.
  • Casa da Moeda do Brasil
  • Loteria Instantânea Exclusiva (Lotex)
  • Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU)
  • Empresa de Trens Urbanos de Porto Alegre S.A. (Trebsurb)
  • Centrais de Abastecimentos de Minas Gerais (Ceasaminas)
  • Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa)

Durante o anúncio no ano passado, representantes do governo também anunciaram que, após o estudo realizado pelo BNDES, o executivo decidirá entre a privatização total da empresa, venda de parte das ações, mantendo ou não o controle da estatal, ou até mesmo pela não privatização.